Abin criou gabinete com contato direto a Bolsonaro, diz agente

27 maio 2025 às 19h19

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A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) criou um gabinete no Palácio do Planalto que não passava pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e tinha uma linha direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi dada pelo agente Cristian Schneider durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Schneider, sob o comando de Ramagem, a agência teria criado o canal direto. “Pela minha experiência profissional, a primeira vez onde a Abin teve salas no Palácio do Planalto foi no último governo, no caso governo Bolsonaro.”
“No caso de Ramagem quanto de seu sucessor, Vitor Felismino Carneiro, não foram escolhas do general Heleno, foram escolhas do presidente da República. Tinham contato direto com presidente, não precisavam passar pelo ministro”, continuou.
De acordo com a Procuradoria-geral da República (PGR), a Abin teria montado uma estrutura paralela no governo Bolsonaro. O grupo atuava na rodução e difusão de dossiês para atacar inimigos de Bolsonaro e endossar teses e discursos contra o sistema eleitoral.
De acordo com o agente, a Abin não estava preocupada com as urnas. “Nosso trabalho era identificar obstáculos que poderiam ocorrer de eventos críticos, por exemplo, uma obstrução de estrada, protestos que pudessem levar a uma obstrução. São exemplos críticos que poderiam interferir ao bom andamento do processo eleitoral como um todo.”
Schneider atua na Abin há cerca de 30 anos. Ele foi coordenador-geral e Relações Institucionais e Comunicação. Ele afirmou, também, que a sala funcionava no segundo andar do palácio e que Ramagem passava dias no Palácio discutindo assuntos da agência e despachando com o então presidente.
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