Bastidores
Há um movimento na base de Vanderlan Cardoso para que dois presidentes de partido, Joaquim Liminha (PSC) e Jorcelino Braga (PRP), disputem mandato de deputado estadual ou deputado federal. “Liminha e Braga, dois articuladores do primeiro time, incentivam todo mundo a disputar, mas vão ficar de fora? Não pode”, diz um vanderlanista.
O PPS de Porangatu, dirigido por um militar do Exército, faz críticas contundentes ao prefeito Eronildo Valadares. O peemedebista não estaria “dando conta” de administrar o município e, depois de um ano e quatro meses de gestão, não criou uma marca. É o que diz o PPS. Já tem gente pensando no inominável — colocar adesivo no automóvel com os seguintes dizeres: “Volta, Zé Osvaldo!” Um absurdo, é claro. Mas uma coisa é certa: Eronildo não é incompetente (como gestor) e, por isso, pode dar a volta por cima.
Pré-candidata a deputada federal, a empresária Magda Mofatto (PR) aposta na candidatura do empresário Joaquim Guilherme (PR), de Morrinhos, a deputado estadual. Com ampla estrutura, Joaquim Guilherme é o mais forte candidato de Morrinhos a deputado estadual. Se divulgar que vai mesmo disputar, o vereador Aluzair Rosa (PP) pode retirar sua pré-candidatura e apoiá-lo. O PMDB de Thiago Mendonça pode apoiar Joaquim Guilherme, ex-presidente do Sindicato do Leite (Sindileite).
O prefeito de Morrinhos, Rogério Troncoso (PTB), confirmada a candidatura de Joaquim Guilherme, seu arqui-inimigo, vai bancar um candidato a deputado estadual consistente — que pode ser Chiquinho Oliveira (PHS) ou Afrêni Gonçalves (PSDB). Ou os dois. Conta-se que, quando ouve o nome de Joaquim Guilherme, Troncoso tem urticária. O objetivo número um de Troncoso não é eleger um deputado estadual, mas sim derrotar Joaquim Guilherme. A preocupação número dois de Troncoso é contribuir para a eleição do aliado Célio Silveira (PSDB) a deputado federal.
O psicólogo e jornalista Gilberto Alves Marinho criou o Cineclube da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra-Goiás (Adesg). As atividades do Cineclube Adesg-GO terão início na sexta-feira, 2, no Teatro Goiânia, com a projeção do documentário “Razões Para a Guerra”. O intelectual Gilberto Marinho é o delegado regional da Adesg.
Se a direção nacional do PC do B não decretar intervenção em Goiás, bancando políticos sérios e éticos como Aldo Arantes, Fábio Tokarski e Luiz Carlos Orro, o partido, ao menos no Estado, certamente mudará o nome para Partido Capitalista do Brasil.
Ernesto Roller, humilde e racionalista, não gosta de ser chamado assim, mas em Formosa até os aliados do prefeito Itamar Barreto o chamam de “rei do Entorno”. Roller (PMDB), que os eleitores de Formosa chamam de “prefeito”, já pensando em 2016, tende a ser o candidato a deputado estadual mais bem votado do Entorno de Brasília. Os eleitores de Formosa parecem ter uma dívida com Roller, porque não o elegeram prefeito em 2012.
Enquanto o prefeito de Formosa vai de “ih tá mar a pior”, desanimado e sempre reclamando de uma dívida faraônica deixada pelos antecessores (e é um fato), os prefeitos de Cristalina, Luiz Carlos Attié, e de Luziânia, Cristovão Tormin, estão dando a volta por cima. Eles são do PSD do deputado federal Vilmar Rocha.
Pré-candidato a deputado federal pelo PPS, Marcos Abrão colhe os frutos de sua eficiência no comando da Agência de Habitação. Na quinta-feira, 24, o jovem político recebe o título de Cidadão de Caldas Novas. A propositura é do vereador Claudinho Costa. Vale acrescentar que Costa é do PMDB — o que sugere o caráter suprapartidário do trabalho de Marcos Abrão na Agehab. Na sexta-feira, 25, Marcos Abrão recebe o título de Cidadão Anapolino. A propositura é do vereador Jean Carlos (PTB). O presidente do PPS foi o principal responsável pela recuperação da Goiasindustrial. A companhia estava em processo de liquidação.
