Modelo de startups pode revolucionar o desenvolvimento nacional? Goiás aposta que sim

23 agosto 2023 às 12h02

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Acompanhando as mudanças e inovações do mundo dos negócios, Goiás se tornou um ambiente favorável para o surgimento das empresas consideradas “startups”. Com diversos investimentos e parcerias nos últimos anos, a aposta tem sido sucesso para impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do estado. Desde 2020, são 231 empresas em treze municípios goianos diferentes.
Para a analista técnica e especialista em startups do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Goiás, Ivana Xavier, o estado conseguiu desenvolver o “ecossistema local de inovação”. “Temos todos os atores necessários reunidos e interligados, incluindo as empresas, universidades, Sistema S e o governo. Assim, nós podemos criar cada vez mais um ambiente propício para o desenvolvimento dessas empresas aqui no estado”, explica.
Entre os inúmeros programas dentro do “ecossistema”, a especialista destaca algumas iniciativas apoiadas ou realizadas pelo Sebrae-Goiás. Por exemplo, o programa de pré-aceleração local, com o objetivo de tirar as ideias do papel e começar as startups. Em sequência, ela conta que o próximo passo é a versão nacional para levar as empresas para o cenário brasileiro e ajuda na consolidação dentro do mercado.
Dentro dessa jornada empreendedora de Goiás, a principal área de ação das startups é a de softwares com 46 iniciativas. Em seguida, vem o carro chefe da economia goiana, o agronegócio, que possui 40 empresas voltadas para o setor. Por fim, as áreas da saúde, biotecnologia, educação, finanças, desenvolvimento sustentável, alimentação, marketing e inteligência artificial são outras que possuem startups consolidadas no estado.
Para poder acomodar tantos projetos bem sucedidos, o “ecossistema” goiano conta com doze incubadoras, dez hubs de inovação e três parques tecnológicos. Toda essa estrutura possui apoio de 86 instituições de ensino superior, incluindo a Universidade Federal de Goiás (UFG). A rede também possui 33 empresas júnior, 38 espaços maker e dez coworkings espalhados pelo estado.
O que são startups?
Considerada como um novo modelo de negócios, as empresas startups são iniciativas que promovem alguma inovação dentro de um ambiente que possui riscos e incertezas. Segundo o gerente do Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG, Anderson Almeida Dias, esse formato possui diferenças significativas do empreendedorismo tradicional.
“Se você decidir abrir uma padaria convencional hoje, existe um modelo de negócio já definido. É possível ver que todas as padarias prestam o mesmo serviço e não geram uma inovação como as empresas startups, não existe um ambiente de riscos. Já as startups precisam fornecer alguma forma de inovação, seja no produto ou no processo, dentro de um ambiente incerto, ou seja, é um modelo de negócio de inovação”, conta o gerente.
De acordo com o especialista, o Brasil avançou bastante no desenvolvimento de startups nos últimos anos, seja por meio da iniciativa privada, apoio governamental ou parcerias entre as duas áreas. Ele ainda destaca a criação da Lei Complementar nº 182, sancionada em junho de 2021, conhecida como Marco Legal das Startups, que trouxe regulações e definições para o setor que está em ascensão.
Dentro da realidade brasileira, assim como a analista técnica do Sebrae-Goiás, Dias destacou que Goiás é um ambiente bom para se criar novos negócios. Ele ressalta a parceria entre a UFG e órgão do governo estadual como fundamentais para impulsionar os projetos na incubadora da instituição. “Existe um projeto bem interessante em realizar conexões entre o ecossistema de inovação do estado com as nossas iniciativas”, pontua.
O especialista conta que o Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG surgiu no início dos anos 2000 voltada para modelos de negócio tradicionais. Entretanto, seguindo as tendências de inovação do mercado, o local se tornou um espaço para as startups. Até o momento, a iniciativa já conseguiu amparar 32 empresas de forma bem sucedida desde a concepção até a inserção dentro do mercado.
Exemplo de R$ 5 milhões
Desenvolvida para solucionar a escassez de mão de obra em trabalhos avulsos, conhecidos como “freelance”, o aplicativo “eFreela” foi desenvolvido para realizar a ligação entre as empresas que precisem de serviço e profissionais temporários. A iniciativa foi criada por dois jovens empreendedores em um investimento de R$ 500 mil. Hoje a startup já está sendo avaliada em R$ 5 milhões no primeiro ano de operação.
“O eFreela democratizou o acesso às oportunidades de trabalho para os freelancers”, sinaliza Keven Vidda, um dos criados da empresa. “Antes para conseguir um trabalho em um estabelecimento era preciso conhecer quem seria contratado. Mas, com o aplicativo, o freelancer tem o mesmo acesso às vagas ofertadas”, acrescenta.
Vidda também conta que a iniciativa foi bem vista pelos freelancers e pelos empresários que precisam dos serviços avulsos. Usuários da plataforma ainda destacam que o maior benefício é o sistema de pagamento, algo que facilita a gestão financeira por completo. Além da segurança dentro do processo de firmar o contrato.
De acordo com os criadores, o próximo passo é se tornar uma “fintech”, uma empresa que utiliza tecnologia para gerar soluções para o mercado. Para isso, o plano é que a plataforma gere uma experiência completa para o usuário, incluindo o serviço de intermédio na contratação de freelancers e passando por um sistema de pagamentos, obtenção de crédito e investimentos.
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