Uma análise recente do Carbon Majors Database, desenvolvido pelo think tank climático InfluenceMap, revelou que apenas um número restrito de empresas é responsável por uma parte significativa das emissões globais de dióxido de carbono (CO₂).

De acordo com os dados, em 2023, 36 grandes produtores de petróleo, gás, carvão e cimento foram responsáveis por mais da metade das emissões de CO₂ ligadas ao uso de combustíveis fósseis no planeta. O estudo destaca o papel predominante das estatais, que somaram 52% das emissões globais, superando as empresas privadas do setor de energia.

Entre as maiores poluidoras, a estatal saudita Saudi Aramco se destaca como a principal emissora individual, com 4,38% das emissões globais. No entanto, o estudo também revela a participação crescente das empresas privadas, como ExxonMobil, Shell e Chevron, que juntos representam uma fatia considerável das emissões globais de CO₂.

China Continua a Liderar em Emissões Globais
O estudo também reforça o papel da China como o maior poluidor mundial. As companhias chinesas foram responsáveis por 23% das emissões globais de CO₂ relacionadas a combustíveis fósseis em 2023, mantendo a posição de liderança do país entre os emissores de gases de efeito estufa.

A CHN Energy, uma gigante estatal do setor de carvão, ocupa o terceiro lugar entre as maiores emissoras de CO₂, com um impacto crescente tanto em nível nacional quanto global. Este é o primeiro ano em que o banco de dados inclui informações detalhadas sobre as emissões de carvão de países como China e Rússia, permitindo uma análise mais precisa da contribuição desses países para a crise climática global.

O estudo revela que as estatais dominam a lista das maiores emissoras de carbono. Entre as 20 maiores poluidoras, 16 são empresas públicas, o que destaca o impacto de políticas energéticas estatais na emissão de gases de efeito estufa.

Além da saudita Saudi Aramco, empresas como a russa Gazprom e a chinesa PetroChina figuram entre os maiores emissores globais. Essas estatais representam uma parte substancial das emissões associadas ao uso de combustíveis fósseis, reforçando a ligação entre a política energética de grandes países e os desafios ambientais enfrentados pelo planeta.

Uma das principais conclusões do estudo é a necessidade de responsabilizar diretamente essas grandes empresas pelas suas contribuições ao aquecimento global. O Carbon Majors Database não só é usado para traçar um perfil das emissões de cada uma dessas corporações, mas também para embasar ações legais e políticas climáticas.

A pesquisa tem sido crucial para apoiar processos judiciais contra gigantes da indústria de combustíveis fósseis, além de ajudar na criação de fundos climáticos em estados como Vermont e Nova York, buscando responsabilizar as empresas por danos ambientais.

Em sua análise, Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, destacou que as corporações que continuam expandindo a infraestrutura de combustíveis fósseis estão em desacordo com a urgência de uma transformação global. Para ele, os desastres climáticos causados por essas empresas afetam mais diretamente regiões que contribuíram muito menos para o problema. Rockström defende que é essencial que essa transformação comece com esses atores-chave, ou seja, as grandes emissores de gases de efeito estufa.

Este estudo serve como um forte lembrete de que, se as emissões de gases de efeito estufa não forem controladas, o impacto ambiental será irreversível. A pressão sobre as principais empresas poluidoras deve aumentar, com políticas mais rigorosas e uma aceleração da transição energética.

A solução para o problema das mudanças climáticas passa pela ação global, com a responsabilidade central recaindo sobre as empresas que mais contribuem para a crise, seja por meio de suas emissões diretas ou pela infraestrutura de combustíveis fósseis que continuam a expandir.

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