A ex-deputada federal Marina Santa'Anna (PT) colocou-se à disposição do PT para ser candidata ao Senado na chapa do pré-candidato a governador do partido, Antônio Gomide. Marina representa o grupo de Pedro Wilson e Olavo Noleto. O vice de Gomide pode ser indicado pelo grupo do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Espécie de outside no PT, o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira também é cotado para vice. Gomide respeita todos os nomes sugeridos e não veta nenhum deles, mas gostaria de ter na chapa majoritária pelo menos um integrante de outro partido. Não tanto pela questão do tempo de tevê, e sim sobretudo devido a passar a imagem de que o PT não está sozinho. Mas uma coisa é certa: Gomide não quer e não vai participar de leilão.
Por falta de estrutura, Abelardo Vaz (PP) pode não disputar mandato de deputado estadual em 5 de outubro deste ano. Como o ex-prefeito de Inhumas está indeciso, outro nome foi posto na roda. Trata-se de Celsinho Borges, que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Rondinelly Carvalhais Barros, em 2012. A dupla perdeu para o advogado Dioji Ikeda, do PDT, mas se tornou conhecida no município e região. Integrante da nova geração de políticos do grupo comandado pelo deputado federal Roberto Balestra, Celsinho é o plano B que pode virar plano A. A diferença entre Abelardo e Celsinho é que ao primeiro sobra falta de vontade para disputar e, no segundo, sobra vontade de ser candidato.

[caption id="attachment_2100" align="alignleft" width="300"] Iris Rezende e Júnior Friboi: um tem de mimar o outro. É inescapável[/caption]
Na semana passada, repórteres que sondaram os bastidores do PMDB perceberam que, apesar do feriado e da Semana Santa, iristas e friboizistas estavam em pé de guerra, mas disfarçando. No seu quartel-general, acolhendo orientação de Duda Mendonça, Júnior Friboi recomendou aos seus luas-bois que fizessem um voto de silêncio e, sobretudo, que parassem de chamar Iris Rezende de “político do século passado”. O empresário não quer ampliar as arestas com o decano peemedebista. No bunker de Iris, havia recomendação similar. Os iristas foram aconselhados a não “humilhar” nem a “bater” em Friboi. O que, de fato, está ocorrendo.
Os friboizistas desmentem de pés juntos e garantem que, na possível reunião de terça-feira, 22, o empresário, um dos pré-candidatos a governador do PMDB, não vai jogar a toalha para hipotecar apoio integral à candidatura de Iris Rezende a governador. Em Brasília, há dois tipos de comentários. Num deles, entre peemedebistas, afirma-se que Iris dobrou Friboi e que será “o” candidato e que Friboi será o seu vice. Se eleito, Iris deixaria o governo em abril de 2018, e Friboi, como seu vice, assumiria o governo. Noutro comentário, mais na seara petista, afirma-se ter certeza de que Friboi será candidato a governador. Argumenta-se que o empresário já montou uma estrutura, inclusive uma chapa de candidatos a deputado estadual e federal, para a disputa. Se não for candidato, a estrutura será facilmente desmontável, mas com a possível desistência de alguns candidatos.
Iris e Friboi jogam de maneiras idênticas, com objetivos diferentes. Iris sabe que, se for candidato, mas com Friboi amplamente descontente, o PMDB não será estrutura financeira adequada e, com isso, será presa relativamente fácil para o governador Marconi Perillo (PSDB). E Friboi sabe que, se for candidato, porém com Iris descontente e humilhado, seu nome terá de ser modificado para José Batista “Pirro” Júnior.
Friboi precisa dos votos de Iris. E este precisa do dinheiro daquele. É simples assim.

[caption id="attachment_2097" align="alignleft" width="620"] Marconi Perillo: as oposições criaram uma caricatura do tucano e por isso não conseguem combatê-lo com precisão e proveito | Rodrigo Cabral[/caption]
O Jornal Opção perguntou a três pesquisadores e a um marqueteiro a razão da longevidade política do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os quatro disseram que, por ser tão debatida e conhecida, a política não tem segredos. Mas admitem que aqueles políticos que são atentos aos detalhes e não se acomodam, mantendo um olho aberto mesmo quando aparentemente dormem, se tornam vencedores.
