A pedido de Pedro Paulo, Comissão Eleitoral da OAB proíbe menções à Operação Passando a Limpo
02 novembro 2021 às 10h22

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Liminar manda que advogada Ariana Garcia retire do ar postagens em que relaciona o candidato a presidente da OAB-GO à operação da Polícia Federal que investigou venda de aprovações no exame da OAB em 2007
A presidente da Comissão da Mulher Advogada, Ariana Garcia, foi obrigada a apagar postagens em suas redes sociais em que fazia menção que ligam o nome de Pedro Paulo – candidato a presidente da chapa Muda OAB – a Operação Passando a Limpo, da Polícia Federal, ocorrida em 2007. A decisão é da Comissão Eleitoral da Ordem, que concedeu liminar a pedido do candidato.
A julgadora da Comissão Eleitoral da OAB-GO, Aline Siqueira Ricardo, acolheu parcialmente a queixa que Pedro Paulo apresentou. O candidato da chapa Muda OAB questionou seis posts de Ariana fez em suas redes sociais. Nos textos a advogada fez comparações entre Pedro Paulo e seu adversário Rafael Lara Martins, apresentando uma foto dos dois concorrentes com o seguinte questionamento: “Quem saiu algemado da OABGO no caso da venda de cartões da OAB, Operação Passando a Limpo da PF?”
A Operação Passando a Limpo, deflagrada em 2007, investigou a venda de aprovações no exame de ordem da OAB-GO, resultou nas prisões de 12 pessoas, entre elas o presidente da Comissão de Exame da Ordem, Eládio Augusto Amorim Mesquita e seu vice, Pedro Paulo. Também o tesoureiro da OAB-GO, João Bezerra Cavalcante, e as funcionárias Maria do Rosário Silva de Oliveira e Osmira Soares de Azevedo. Segundo a PF, a quadrilha aprovava cerca de 150 candidatos em cada exame.
Depois de cinco anos, ao fim das investigações, o Ministério Público Federal denunciou 101 pessoas. Pedro Paulo não figurou entre os denunciados, motivo pelo qual solicitou o veto à vinculação de seu nome ao episódio.
No despacho onde concede a liminar, Aline Siqueira escreve que “em análise das imagens jungidas no bojo da exordial, vislumbro que as expressões ali trazidas como ‘Quem saiu algemado em 2018 da OABGO no caso da venda de cartões da OAB, operação passando a limpo da PF?’ ofendem a honra e imagem do candidato ora representante.
A conselheira Ariana Garcia, que preside a Comissão da Mulher Advogada da OAB-GO, se pronunciou sobre a decisão informando que vai recorrer: “Afirmo meu respeito à Comissão Eleitoral, mas não concordo que o eleitor deve ser impedido de conhecer o histórico dos candidatos na OABGO, considerando que todos eles já atuaram na Ordem Goiana.” Segundo ela, negar ao eleitor conhecer os capítulos da história da OAB-GO não contribui para a melhor escolha.
“Por que não se pode falar em fatos verídicos de 2008, 2014, 2015 aos que os desconhecem? Se fossem fake news, não teria divulgado, pois jamais me prestaria a isso. O que eu falei é a verdade sobre o passado escondido do candidato que pelo jeito quer uma OAB muda”, disse.
Segundo Ariana, a ação de Pedro Paulo para excluir as postagens explicita machismo: “O candidato preferiu vir silenciar a mim, mais uma mulher contra quem ele se volta nestas eleições, repetindo o comportamento de 2015. Não vejo ele ter coragem de buscar impedir a fala dos homens que propagam as mesmas verdades. Não sei se é medo. Ou então o que incomoda ele mesmo são mulheres de pulso firme, inteligência e voz”, rebate.