A lacuna deixada por Siqueira aponta diversos cenários nas próximas eleições

16 julho 2023 às 00h01

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Alvaro Vallim
Especial para o Jornal Opção
É fato que o tempo de lideranças pujantes e puramente políticas do Tocantins como Siqueira Campos, José Freire, Brito Miranda, Moisés Avelino, Derval de Paiva, Edmundo Galdino, Júlio Resplandes, Paulo Mourão, Moisés Avelino, Célio Moura e Paulo Sidnei, entre outros poucos, está chegando ao fim. Isso porque a forma de fazer política passa por grandes e significativas mudanças, tanto por causa da própria forma que a população enxerga os políticos, como também porque a comunicação mudou completamente.
As facilidades que a internet traz para a população e a evolução da chamada comunicação de massa do poder público são fatores que interferem diretamente na percepção que as pessoas têm dos governos e do Congresso. Hoje temos as TVs Senado e Câmara, assim como a TV Justiça, todas entrando diretamente nas casas das pessoas.
O próprio Tocantins mudou muito nos últimos anos e muitas pessoas de gerações mais recentes só ouviram falar de Siqueira Campos na semana de sua morte. Sem contar que o Tocantins recebe mensalmente centenas de famílias que para cá se transferem, seja a trabalho, seja para estudar, ou seja porque desejam uma vida mais tranquila.
Por esses fatores, Siqueira acabou se tornando uma figura distante da política para parte da população, embora ainda exercesse uma grande influência por causa das pessoas mais velhas. Então não foi raro, nos últimos anos, ver políticos que almejavam subir as escadas do Palácio Araguaia visitando Siqueira, seja só para aparecer na foto mesmo com ele, seja para tomar conselhos ou pedir apoio.
Se fosse no tempo que ele tinha as rédeas da política, ele quem determinaria quem sairia pra vereador ou para prefeito nessa ou naquela cidade.
A Palmas atual desenha um cenário com muitos candidatos, principalmente por conta da possibilidade, agora, de haver segundo turno. Alguns candidatos, tidos como certos no jogo, não impõem tanta certeza assim. E o problema finca-se nas legendas e em saber quem Wanderlei Barbosa (Republicanos), o governador, vai apoiar.
O deputado federal Ricardo Ayres, correligionário de Wanderlei, vem agindo, falando, cantando, andando como candidato, mas o que não se sabe é se disputará a Prefeitura de Palmas ou a de Porto Nacional. O mesmo acontece com o deputado estadual Júnior Geo (PSC), que também tem demonstrado que pode disputar uma prefeitura, estando no mesmo dilema que Ayres sobre as mesmas cidades.
Outro que se divide entre Porto Nacional e Palmas é o radialista Valdemar Júnior, também filiado ao Republicanos. Embora já tenha se manifestado como pré-candidato a prefeito de Palmas, não é a primeira vez que isso ocorre. Muita gente pode estranhar essa vontade de muitos disputarem Porto Nacional. É que a cidade é dona de um orçamento invejável por conta do terminal logístico da Ferrovia Norte-Sul no Distrito de Luzimangues.
Já a professora Janad Valcari (PL), dizem, trabalha 25 horas por dia pensando na Prefeitura de Palmas. Semanalmente já estaria fazendo reuniões, almoços, jantares com famílias grandes ou grupos de amigos. Dizem ser uma grande movimentação para fidelizar eleitores.
Recém-admitido no MDB, o ex-senador Ataides Oliveira seria, em tese, candidato em Palmas. Porém, dizem que ele foi picado por uma mosca azul de Gurupi e estaria se preparando para desafiar a atual prefeita Josi Nunes.
Um que não tem dúvida ser candidato em Palmas é o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB), que já pode ter sido esquecido pela população. Mas Amastha é um marqueteiro nato e entra no jogo tão rápido quanto saiu em 2018.
O ex-deputado e ex-senador Eduardo Siqueira Campos tem se colocado, desde o início do ano como pré-candidato. Embora possa ter caído no esquecimento popular, é uma pessoa que domina bem as redes sociais, tem um número significativo de seguidores. Ficou no foco recentemente com a morte do pai, discursou na missa de corpo presente e foi amparado, recebendo condolências em nome da família.
Eduardo Siqueira, embora não seja o mais velho da família é o filho a quem o velho Siqueira deu a oportunidade de ser seu braço direito, de se eleger e, provavelmente, ser seu sucessor na política. Para se apresentar à população, tem lembrado suas obras como prefeito de Palmas.
Porém, Eduardo corre o risco de ficar inelegível, já que durante a semana uma decisão do STJ reconsiderou sua culpa num processo de improbidade administrativa e determinou que o Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) aplique as penas cabíveis. À decisão ainda cabe recurso.
Voltando às mulheres, mas agora as sem mandato, a ex-senadora Kátia Abreu e a ex-deputada Dulce Miranda (MDB) podem vir a ser candidatas em 2024.
Nas candidaturas mais à esquerda, José Helder Vilela, o Vilela do PT, é um dos nomes que tem aparecido como pré-candidato, além do próprio presidente estadual do partido, Zé Roberto Lula. Também seria candidato em Palmas – ou em Porto – o ex-deputado Paulo Mourão, que disputou o governo pelo PT, mas já foi prefeito de Porto Nacional.
Correndo em outra raia, está o empresário Joseph Madeira, também com bom desempenho nas redes sociais e que aparece bem no meio empresarial. Há ainda uma possível candidatura do ex-prefeito Raul Filho, mas que ainda não se pronuncia assim.
Fato é que a ausência de José Wilson Siqueira Campos no mundo político vai obrigar todos a conversarem mais para a definição dos possíveis candidatos ou pré-candidatos e a palavra mais forte fica mesmo com o governador Wanderlei Barbosa, que tem evitado se pronunciar sobre este assunto para não desagradar sua base na Assembleia.
Ainda há muita água pra passar debaixo dessa ponte.