Vice reafirma o compromisso do governo com políticas públicas eficazes para proteger as mulheres
27 junho 2015 às 12h17

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Gilson Cavalcante
Ao assumir interinamente o Governo do Estado no dia 12 de junho, Claudia Lelis (PV) havia prometido que deixaria como marca da sua gestão a luta pelos direitos das mulheres e das minorias. Foram dez dias à frente do Executivo estadual, e ela considera que cumpriu com êxito a sua missão. Na entrevista ao Jornal Opção, Cláudia Lelis fez um balanço no exercício da função ao garantir que o Governo do Tocantins está comprometido em elaborar o pacto estadual em defesa da mulher no Estado e em fazer com que ele funcione adequadamente.
“Nestes dias à frente do Governo, busquei acelerar a implantação desse pacto e, ainda este mês, vamos encaminhar à Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, da Presidência da República, todas as medidas e ações que o Tocantins irá adotar no pacto de políticas públicas em defesa da mulher do campo, nas áreas da saúde, educação e cultura”, explicou.
“Durante conversa com a ministra de políticas públicas para as mulheres, Eleonora Menicucci, em Brasília, juntamente com a deputada federal Dulce Miranda (PMDB), já acertamos os primeiros detalhes da visita da ministra ao Tocantins, em julho, para implantação da Casa da Mulher Brasileira”, sustentou.
Claudia Telles de Menezes Pires Martins Lelis tem 43 anos, e é a primeira mulher eleita vice-governadora do Estado. Publicitária de formação, ela é pioneira no Tocantins e participou ativamente da construção de algumas das principais obras do Estado. Como gestora pública, foi secretária de Comunicação de Palmas, quando coordenou ações de marketing e publicidade que colocaram o Tocantins como destaque na imprensa nacional por diversas vezes.
A sra. ficou dez dias à frente do Executivo estadual. A primeira mulher a comandar o governo enfrentou dificuldades ou tirou de letra?
No período em que estive comandando o Estado, foram realizadas diversas reuniões com secretários, empresários, representantes de movimentos sociais, indígenas e da juventude; visitas técnicas a obras de moradia popular e ações de combate à violência contra a mulher. Recebi também, no Palácio Araguaia, os idosos participantes do Movimento Mobiliza, campanha realizada pela Secretaria de Estado da Defesa e Proteção Social (Sedeps), além de lideranças, deputados e representantes da sociedade civil. Darei continuidade aos diálogos iniciados durante o período em que estive à frente do Governo e continuarei a acompanhar de perto os projetos desenvolvidos pelo Executivo, principalmente aqueles voltados para as áreas de direitos humanos e meio ambiente. Nestes dez dias, busquei trabalhar com uma agenda positiva, visitando obras, recebendo líderes de movimentos e explicando a todos a real situação em que estamos vivendo no Estado. Sabemos que o Tocantins, como o Brasil, passa por uma crise financeira muito grande, mas estamos olhando para o futuro e trabalhando diuturnamente para oferecer à população políticas públicas eficientes e serviços de qualidade.
A sra. esteve no lançamento dos Jogos Mundiais Indígenas, em Brasília. O que significa o evento para o Tocantins?
Os Jogos Mundiais Indígenas colocarão o Estado em destaque nacional e internacional. No entanto, temos que ressaltar que as comunidades indígenas enfrentam hoje não é a luta pela preservação da terra, mas a luta pela preservação da identidade cultural. É preciso que cuidemos dos índios como cidadãos com direito à educação, ao esporte e às novas tecnologias, sem que isso represente aculturação.
O que o governo pode fazer pelo turismo, já que dispõe de grandes atrativos naturais?
Estou fazendo contatos com a Embratur com o intuito de receber apoio da instituição. Já houve uma primeira conversa com o presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, em que foi apresentada uma proposta que tem como objetivo trazer jornalistas e investidores internacionais para realizar um Press Tur pelos principais pontos turísticos do Estado, dentre eles o Cantão, Jalapão e as cachoeiras e dunas. A proposta do governo é que a Abrajet [Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo] esteja diretamente envolvida com a realização deste Press Tour. Recentemente, em um encontro com representantes da Abrajet- TO, a entidade no solicitou uma parceria com o governo do Estado, para que, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo (Sedetur), possa intermediar com as prefeituras para o bom andamento dos projetos. A promoção do turismo é uma ferramenta para o desenvolvimento econômico e social do Estado. Ressalto que o governador Marcelo Miranda (PMDB) tem o desejo de aumentar a divulgação do Tocantins não só no Brasil, mas também no exterior. O governador já determinou a junção de esforços para alavancar essa proposta e a parceria com a Abrajet irá fortalecer mais a área de turismo.
