Acidente na BR-153 às vésperas da visita de Lula escancara o problema das rodovias brasileiras

16 julho 2025 às 13h29

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Na manhã desta quarta-feira, 16, cinco pessoas morreram em um acidente trágico na BR-153 em Porangatu, os cinco estudantes universitários da Universidade Federal do Pará (UFPA) estavam a caminho de Goiânia para participar do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula (PT).
Conhecida como “Rodovia da Morte”, a BR-153 continua como uma das rodovias com as mais altas taxas de mortalidade do País. Enquanto isso, investimentos que deveriam ser aplicados em projetos que visam segurança viária, mas que não trazem retorno no capital, são postergados ou colocados a longo prazo, ao passo que novos pedágios são anunciados periodicamente.
Ao mesmo tempo, os contribuintes pagam caro com os impostos e pedágios sobre as viagens terrestres, que parecem não levar em investimentos de melhorias ao serviço de mobilidade.
Em 2019, há seis anos, o então ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou em duplicar o trecho da rodovia em Porangatu a partir de 2021. Um ano depois, a rodovia foi concedida para a Ecovias Araguaia que ficou a cargo de fazer a manutenção e cumprir os projetos de duplicação das vias definidas pelo Palácio.
No início de julho, o Jornal Opção noticiou que a esperada ampliação do trecho de Porangatu deve ficar para a partir do ano de 2031, no 10º ano do contrato entre a empresa e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Enquanto isso, a prefeita da cidade, Vanuza Valadares (UB), reafirmou a necessidade da duplicação em entrevista com a equipe de reportagem, contudo, as suas possíveis críticas à gerência da empresa e um eventual compromisso com o adiantamento do projeto foram tímidas.
A pergunta que fica é “quantas pessoas devem morrer até que o Brasil leve a sério a mobilidade?”
Infelizmente, acidentes de trânsito em rodovias federais e estaduais são extremamente comuns, ao passo que o país falta de uma terceira opção viável ao transporte público, como uma malha ferroviária de transporte de passageiros. A dependência no Brasil em grandes rodovias — e por conseguinte ao petróleo usado na construção e no abastecimento dos veículos — fragiliza a sustentabilidade econômica e deixa a mobilidade do País às traças, tendo em vista que o aumento ou diminuição do produto desencadeiam efeitos na balança de preços de diversos setores.
Outro caso trágico que envolve o negligenciamento da fiscalização é a queda da ponte da ponte da BR-226, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), em dezembro de 2024, que acometeu 17 vítimas que faziam a travessia. Se não bastasse, foi revelado que a saúde estrutural da ponte era um assunto contencioso entre a população de ambos os municípios que temiam pelo desabamento.
Apesar de ser do controle direto da União, a negligência da fiscalização e do protagonismo público remonta um cenário de desamparo perante possíveis tragédias que poderiam ser evitadas.
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