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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), participou nesta terça-feira, 28, de uma audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, realizada em Brasília, para debater a separação de presos por facções criminosas e o impacto dessas organizações no sistema prisional brasileiro. O evento, que reuniu autoridades e especialistas da área, teve como objetivo discutir estratégias de comando interno e apresentar boas práticas no combate ao crime organizado.

Convidado pelo deputado federal Capitão Alden (BA), autor do projeto de lei que propõe separar presos apenas por critérios legais e objetivos, Caiado apresentou o modelo goiano de segurança pública, que combina isolamento de lideranças criminosas, trabalho integrado das forças policiais e programas de ressocialização. “Em Goiás, quem manda é o Estado, não a facção”, enfatizou o governador, que participou de forma remota.

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Foto: Reprodução/Câmara de Deputados

Medidas adotadas em Goiás

Caiado detalhou as principais ações implementadas em Goiás para controlar o sistema penitenciário:

  • Isolamento de líderes de facções: os presos que comandam operações criminosas são 100% isolados, sem acesso para continuar determinando regras. Apenas têm direito ao banho de sol.
  • Rigor na fiscalização: inspeção rigorosa de entradas e saídas dos presídios, suspensão de visitas íntimas a faccionados e gravação de falas de advogados para impedir que sejam usados como porta-vozes do crime.
  • Separação de presos: criminosos comuns são separados de traficantes ou “batizados” que não aceitam ressocialização.
  • Integração das forças de segurança: Polícia Penal, Civil, Militar, Científica, Federal e Rodoviária Federal trabalham de forma coordenada, com acompanhamento direto do governador.
  • Ressocialização e educação: parceria com a iniciativa privada em galpões que oferecem cursos de mecânica, marcenaria, construção civil e confecção. Presos interessados podem estudar e aprender profissões.

O governador destacou que, com essas medidas, a criminalidade em Goiás foi reduzida a patamares “ínfimos, insignificantes”. Entre 2019 e 2024, o Estado investiu mais de R$ 350 milhões no sistema penitenciário, aplicados em reformas, construção de unidades, aquisição de armamento, veículos e materiais hospitalares.

Críticas ao governo federal

Durante a audiência, Caiado fez duras críticas à PEC do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e à postura do governo federal em relação ao crime organizado. Ele classificou o país como caminhando “a passos largos para um processo de narcoestado” e criticou a complacência do governo com o narcotráfico, citando o caso da Venezuela.

O governador lembrou do contexto de segurança crítico no Rio de Janeiro, com ataques do Comando Vermelho usando drones carregados com explosivos, e criticou a falta de apoio federal às forças estaduais. “O Brasil não tem um governo federal com responsabilidade e compromisso no combate à criminalidade”, afirmou.

Caiado também questionou a eficácia dos presídios federais, apontando que chefes do Comando Vermelho e PCC continuam comandando facções mesmo em unidades de segurança máxima, e defendeu medidas mais rigorosas para desapropriação de bens ligados ao narcotráfico.

Reconhecimento e convite

O deputado federal Alberto Fraga destacou a relevância do modelo goiano: “Caiado deu o exemplo do que pode ser feito no Brasil. O que falta às autoridades é coragem, coisa que não faltou ao governador”.

Caiado ainda convidou a pesquisadora Camila Nunes Dias a visitar Goiás para conhecer o sistema prisional e a segurança pública “na prática, não no discurso”, ressaltando a segurança do estado e o alcance das políticas públicas implementadas.

Resultados e impactos

O governador reforçou que Goiás se tornou referência em segurança pública, destacando também avanços em educação, tecnologia, transparência de gastos e redução da pobreza. Ele citou a diminuição de 83% no número de jovens no sistema socioeducativo e a melhoria estrutural das penitenciárias, que hoje são limpas, seguras e organizadas.

“Sem segurança, não há governabilidade. Com segurança, é possível resolver todos os outros problemas do Estado”, concluiu Caiado, sintetizando a experiência goiana como exemplo para o país.

Além do governador, participaram da audiência a deputada federal Delegada Ione; o diretor de Inteligência Penal da Secretaria Nacional de Políticas Penais, Antônio Glauter; o juiz de Direito Douglas de Melo Martins; a professora da Universidade Federal do ABC, Camila Nunes Dias; e o pesquisador do CNPQ Murilo Ribeiro de Lima.

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