Nesses dez dias, a sra. recebeu empresários do Mato Groso interessados em investir no Tocantins. Qual o resultado desse encontro?
Foram representantes de uma empresa de sementes que estão interessados em investir no plantio da planta moringa no Estado. O Tocantins possui clima e solo ideais para a plantação e o cultivo da semente da moringa. A previsão de investimento é de cerca de R$ 20 milhões, referentes à implantação da indústria e ao financiamento do plantio da moringa para agricultores. Todos os projetos que buscam aumentar a receita do Estado e proporcionar melhoria de vida para a população do Tocantins são bem-vindos. O estudo apresentado pelos empresários prevê criação de 25 empregos diretos na indústria e mais 650 empregos indiretos na agricultura familiar. Toda e qualquer proposta que seja viável para o Estado e que traga geração de renda para os tocantinenses terá o nosso apoio.
Especificamente, o que o governo pode e deve fazer para implementar a rede de proteção às mulheres do Tocantins?
A implantação de Centros Especializados de Atendimento à Mulher em seis regionais estratégicas, além da elaboração do pacto estadual em defesa da mulher tocantinense, com políticas públicas para as mulheres do campo, a mulher indígena, quilombola, nas áreas de saúde e educação, é de fundamental importância. Recentemente, esse movimento criado por lideranças femininas discutiu políticas públicas para as mulheres tocantinenses, durante audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa. O governo do Tocantins está comprometido em implantar políticas públicas que realmente funcionem e que protejam as mulheres tocantinenses. Nós sabemos que uma rede de proteção e defesa só irá funcionar se todos os poderes instituídos e a sociedade civil se unirem. É intenção do Executivo de implantar Centros Especializados de Atendimento à Mulher em seis regionais e elaborar o pacto estadual em defesa da mulher no Estado. Pacto que irá pensar políticas públicas para a mulher do campo, nas áreas da saúde, educação e cultura. Estamos empenhados e comprometidos em implantar Centros Especializados de Atendimento à Mulher em seis regionais estratégicas do Estado, para atender às demandas das mulheres que necessitam de apoio.
O Plano de Recuperação do Tocantins, projeto lançado há algum tempo pelo governador Marcelo Miranda, começa a tomar forma?
Em reunião com a coordenadora do Laboratório de Infraestrutura da Universidade de Brasília (UnB), doutora Yaeko Yamashita, definimos uma série de ações que serão apresentadas à equipe que integrará o Grupo de Atração de Investimento, anunciada pelo governador Marcelo Miranda no início do ano como uma das estratégias do Plano de Recuperação do Tocantins. A formalização do grupo deve ser anunciada em breve, mas as ações estão sendo definidas para agilizar o trabalho. Desde que foi anunciado o plano de recuperação, diversas reuniões estão acontecendo com a equipe da UnB, Universidade Federal do Tocantins (UFT) e secretários de Estado. Entre as ações, está a busca por financiamento através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outras entidades financeiras. Estamos adiantando a pauta de ações para que possamos tirar isso do papel e colocar em prática as iniciativas que o Tocantins precisa para se desenvolver socioeconomicamente. O governador Marcelo Miranda está imbuído nessa causa e não tenho dúvida nenhuma de que vamos mudar a realidade do Estado. As opções e metodologias de captação de recursos disponíveis no mercado, atualmente, estão entre os principais assuntos sobre os quais o Estado está recebendo orientação dos especialistas da UnB. O grupo será formado por uma equipe de diversos órgãos do Estado, entre eles, a vice-governadoria e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, comandada por Eudoro Pedroza, além da participação do superintendente do governo, Edson Cabral, entre outros representantes de áreas ligadas à economia e planejamento. O grupo terá apoio da UnB e da UFT.
A sra. é do Partido Verde. Como avalia a questão da crise hídrica?
Nosso Tocantins está longe da realidade de São Paulo, mas não podemos esquecer que a mesma metrópole que sofre com a falta de água, há décadas não enfrentava esses problemas, não podemos incorrer no erro de deixar devastar nossas nascentes, de deixar de tratar e cuidar do lixo que produzimos. É uma questão que está na ordem do dia e que deve ser levada para dentro das escolas. O Tocantins, nesse momento de forte crise de água, poder ser uma alternativa sustentável para produção de alimentos, para abastecer o mercado interno e, quem sabe, de parte do exterior.