Marconi, de 1998 para cá, não perdeu nenhuma eleição majoritária — e não enfrentou nenhum Olaria ou Vila Nova. Pelo contrário, só enfrentou pesos pesados, como Santos, Flamengo, Cruzeiro e Corinthians, quer dizer, políticos barra-pesada como Iris Rezende e Maguito Vilela, ambos do PMDB. Não foram vitórias fáceis. Todas foram apertadas. Mas, como se sabe, o que importa é vencer — não é relevante se o placar foi de 1 a 0 ou de 5 a 0.
Mas por que Marconi derrota os pesos-pesados do PMDB há 16 anos — sem nenhuma derrota? Qual é sua mágica? Não há nenhuma “mesmerismo”, dizem os entrevistados. O segredo principal de Marconi é que não dorme no ponto. A política é sua principal atividade — não é lazer. Ele é um político vocacionado, profissional, na acepção do sociólogo alemão Max Weber.
Marconi trabalha com “inteligência” política — há muito desistiu daquilo que, na falta de melhores palavras, chamam de “intuição” e “feeling”. O tucano-chefe se tornou um “investigador” rigoroso da atividade política, até de suas filigranas. Pesquisa intensamente a política e a sociedade. Aprecia saber o que a sociedade pensa e como pensa. Por isso busca interferir na realidade tão-somente depois de ter informações mais precisas sobre o terreno em que está “pisando”, em que está se movendo.
Além disso, frisaram os pesquisadores, Marconi tem uma disposição para o trabalho que impressiona. Alguns políticos jogam cartas, pescam e vão ao estádio. Marconi faz política — é sua segunda pele. Quando vai ao estádio, diverte-se, é fato, mas lá, como em quaisquer outros lugares, faz política, observa detalhes do local e conversa com as pessoas. É tremendamente perceptivo.
Há outra questão que diferencia Marconi de alguns políticos. Ele é focado. Mira numa questão e procura resolvê-la — sem dispersão. Não foge dos problemas reais. Outra característica, uma virtude, é a capacidade reunir equipes competentes e, sobretudo, saber liderá-las. Os pesquisadores sugerem que tem “autoridade”. À sociedade cada vez mais está se apresentando, e sendo aceito, como gestor — e menos como político. Pode-se dizer que Marconi usou a gestão para despolitizá-lo e, com isso, acabou por politizá-lo ainda mais. Noutras palavras, conferindo o que pensa a sociedade, Marconi concentrou-se na gestão e, com isto, obteve (mais) sucesso político.
Do ponto de vista estritamente político, Marconi articula com habilidade, agregando grupos políticos e indivíduos isolados — tendo a percepção exata do valor dos partidos e dos líderes. Ele valoriza como pouco as alianças políticas. Os políticos que estão próximos dele até reclamam de auxiliares, mas, quando tem acesso direto ao governador, geralmente conseguem discutir e resolver seus problemas.
Quanto ao seu marketing, tanto de governo quanto do político, cerca-se do que há de mais moderno. Detesta amadorismo e nunca é enganado pelos palpiteiros de plantão.
Outra de suas virtudes é capacidade de decidir com rapidez e eficiência. Para fazer uma obra não prescinde de um planejamento de qualidade. As oposições não têm percebido com inteligência e clareza como Marconi é um político que tem usado, de maneira ampla e irrestrita, a razão para se manter no poder. As oposições contentam-se com explicações parciais e falhas — como sugerir que investe muito em publicidade (a presidente Dilma Rousseff investe muito também e está caindo nas pesquisas).
Atenção às coisas da modernidade — é dos poucos políticos que usam com desenvoltura, e sem precisar necessariamente de auxiliares, as redes sociais — é outra das virtudes do tucano-chefe.
Em suma, aqueles que quiserem combater Marconi com eficiência precisa entendê-lo sem parti pris ideológico. A crítica perceptiva, entendendo-o na sua integralidade, é a única que pode combatê-lo de verdade. Nos últimos anos, as oposições têm combatido mais uma espécie de caricatura, que elas próprias criaram, e muito pouco o político real de carne e ossos. Como têm sido lentas na formulação, quando tentam “capturar” Marconi, o governador, como as águas de Heráclito, o pai da dialética, está noutra fase. Portanto, a capacidade do tucano de reformular-se, de não ficar paralisado e de usar a ciência em defesa de seu projeto político têm sido bastante úteis. Pode-se dizer que, enquanto Marconi está na fase da informática de ponta, seus opositores estão na idade da pedra polida. Hoje, o político que mais se aproxima do tucano, em termos de modernidade, é o petista Antônio Gomide. Os demais estão muito atrás do tucano-chefe e, por isso, se tornaram fregueses contumazes. Ao contratar Duda Mendonça, Friboi quer capturar o Marconi Perillo real para criticá-lo de modo apropriado e eficaz. Porém, até agora, Friboi tem passado ao largo — assim como Vanderlan, Iris Rezende e, até, Gomide, este, ressalve-se, o mais atento.

