Ao assumir comando interino da Frente Nacional de Prefeitos, Carlos Amastha chama capital do Estado de “patinho feio”

Carlos Amastha discursa ao tomar posse interinamente na Frente Nacional de Prefeitos: falou o que não devia

O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), assumiu na semana passada a presidência interina da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Vai ficar no cargo até o dia 20 de fevereiro. O ato de posse se deu na sede da entidade, em Bra­sília, e contou com a presença de autoridades, como o ministro da Saú­de, Ricardo Barros, que falou sobre a conquista da FNP com a desburocratização no repasse de recursos da saúde aos municípios, a partir da edição da Portaria 3992 de 29 de dezembro de 2017.

O evento seria uma vitrine bastante positiva para Carlos Amastha. Afinal, trata-se de uma entidade de representatividade nacional, que proporciona certo espaço na mídia. Mas para os tocantinenses, o que chamou a atenção mesmo foi o discurso do prefeito, useiro e ve­­zeiro em dizer “abobrinhas” e agredir verbalmente adversários e quem não esteja fazendo parte de seu grupamento político.

Deputado estadual Eduardo Siqueira Campos: “É revoltante o que ele falou”

Dessa vez, o homem se proclamou uma espécie de superadministrador, que mudou totalmente a realidade de Palmas em cinco anos. Segundo Amastha, a cidade era um “patinho feio” que ele transformou em cisne. Além disso, o prefeito voltou a falar de “velha política”, na conotação de práticas velhacas e desonestas dos outros políticos tocantinenses, em contraposição ao que supostamente ele, Amastha, pratica, que seria uma “nova política”, ética e decente.

O prefeito recebeu resposta, claro. O portal T1 Notícias, de Palmas, entrevistou o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos sobre o assunto. “Ao ouvir o prefeito da capital dizer que Palmas era o Patinho Feio que ele transformou em cisne, a paciência com esse moço acaba. Se Palmas era ruim assim, o que fez o empresário colombiano vir a Palmas fazer seus negócios? O que fez com ele viesse comprar área a preço baixo, na região Norte do País, e construir um shopping que por sinal ele já vendeu? Foi essa cidade que deu a ele a oportunidade de ser prefeito”, disse Eduardo Siqueira.

Segundo o deputado, “é revoltante para quem veio para cá no iní­cio, e construiu a cidade que ele en­controu aqui quando chegou, ou­vi-lo se referir a Palmas desta ma­neira num discurso na Frente Na­cional de Prefeitos, a ministro, diante de grandes líderes nacionais”.

Mal interpretado

Ouvido pelo T1 Notícias sobre sua declaração na posse do comando da Frente Nacional de Pre­fei­tos, Carlos Amastha disse ter sido mal interpretado pelo deputado Edu­ardo Siqueira. “Quando me referi que a cidade era um Patinho Feio, estava falando de como recebi Palmas. Bem diferente da capital sonhada e planejada pelo ex-governador Siqueira Campos. O deputado distorce as minhas palavras.”

O ex-governador Siqueira Cam­pos (DEM) também não deixou barato a arrogância de Amastha. O decano divulgou artigo (reproduzido abaixo), intitulado “Palmas, o ‘Patinho Feio’ e a ‘Velha Política’”.

Ex-governador Siqueira Campos: “Palmas é a capital de todos os tocantinenses”

Talvez eu seja mesmo da “Ve­lha Política”. Até pelos 89 anos que tenho. Mas venho de um tem­po em que não havia redes sociais e nem que o marketing transformava pessoas naquilo que verdadeiramente não são. O trabalho era feito no corpo a corpo. Ouvindo as pessoas, olhando nos olhos e fazendo compromissos sérios.

Assim Palmas foi construída. Através do suor de muitos e até mes­mo da incompreensão de que ou­tras cidades tiveram em seu mo­mento inicial, pois precisávamos da Capital margem direita do Rio Tocantins, no centro Geodésico do País e que pudesse ser objeto de atração de milhares de investidores.

E como muitos vieram, assim veio ele, falo do atual prefeito de Pal­mas, Carlos Amastha, que em sua posse na Federação Nacional dos Prefeitos, acabou citando Pal­mas como o “Patinho Feio”. In­dig­nado e ofendido não por mim, mas pelos milhares de trabalhadores que conseguiram transformar pe­quenos negócios em grandes em­presas. Pequenos restaurantes em grandes empresas de alimentação. Pequenas clinicas médicas em gran­des hospitais, pequenas salas de aula em centros universitários. Foi isso que Palmas fez para milhares de pessoas atraindo gente de todo o Brasil e do mundo.

E justamente daquele que mais se aproveitou de tudo isso, e que por meio desse esforço e se transformou Prefeito, é que vimos essa ofensa ser atirada em direção a todos que aqui estão. Como se não houvessem aqui antes aqueles que transformaram Palmas na cidade que o atraiu. Afinal de contas, o que fez o senhor Carlos Amastha vir para cá? O que o fez vir investir e buscar nessa cidade se ela era um “Patinho Feio”?

Não, não companheiros, não po­demos aceitar uma armação co­mo esta. Não nós que derramamos o nosso suor, que conhecemos a po­eira, o mosquito “porvinha”. Não os funcionários públicos que dor­miram no chão noites inteiras. Gen­te que deu sua vida, que aqui tom­bou e foi enterrado. E que aqui arriscou tudo para ver Palmas co­mo ela é hoje. Se ele tem méritos, que o aplaudamos por isso, mas que jamais aceitemos suas pa­la­vras depreciativas em relação à nos­sa Capital.

Palmas não é um “Patinho Feio”, é um cisne negro, ela é a Capital de todos os tocantinenses, cidade que tive a honra de idealizar, planejar, fundar e construir.

Uma Palmas que por muitas ve­zes foi motivo de páginas seguidas da revista Veja e outros importante meios de comunicação do País co­mo a Folha de São Paulo e o Es­ta­dão e veículos internacionais, mos­trando que ela crescia uma ta­xa três vezes e meia superior à mé­dia nacional, que melhorou o IDH (Índice de Desenvolvimento Hu­ma­­no), derrubou os índices de anal­fabetismo e a mortalidade in­fantil, e se transformou em centro de excelência em vários pontos, na me­dicina, nos centros universitários, no IFTO, na bela Ponte, no La­go. Em tudo que temos em nos­sa Capital, que não contou com a par­ticipação do atual Prefeito. Um ae­roporto moderno, uma bela ro­do­viária, um estádio.

Uma rodovia duplicada do começo ao m da cidade. Não é assim senhor Amas­tha, Palmas jamais foi um “Patinho Feio”, ao contrário, ela se tornou o nosso sonho maior, mais do que isso é na nossa realidade. É a cidade que lhe deu uma oportunidade. Que hoje lhe faz ser candidato a Go­vernador.

A Democracia aceita tudo, me­nos a ofensa, o jogo de palavras. As jogadas de marketing são destruídas pelos argumentos sérios da ci­da­de sólida que construímos. Que não é apenas de concreto, fer­ro e cimento, mas verdadeiramente de gente. E foi essa gente que trabalhou para que Palmas se transformasse na mais bela Capital desse País.