A cor vermelha, que antes predominava nas manifestações, atualmente deu lugar aos tons verde e amarelo

08 maio 2022 às 13h24

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Por Cilas Gontijo, estudante de Jornalismo na Faculdade Araguaia

As celebrações de 1º de maio, dia do trabalhador, que caracteristicamente, nos últimos 14 anos dos governos petista, eram promovidas pelas centrais sindicais – grandes apoiadoras do PT – e com a cor vermelha predominando em todo o país, tem dado lugar, nos últimos três anos do governo Bolsonaro, a seus eleitores e as cores das comemorações, que antes eram vermelhas, “cor da bandeira comunista”, agora , são nas tonalidades verdes e amarelas, cores da bandeira nacional brasileira.
No último 1º de maio, o ato denominado a favor da democracia, família e da liberdade de expressão, reuniu milhares de trabalhadores nas grandes cidades brasileiras, vestidos com as tradicionais camisetas amarelas e portando bandeiras do Brasil. O ato foi pacífico, sem nenhum incidente de perturbação à ordem pública.
As manifestações foram cheias de expectativas e apreensão tanto por políticos, como pelos ministros do STF. Eles temiam que o presidente incitasse o povo contra o legislativo e o Supremo Tribunal Federal, o que acirraria ainda mais a crise entre os três poderes. Todavia, isso não ocorreu. O presidente Jair Messias Bolsonaro fez discursos gravados e usando termos mais moderados, apenas enaltecendo os manifestantes e a favor da liberdade de expressão, família e da democracia, que aliás, sempre foi a sua bandeira.
A verdade é que essa data por muitos anos foi capturada pelos sindicalistas que sempre apoiaram partidos de esquerda e tradicionalmente colocavam empregados contra patrões. E, atualmente, o que vemos são trabalhadores que reivindicam dignidade no trabalho, salário melhor, sem demonizar o empregador, e excluindo a presença dos sindicatos.
É claro que a oposição ao governo também fez suas manifestações, em menores proporções, longe daquelas de outrora. Ficou tão óbvio isso que foi pouco prestigiado o discurso do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcado para 13 horas do último domingo, na Praça Charles Miller, no Pacaembú, região central de São Paulo, local escolhido para acontecer as manifestações da oposição, em um ato pró-Lula e com show gratuito de Daniela Mercury – gratuito que nada, foi de graça para o pequeno público, todavia, para o bolso da cantora rendeu 160 mil, dinheiro vindo dos sindicatos, segundo o senador Marcos Rogério (PL), de Rondônia, postou em seu Instagram. O evento atrasou quase duas horas justamente porque não havia público. Lula teve que falar para pouquíssimas pessoas e Daniela cantou para um público mixuruca.
A revolta estava estampada no semblante da cúpula petista, que mesmo com show de Daniela Mercury, uma de suas maiores defensoras no meio artístico, a baixa adesão pelos seus seguidores foi considerada uma tragédia para a imagem do petista. Os aliados de Lula culpam as centrais sindicais pelo fracasso e dizem que não souberam mobilizar os militantes, que o esvaziamento foi pela baixa capacidade das centrais sindicais nas articulações para promover o evento.
A grande verdade é que os sindicatos não têm mais o poder de anteriormente, não nadam mais por cima do dinheiro de seus associados, como era antes da reforma trabalhista. Portanto, não conseguem mais realizar sorteios de carros, motos, viagens e nem mesmo dar o tradicional pão com mortadela. Exatamente por isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se eleito for, fala em revogar a reforma trabalhista. Ele sabe que a nova reforma enfraqueceu os seus maiores aliados, os sindicatos.
O que não dá para entender é porque o petista precisa de sindicatos para mobilizar o seu rebanho, se ele está disparado em primeiro lugar nas pesquisas para presidente? Neste cenário, a movimentação dos seus apoiadores deveria ser natural, afinal o cara está bombando nas pesquisas e, segundo alguns jornais, com chances de se eleger ainda no primeiro turno. Quando vemos uma situação vexatória igual a essa, nos perguntamos: onde está a conectividade de Lula com seus eleitores? Isso se ainda há. Na verdade, Lula e seus adeptos parecem ser apreciadores do masoquismo.
Já do outro lado, os simpatizantes de Bolsonaro vão às ruas espontaneamente, sem nenhum sindicato os mobilizando, sem as promessas de grandes sorteios ou de grandes shows. É bem verdade que, desta vez, menos gente foi para as ruas. Todavia, mesmo assim, em todas as Capitais as manifestações foram maiores do que as petistas. E, ao contrário do que a oposição chama, as manifestações em verde e amarelo não são um bolsonarismo, apesar de existir um claro apoio ao presidente Bolsonaro, justamente pelas causas que ele defende – que são as mesmas defendidas pela maioria do povo brasileiro, a família, democracia e liberdade de expressão. Logo, os protestos são em favor dos direitos garantidos pela nossa constituição.