Usuários do transporte público do Entorno vão gastar R$ 92 a mais com passagens

14 agosto 2023 às 11h47

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Nos últimos seis meses, os passageiros do transporte público do Entorno do Distrito Federal precisaram abrir o bolso para ter que se adequar com dois aumentos no preço da passagem. O último reajuste, de 15%, começou a valer neste domingo, 13. Mensalmente, o usuário precisa gastar de R$ 62 a R$ 92 para chegar à área central de Brasília.
O valor equivale de 4,7% a 7% de um salário mínimo (R$ 1.320), considerados os principais trechos das viagens. Os reajustes foram autorizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A autarquia assumiu a gestão das mais de 400 linhas de ônibus do Entorno do Distrito Federal em fevereiro deste ano. Cerca de 175 mil passageiros usam o transporte nesse itinerário diariamente. Confira aumentos:
- Planaltina: de R$ 7,85 para R$ 10,15 (+R$ 2,30)
- Novo Gama: de R$ 7 para R$ 9 (+R$ 2)
- Luziânia: de R$ 7,40 para R$ 9,55 (+R$ 2,15)
- Cidade Ocidental: de R$ 6 para R$ 7,75 (+R$ 1,75)
- Valparaíso: de R$ 5,40 para R$ 6,95 (+R$ 1,55)
- Águas Lindas de Goiás: de R$ 7,80 para R$ 10 (+R$ 2,20)
- Santo Antônio do Descoberto: de R$ 7,30 para R$ 9,35 (+R$ 2,05)
Apenas em Planaltina, o aumento no valor chegará a R$ 4,60 por dia, considerando o trajeto de ida e volta. Assim, um passageiro que faz viagens em 20 dias úteis pagará R$ 92 a mais mensalmente. O aumento, no entanto, não foi bem visto pelo governador Ronaldo Caiado. Ele defendeu um modelo de subsídio ao serviço, seguindo o exemplo da Região Metropolitana de Goiânia.
“Se não buscarmos uma forma sustentável de subsidiar o serviço, como fizemos em Goiânia, o sistema vai colapsar no Entorno. Grande parte da mão de obra de Brasília vive nos municípios goianos vizinhos e esses trabalhadores vão pagar tarifas muito pesadas para um serviço que não tem qualidade. São trabalhadores que muitas vezes ganham apenas um salário-mínimo e deixarão quase metade do vencimento só no transporte.”, afirmou Caiado em uma entrevista para uma rádio na sexta-feira.
Aumento
A fim de justificar a decisão para o reajuste, a ANTT informou que o transporte semiurbano não é subsidiado pelo governo e que os recursos para manutenção do serviço vêm integralmente das tarifas pagas pelos usuários. O total é usado para cobrir os gastos operacionais, com manutenção, compra de veículos, folha de pagamento dos funcionários, entre outros.
Em fevereiro de 2022, a ANTT autorizou um aumento de até 25% nas passagens, mas o Governo do Distrito Federal (GDF), que havia assumido a gestão do transporte do Entorno em julho de 2021, congelou a medida, a fim de conhecer a realidade do serviço antes de autorizar o reajuste.
A correção dos valores ocorreria em dezembro de 2022 e chegou a ser anunciada: as passagens para o Plano Piloto custariam entre R$ 6,75, com saída de Valparaíso, e R$ 9,80 (Planaltina). Porém, o estado goiano foi à Justiça contra o reajuste, sob alegação de não ter sido consultado e de que a mudança violaria a autonomia federativa.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), e o ministro André Mendonça suspendeu o aumento dias depois, sob o argumento de que “tamanha elevação tarifária”, sem debate ou demonstração dos critérios técnicos, traria um “risco de dano grave” a uma população vulnerável.