[caption id="attachment_2092" align="alignleft" width="300"] José Eliton: vice articula, e bem, permanência na chapa majoritária | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
José Eliton começou a carreira política como aliado de Ronaldo Caiado (DEM). Mas, quando o deputado federal decidiu romper com o governador Marconi Perillo, o vice-governador decidiu ficar ao lado do tucano-chefe. Houve um rompimento brusco, de caráter incontornável. Em seguida, Eliton trocou o DEM, partido pelo qual se elegera, pelo PP, do qual se tornou presidente regional. Caiado decidiu tomar-lhe o mandato, mas, apesar do questionamento do Ministério Público, a legislação ampara o vice.
O que está de fato em jogo? O governador Marconi Perillo propôs uma chapa “provisória” para a disputa de 2014: ele vai à reeleição, Eliton permanece na vice e o deputado Vilmar Rocha disputa mandato de senador. É uma chapa técnica e ideologicamente consistente, mas eleitoralmente, se retirado o nome de Marconi, perde densidade. A rigor, os votos de Eliton e Vilmar já “pertencem” ao tucano-chefe. Por isso, políticos como Jovair Arantes(PTB) e Magda Mofatto (PR) sugerem que Caiado seja incorporado à chapa majoritária, como candidato a senador. Motivo: atrai voto novo, sobretudo do eleitorado dito independente e crítico. Porém, na chapa majoritária, Caiado significa a exclusão de Eliton, porque Vilmar seria o candidato a vice.
Engana-se quem pensa que Eliton, por ser um político jovem, não tem capacidade de articulação. Tem, sim, e movimenta-se com rara habilidade. Entre seus aliados, diretos e indiretos, estão o prefeito de Goianésia, Jalles Fontoura (PSDB), os deputados federais Vilmar Rocha (PSD), Thiago Peixoto (PSD) e Sandes Júnior (PP), o presidente da Assembleia Legislativa, Helder Valin (PSDB), o prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Kennedy Trindade, o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Sebastião Caroço Monteiro e o economista Giuseppe Vecci (PSDB). Trata-se de uma rede azeitada.
Eliton, portanto, tem condições de se manter como vice de Marconi para a disputa deste ano. Porém, dependendo do resultado das pesquisas, assim que forem definidas as candidaturas, notadamente entre maio e junho, o governador vai interferir no processo — doa a quem doer, pois a política é a arte do pragmatismo absoluto.
Numa conversa com dois editores do Jornal Opção, no Palácio Pedro Ludovico, o governador disse que, em 2014, gostaria de fazer por Caiado o que este fez por ele em 1998. O jovem tucano vai colocar o interesse da base aliada acima do interesse pessoal de “A” ou “B”. Mas tudo será muito bem conversado, para evitar arestas instransponíveis. Entretanto, como se sabe, não há como fazer política, da grande à pequena, sem arestas e conflitos. Ressalte-se que o apreço de Marconi por Eliton não é apenas político — chega ao plano pessoal.
Para terminar uma frase de Matheus de Albuquerque para ilustrar o conflito entre Eliton e Caiado: “Todo homem superior precisa de três ou quatro inimigos, para não ficar sepultado na unanimidade dos louvores”.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e outros líderes do PMDB sugerem que, unidos, Iris Rezende e Júnior Friboi podem conseguir o que parece impossível: o enquadramento do PT de Antônio Gomide. Peemedebistas sugerem que a união de Iris e Friboi, difícil mas não impossível, pode retirar o impacto da candidatura de Gomide a governador. O resultado é que, ao menos no entendimentos dos líderes do PMDB, o ex-prefeito de Anápolis acabaria por aceitar ser candidato a senador. Gomide pensa exatamente o oposto: permanece candidatíssimo a governador de Goiás. Está circulando por todo o Estado e, apesar da escassa estrutura, não mostra nenhum desânimo.