Entre 2013 e 2018, foram 14.545 ataques escorpiônicos em todo o estado de Goiás

Boletim informativo divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) no mês de novembro mostra que entre 2013 e 2018, os escorpiões foram responsáveis por mais da metade dos acidentes causados por espécies venenosas, tendo sido mais de 14,5 mil acidentes durante esse período. Só em Goiânia, no ano de 2021, a SES-GO registrou 258 episódios.

Na capital goiana, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, até o mês de outubro chegaram a ser realizadas 136 visitas técnicas de “Orientação e Realização de Medidas de Controle em Relação aos Animais Sinantrópicos” voltadas ao controle de acidentes com escorpiões. Segundo a SES-GO, maio foi o mês que a cidade mais registrou acidentes, com 34 casos.

Ao Jornal Opção, o gerente do centro de Zoonose da capital, Welington Tristão da Rocha, falou sobre a relação do aumento dos acidentes com o próprio clima. Tanto épocas chuvosas quanto momentos de altas temperaturas, como o verão, são propícios ao aparecimento. As chuvas, por desabrigarem esses aracnídios e fazerem com que esses acabem vindo a superfície. As altas temperaturas por propiciar o desenvolvimento e a reprodução de seu principal alimento: as baratas.

“Não existe produto químico que combata o escorpião, se precisa tirar o alimento dele, que são as baratas”, explica Welington. Ele ainda ressalta que, diferente do que se imagina, a espécie que habita as regiões urbanas do estado, o escorpião amarelo – chamado Tityus Serrulatus – está diretamente relacionada com as tubulações de esgotos, e não com lixos e terrenos baldios. “É justamente o local onde se proliferam as baratas. Eles são predadores atrás de suas presas”, acrescenta.

Essa espécie de escorpião, de acordo com boletim divulgado pela SES-GO, “representa a espécie de maior preocupação em função da gravidade do envenenamento de crianças e idosos, além de poder se reproduzir  sem participação de um animal macho – método chamado de partenogênese – e se adapta facilmente a ambientes urbanos, o que facilita a sua distribuição geográfica pelo Estado”.

Como evitar os acidentes?

Exatamente pelo fato de os escorpiões serem atraídos para locais onde podem encontrar seu alimento, as baratas, o gerente do centro de Zoonose da capital, Welington Tristão, enfatiza a importância da limpeza e da higiene como forma de prevenção a acidentes com tais aracnídios. “A população precisa entender que em praticamente toda a área de Goiânia existe a presença de escorpiões, então é preciso tomar cuidado fazendo barreiras físicas: colocando tampinhas nas pias, ralinhos que abrem e fecham, lacrando passagem de esgoto, além de cuidar da higiene e sempre observar roupas e calçados”, diz.

O cuidado maior com crianças e idosos, segundo ele, é pelo fato de que crianças de 0 a 12 anos e idosos acima de 60 são mais vulneráveis a toxina liberada pelos escorpiões, de forma que, uma vez picados é preciso que estas pessoas imediatamente sejam encaminhadas ao hospital de referência mais próximo. Em Goiânia, é o Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT). “Em berços que se usam mosquiteiros é preciso garantir que este não toque no chão, para que o escorpião não suba pelo tecido”, exemplificou o gerente.

Ainda como forma de prevenção, Welington cita a limpeza dos quintais. Ele explica que retirar materiais acumulados como telhas, tijolos ou madeiras é fundamental, uma vez que ao sair dos esgotos, esses podem ser bons esconderijos para que os escorpiões se escondam.

O que fazer ao encontrar um escorpião?

A atitude mais adequada, ao se encontrar tal espécie de aracnídio, segundo Welington, é contatar o departamento de Zoonoses, para que um técnico recolha o inseto. O mais adequado é que a pessoa não tente matá-lo, nem retirá-lo da casa por conta própria, mas, com cuidado, tente cercá-lo com um pote ou uma caixa. Para acionar os técnicos do centro de Zoonose de Goiânia, basta ligar para o número (62) 3524-3131.

Ele justifica a importância de a população acionar o órgão ao explicar que o centro de Zoonoses trabalha a partir das demandas espontâneas, com a demanda da população. “Quando um morador nos chama, os técnicos fazem uma avaliação ambiental e orientam o proprietário”, conta. A busca ativa – que parte dos próprios agentes – só ocorre quando é percebido uma demanda excessiva vinda do mesmo local – setor ou bairro.