Completando 15 anos nesta segunda-feira, a Lei Seca marca um importante marco na luta contra a embriaguez no trânsito. Apesar dos avanços na fiscalização da tolerância zero à mistura de álcool e direção, ainda não há tantos motivos para comemoração segundo o inspetor Newton Morais, da Polícia Rodoviária Federal em Goiás.

“A gente não tem motivos para comemorar a redução que aconteceu nesses 15 anos”, declarou ao Jornal Opção. O policial rodoviário reconhece que a lei teve avanços de rigor e dureza, incluindo no valor da multa apertado para os que desrespeitam a legislação, mas considera que os números de acidentes e vítimas ainda é elevado para gerar motivos de comemoração por parte da corporação. “As pessoas precisam mais rapidamente corresponder ao que a lei exige”, aponta.

Morais faz uma reflexão sob o olhar das vítimas que sofrem mais com os acidentes do que os infratores, especialmente em casos de fatalidade. “São quase R$ 3 mil em multas e você responde por um crime de trânsito, mas é justo que nesses últimos cinco anos tenham mais de cem mortes por irresponsabilidade de alguém que assumiu o risco de beber e continuar dirigindo? O que as pessoas que não bebem têm a ver com isso?”, questiona.

Os números citados pelo inspetor são de levantamentos da PRF em Goiás, desde 2018. De lá pra cá, são mais de 15 mil autuações, em 1.879 acidentes envolvendo 104 mortos e 1.693. Só em 2023, já são cinco mortos nas estradas federais que cortam Goiás.

O inspetor pede ainda colaboração daqueles que se deparam com motoristas que, mesmo sob efeito de álcool, insistem em querer dirigir. “Peço que as pessoas que observarem as situações, que denunciem. É importante que cada um cumpra seu papel nessa luta, com cidadania”.