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A chamada Abin Paralela — da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — espionou, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), quando presidente da República, quase 1,8 mil celulares de fevereiro de 2019 a abril de 2021. A informação consta do relatório da Polícia Federal — sem sigilo judicial desde quarta-feira, 18, depois da liberação do Supremo Tribunal Federal.

A Abin Paralela espionou adversários de Jair Bolsonaro — parlamentares, jornalistas e integrantes do Judiciário. Entre os aliados espionados aparece o nome do deputado federal Gustavo Gayer (PL), um dos grandes companheiros do bolsonarismo em Goiás e Brasília. O bolsonarismo teria desconfiado de sua “lealdade” em algum momento? Não se sabe.

O software usado pela Abin Paralela rastreia celulares, operando com base em suas vulnerabilidades, notadamente nas redes de telefonia 2G e 3G no Brasil. Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, ministros do Supremo Tribunal Federal, foram monitorado pelos “watergatenianos” do bolsonarismo.

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Carlos e Jair Bolsonaro: supostos beneficiários da Abin Paralela | Foto: Divulgação

Lista mínima de parlamentares monitorados: Renan Calheiros (MDB), Omar Aziz (PSD), Gustavo Gayer (PL), Kim Kataguiri (União), Evair Vieira de Melo (PP) e João Campos (PSB, mais tarde eleito prefeito de Recife). O bolsonarismo parece que não confiava em alguns aliados, como o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e sua mulher, Analine Castro, pois ambos foram investigados ilegalmente.

O governo de Jair Bolsonaro comprou o sistema usado para buscas e monitoramento sem licitação, por 5,7 milhões de reais.

A investigação da Polícia Federal constatou também que a Abin Paralela fez consultas ilegais de geolocalização. Rodrigo Maia, quando presidente da Câmara dos Deputados, e Joice Hasselmann, quando deputada federal, foram seguidos fisicamente. (E.F.B.)