Elâine Jardim

Algumas delegações tocantinenses estão entre um grupo de brasileiros que serão repatriados de Israel, às 17h (23h, no horário de Brasília) desta terça-feira, 10. A repatriação será feita pelo Ministério da Defesa. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fará a busca dos turistas que acabaram retidos em Israel após o conflito com o Hamas.

O pastor da Igreja Vida de Araguaína, região norte do Tocantins, Francisco Bueno Junior, lidera uma caravana com 36 pessoas que viajou para Israel no final de setembro. Essa é a 15ª viagem do religioso que sempre está no país. “Nossa vinda tem o propósito de conhecer o cenário bíblico e estudar a cultura bíblica, no local onde tudo aconteceu”, conta.

Segundo ele, a delegação encerrou a peregrinação na última sexta-feira, 06. O grupo voltaria ao Brasil no sábado, 07, à tarde, quando pela manhã do mesmo dia começou o conflito. “Nós ouvimos as sirenes e tivemos que cumprir alguns protocolos de segurança, que é ficar em um bunker até passar o perigo”, relata.

O pastor conta que, naquela ocasião, somente 13 pessoas conseguiram realizar o check-in e voltar ao Brasil. “A companhia aérea manteve a reserva dos 13 e derrubou o check-in dos demais. Somente os 13 viajaram e o restante ficou a ver navios, sem nenhuma resposta da companhia aérea, que até agora não nos deu nenhum retorno”.

“Ficamos numa situação bem tensa, bem delicada e muito insegura. Passamos a noite no aeroporto. Como estava todo mundo exausto e cansado, eu decidi então voltar para Jerusalém e trazê-los para o hotel para terem o mínimo de conforto necessário”, completa.
Depois disso, ele narra que começou o contato com as autoridades brasileiras, a partir de autoridades tocantinenses. “A partir disso, foi construído esse processo de repatriação. No Tocantins, quem entrou em imediata ação depois de nosso contato foi o senador Eduardo Gomes. Ele acionou o Itamaraty e a embaixada do Brasil em Israel. Depois da ação dele, a embaixada passou a nos responder”, relata.

Sobre o sentimento de estar no meio de um fogo cruzado, o religioso afirma que a situação não deixa de colocar as pessoas em um lugar de tensão, de insegurança e medo. “Mas graças a Deus nosso retorno está marcado. Nosso coração está em paz. Sabemos que em tudo há um propósito. Cremos que sairemos sãos e salvos.

O que diz o governo federal


A reportagem do Jornal Opção esteve em contato com o Ministério das Relações Exteriores para saber se há um quantitativo mensurado de tocantinenses na repatriação. Por e-mail, o órgão afirmou que o Itamaraty não dispõe de dados desagregados por Unidade Federativa de origem dos nacionais brasileiros.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que está acompanhando a situação dos turistas e brasileiros nas regiões de Israel e da Palestina, onde três brasileiros estão desaparecidos. O governo desaconselha viagens não essenciais para a região e registrou cerca de 1.700 brasileiros interessados em repatriação. A prioridade inicial será para os residentes no Brasil. Voos de repatriação foram autorizados por Israel, com a primeira aeronave em Roma e a segunda saindo de Brasília. O escritório em Ramala coordena a evacuação de brasileiros na Faixa de Gaza, devido às condições de segurança deterioradas.

O Ministério informou que os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858 com “Whatsapp”) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510 com “Whatsapp”) permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.

A guerra


O grupo extremista islâmico armado Hamas realizou ataques em 22 locais dentro de Israel no último sábado, 7 de outubro. Essa ofensiva envolveu ações terrestres e aéreas, o que resultou na declaração do estado de guerra pelas autoridades.

Foguetes em grande quantidade foram disparados, e as forças militares de Israel confirmaram que “vários terroristas infiltraram-se no território israelense vindo da Faixa de Gaza”. O grupo Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque, afirmando que era o início de uma grande operação para retomar o território.

Os serviços de emergência relataram um trágico saldo de mais de mil vítimas fatais em Israel e na Faixa de Gaza, além de milhares de feridos.

Em resposta aos ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que seu país está em um estado de guerra. Ele lançou a operação “Espadas de Ferro” e convocou uma reunião de emergência com as autoridades de segurança, mobilizando também um grande número de reservistas.