“Preparamos a Praia do Segredo para receber turistas o ano inteiro”

15 julho 2018 às 00h00

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Novato na política, chamado pelos adversários de “forasteiro engomadinho” na campanha, o prefeito de Lajeado fala dos avanços realizados em quase um ano e meio de gestão

O mês de julho é marcado pela temporada de férias, praias de rio, sol escaldante e lazer. A Praia do Segredo é a mais nova opção para os tocantinenses, localizada na área semiurbana da bela e acolhedora cidade das águas, Lajeado. O município experimenta os efeitos de uma nova gestão, comprometida com a população e com a coisa pública, segundo reflexões do seu novo prefeito, Tercio Neto, no exercício do cargo há menos de um ano e meio. Filiado ao PSD, mas sem nunca ter disputado qualquer cargo público anteriormente, obteve êxito nas eleições de 2016 derrotando um dos políticos mais tradicionais da cidade. O jovem médico Tercio Dias Melquíades Neto nasceu em Xambioá (TO), mas adotou Lajeado como sua cidade do coração. Desde tenra idade interessado pelos estudos, cursou medicina na Universidade de Cuiabá (Unic) e se especializou em radiologia e diagnóstico por imagem em Belo Horizonte (MG), e na subespecialidade de ressonância magnética na cidade de Ribeirão Preto (SP).
Oriundo de Xambioá, por que o sr. se mudou para a cidade de Lajeado, tornando-se depois prefeito?
Após concluir especializações em medicina em outros Estados, fixei residência em Palmas. Mesmo atuando na minha área de segunda a sexta-feira na capital, reservei os sábados para o exercício da clínica geral em Lajeado, por apreciar tais atividades, além do contato com o povo mais humilde. Sempre me foi prazeroso cuidar das pessoas.
Não havia quaisquer pretensões políticas. Pactuei um contrato de prestação de serviços médicos com o município e exercia minha função, sem mais alardes. Ocorre que, com o decorrer do tempo, acredito que após a realização de um bom trabalho como médico, fizeram uma pesquisa eleitoral, dois anos antes do pleito, quando meu nome figurou como o mais lembrado pela população. Mesmo assim relutei, porque não era esse o meu objetivo.
Com a aproximação do pleito de 2016, houve uma espécie de clamor popular, mesmo porque a prefeita em exercício à época não poderia mais ser reeleita. A população mais carente, principalmente, comprou a ideia, quis me alçar ao cargo de prefeito e eu aceitei o encargo.
A diferença de votos para o adversário foi muito pequena, pouco mais de 1% dos sufrágios. Por que a disputa foi tão acirrada?
Penso que o fato de a população me conhecer há pouco tempo, enquanto o adversário principal já tinha sido prefeito, foi um dos fatores. Evidentemente que ele possuía um grupo político coeso, deixou seu legado enquanto gestor e isso pesou nas urnas. No caso desta eleição, o fato é que estava se encerrando um ciclo, na medida em que a ex-prefeita Márcia não poderia se reeleger. Fui classificado, a princípio, como um “forasteiro engomadinho”.
Não me importei com o rótulo, pois quem já me conhecia sabia da minha capacidade. O fato de eu não ter exercido cargos públicos trouxe certa desconfiança a alguns cidadãos, o que é absolutamente natural. Entretanto, a sede da população pelo sangue novo teve força e isso foi preponderante para ganhar a eleição.

