Um pré-candidato e sua estratégia de discórdias

24 fevereiro 2018 às 10h28

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Prefeito Carlos Amastha pratica uma “nova política” muito pior que a velha política que ele critica

entre outros, estão na trilha de ex-aliados que o prefeito de Palmas, Carlos Amastha (abaixo), vai deixando no caminho
Quando, ainda em julho de 2017, o PSB de Carlos Amastha perdeu para o PSDB um grande líder da região sudoeste, o prefeito de Gurupi, Laurez Moreira, havia um claro sinal que o prefeito da capital comandava a sigla no Tocantins com atitudes ditatoriais. Já era de esperar que, com o decorrer do tempo, outros filiados também seguiriam o mesmo caminho. Era uma questão de tempo…
Dito e feito. À época, Laurez arrastou mais cinco prefeitos do PSB: Miyuki Hyashida, de Brejinho de Nazaré, Diogo Borges, de Talismã, Batatinha, de Cristalândia, Ronaldo Parente, de São Bento do Tocantins, e Dr. Ladir, de Nova Rosalândia. Foi, certamente, um claro indicativo de insatisfação das lideranças políticas da região central do Estado do Tocantins, com a condução do PSB, por parte do prefeito Carlos Amastha.
Em dezembro do mesmo ano, os pessebistas sofreram um novo golpe: um dos esteios do prefeito na Câmara de Vereadores de Palmas, Marilon Barbosa (PSB), anunciou – totalmente insatisfeito e desprestigiado – seu rompimento com a gestão municipal, causando um desequilíbrio a favor da oposição (10 a 9). Tal insuficiência de quórum só foi revertida por uma manobra, digamos, um tanto quanto questionável, uma vez que o prefeito nomeou o deputado Junior Evangelista (PSC) como secretário municipal da Habitação, com a finalidade exclusiva de promover o suplente de deputado Ivory de Lira (PPL), que é vereador, à Assembleia Legislativa, permitindo a posse de Moisemar Marinho (PDT), que acabou por virar o placar em favor dos situacionistas.
Mais baixa
Em fevereiro de 2018, mais uma baixa: uma das únicas forças de Amastha no Bico do Papagaio, o advogado e ex-prefeito de Axixá, Auri-Wulange Ribeiro Jorge (PSB), também rompeu com o prefeito de Palmas. Conforme informações de aliados, ele se sentiu desprestigiado com a decisão do prefeito de nomear o engenheiro Roberto Petrucci Júnior (denunciado por corrupção), indicado do ministro da Saúde, Ricardo Barros, para o lugar do deputado estadual Ricardo Ayres (PSB) na Secretaria de Desenvolvimento Urbano.
Havia um compromisso de Ayres — e, também, do próprio Amastha — de que Auri-Wulange seria o sucessor de Ayres. Contudo, para atender o ministro e amigo pessoal, o prefeito preferiu Petrucci.
Ao site “Portal CT”, o ex-gestor recentemente disparou: “Realmente eles não são iguais à velha política, são piores: mais frios, calculistas, maquiavélicos. A nova política não tem coração”.
Na mesma entrevista, de forma impressionante, ele revelou que o grupo de Amastha formou um “exército de fakes”. “Na sua grande maioria, são servidores do município, que trabalham de fachada, mas que, na realidade, passam o dia preparando posts e maquinando inverdades contra adversários políticos, jornalistas que porventura falem mal da gestão Amastha, delegados federais que investigarem qualquer ato suspeito de corrupção, promotores e magistrados”.
As informações de bastidores dão conta que Auri-Wulange tinha pretensões, inclusive, de ser candidato a deputado federal pelo PSB, mas, atendendo pedido do grupo de Amastha e, visando não atrapalhar as pré-candidaturas ao mesmo cargo do subprefeito de Palmas, Adir Gentil (Podemos), e do vereador Tiago Andrino (PSB), retirou seu nome da disputa.
Desprestígio

O desprestígio de Amastha para com seus aliados é algo que chama a atenção. Como esse cidadão pretende governar o Estado do Tocantins se não tem um grupo político forte e, ainda, faz questão de espantar aqueles “gatos pingados” que porventura lhe apoiam? Os deputados federais e estaduais nem sequer o recebem em seus gabinetes, uma vez que foram rotulados de “bandidos e vagabundos” pelo prefeito. Os senadores também não fazem nenhuma questão de se aproximar do gestor da capital.
Será que é isso que o pré-candidato Amastha chama de “nova política”?
A insensatez na criação de taxas absurdas ano após ano, aliado ao aumento abusivo de impostos, que os palmenses rejeitam veementemente?
Aliar-se aos saturados ex-deputados Junior Coimbra (PSB), José Geraldo (PDT), ao deputado federal Carlos Gaguim (Podemos) – que articulou, inclusive, um projeto de Emenda Constitucional que lhe prejudicava enquanto estrangeiro?
Nomear Roberto Petrucci Júnior, denunciado pelo crime de corrupção passiva qualificada pelo Ministério Público Estadual (MPE) do Paraná, após exercer o cargo de secretário municipal de Obras Públicas de Maringá, na gestão de Carlos Roberto Pupin (PP), homem forte do grupo do ministro Ricardo Barros?
Melhor seria que os tocantinenses não conhecessem a “futura política”.