para os turistas na Praia do Segredo | Foto: Divulgação
Neste curto período de sua gestão, já houve visíveis resultados. Quais foram as novas políticas públicas implantadas nesta administração?
Os números circunscritos nos balancetes são incontestáveis. Há um novo jeito de administrar, basta comparar com as gestões anteriores, e isto tem gerado bons resultados. Conseguimos implementar uma nova forma de gerir os recursos do município. Não tenho vergonha de dizer que, após ganhar as eleições, visitei cerca de 25 cidades na tentativa de encontrar modelos de gestão, visto que nunca havia exercido quaisquer cargos públicos, uma vez que sempre fui médico. Fui atrás de aprimorar meus conhecimentos em gestão pública. Minha missão hoje é entregar obras de qualidade e, de uma forma geral, zelar pelo bem-estar da população. Os novos gestores têm que ter esse olhar mais humano para a população mais carente, mas, principalmente, gerar renda e condição de trabalho a elas, atraindo empresas que se interessem em se instalar em nosso município. É necessário extirpar a ideia que o prefeito é o dono de tudo, porque, na verdade, ele é apenas um gerente da máquina e dos recursos públicos.
Após os primeiros meses de gestão, consegui guardar parte dos recursos mensais para serem aplicados em obras ou pagar direitos trabalhistas como o 13º salário, por exemplo. Fala-se muito na infraestrutura da Praia do Segredo, contudo, por intermédio recursos próprios e, também, de emendas parlamentares já reconstruímos o posto de saúde, mesmo porque o antigo era inservível para aquela função. Há outros recursos já destinados, que só não foram liberados ainda em razão do período eleitoral, para construção de casas populares e asfalto no bairro aeroporto que, inclusive, dá acesso à nossa praia, a qual tornamos um cartão postal que obteve boa mídia.
Como tem sido a relação institucional com o parlamento municipal?
Tranquilo, os vereadores são diferenciados, têm mostrado parceria e dedicação. Dentre os nove parlamentares, seis deles estão comigo no auxílio da gestão. A Câmara é presidida pela vereadora Leidiane Mota (PSD), oriunda da nossa base partidária, uma mulher sensata, esclarecida e com capacidade para o exercício do cargo, o que contribui para o crescimento da cidade.
E quanto as outras esferas parlamentares?
Representam a nossa cidade, sem quaisquer sombras de dúvidas, a senadora Kátia Abreu (PDT), o deputado federal Irajá Abreu (PSD) e o deputado estadual Toinho Andrade (PHS). Evidentemente há outros deputados, como Cleiton Cardoso (PTC) e Eduardo Siqueira Campos (DEM), por exemplo, que ajudam nosso município na medida do possível, mesmo porque eles têm outras cidades como base parlamentar.
E quanto a maior novidade desta temporada de férias, a inauguração da Praia do Segredo?
A gleba de terras onde se localiza a praia foi uma doação da Investco, consórcio que construiu a Usina [Hidroelétrica Luís Eduardo Magalhães], em nosso município. Foi uma espécie de compensação pelos danos ambientais, como também, pela grande área inundada.
Fizemos uma infraestrutura completa, digna dos grandes centros. Em razão do lago da usina hidroelétrica, nossa praia é permanente, um excelente potencial turístico a ser explorado. O turismo é sim uma fonte de renda da qual não podemos, em nenhuma hipótese, abrir mão. Não se trata de um turismo sazonal como em outras cidades ribeirinhas. É possível usufruir da praia o ano inteiro. Fizemos questão de executar um projeto arquitetônico e urbanístico que valorizasse o empreendimento. A localização dos restaurantes e bares um nível acima da praia dá uma ideia de amplitude. Caprichamos em outros detalhes, como banheiros, estacionamentos e restaurantes que servem pratos típicos. Inobstante a isso, mudamos a rota, com placas indicativas, para que o turista passe dentro da cidade para chegar até a praia e, com isso, alavanque o comércio local.

No que concerne aos royalties da Usina Hidroelétrica do Lajeado, qual é a importância destes recursos e como são geridos?
Nossa cidade tem duas fontes de renda principais: o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a proporção do ICMS arrecadado pela usina. O primeiro advindo da União Federal, por ser uma cidade com poucos habitantes, cai na vala comum dos 0,6%, o que ocorre também com vários municípios do Tocantins. Já o segundo é o grande diferencial. Recebemos cotas mensais do imposto que está sendo gerado diariamente, como também cotas retroativas já que o município ficou sem receber os valores devidos durante alguns anos. Havia uma contenda judicial e uma tese jurídica de que o imposto deveria beneficiar a cidade em que se localizava a casa de máquinas, no caso Miracema do Tocantins. Judicialmente, questionamos que a geração da energia vem do Rio Tocantins e não da casa de máquinas em si. Fomos vencedores e, hoje, o ICMS gerado pela usina é dividido entre Lajeado e Miracema, 50% para cada um deles.
Temos dívidas previdenciárias advindas de gestões anteriores, que temos honrado com esses recursos. A maioria absoluta dos nossos funcionários é concursada e isso faz com que a folha de pagamento, acrescida de encargos, seja onerosa. Além disso, o município é muito extenso e há uma grande área rural, o que obriga o poder público e manter as estradas vicinais em boas condições de tráfego. Há ainda a manutenção dos veículos da saúde, medicamentos básicos em estoque, como também, médicos plantonistas nas áreas de oftalmologia, ortopedia e ginecologia, evitando que o nosso povo tenha que se deslocar até a capital para enfrentar longas filas no SUS. Nestas circunstâncias, nossas finanças, a princípio vultosas em razão da localização da usina, na verdade estão bem administradas e são investidas no bem-estar da nossa população.
Em relação ao meio ambiente, mesmo porque grande parte do município localiza-se numa área de preservação ambiental (APA), quais são as políticas públicas voltadas para essa área na sua administração?
Não houve muito apoio, tanto logístico quanto estrutural, por parte da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo durante a gestão que se encerrou em abril deste ano. Percebo que, a cada dia, o ente federal e os estaduais tentam cada vez mais repassar suas responsabilidades para os municípios, que, diga-se de passagem, já estão em situação de penúria com tantas obrigações legais. Acredito que a administração do novo governador Carlesse (PHS) poderá voltar os olhos para essa situação, nos prestigiando com a injeção de mais recursos nesta área.
Conseguimos aumentar o ICMS ecológico no ano passado, todavia, é possível agregar ainda mais. Estamos resgatando o básico, como limpeza em leitos de rios, educação ambiental nas escolas públicas municipais, instituindo também, o sábado letivo para tratar desses assuntos.
Já o aterro sanitário é uma outra questão que merece nossa atenção e cuidado. Estamos tentando, junto aos gabinetes da senadora Kátia Abreu e do deputado Irajá Abreu, emendas federais para construção de um aterro que atenda as especificações previstas em lei. As tentativas de consórcios com cidades circunvizinhas não fluíram, o que nos leva a tentar resolver essa questão de forma solitária.