Nas últimas semanas, várias cidades brasileiras têm vivenciado a lotação de unidades de saúde, provocada pelo aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) principalmente em crianças.

O cenário não chega a ser uma novidade com a chegada do outono, do frio e do tempo mais seco, mas este ano está ocorrendo em maior intensidade e com uma causa bem específica: o VSR (Vírus Sincicial Respiratório).

A avaliação é do InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo seu coordenador, Marcelo Gomes, a alta também está relacionada, em menor grau, a outros vírus, como o influenza (da gripe comum) e da própria Covid. No entanto, o que causa mais preocupação é mesmo o surto de Vírus Sincicial Respiratório, que afeta principalmente crianças entre 0 e 4 anos.

O aumento tem sido observado pelo menos desde fevereiro, momento que marcou a volta às aulas presenciais em instituições de ensino públicas e privadas. Em conjunto com a flexibilização das medidas de prevenção contra a COVID-19, o cenário favoreceu a circulação dos vírus.

Dados do InfoGripe mostram que desde o início do ano, o país registrou 35.603 casos de SRAG em crianças de 0 a 11 anos, número 43,1% maior que no mesmo período de 2021, quando notificou 24.878 ocorrências. Do total, 21.049 ocorreram entre o público de até 4 anos de idade.

O que é o VSR

O vírus sincicial respiratório (VSR), que pertence ao gênero Pneumovirus, é um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. Na maior parte dos casos, ele é responsável pelo aparecimento de bronquiolite aguda e pneumonia, especialmente em bebês prematuros, no primeiro ano de vida.
Sintomas

Nos adultos e crianças maiores com boas condições de saúde, os sintomas são semelhantes aos do resfriado comum – secreção nasal, espirros, tosse seca, febre baixa, dor de garganta e dor de cabeça.

Com a progressão da doença, porém, a infecção pode alcançar o trato respiratório inferior e afetar bronquíolos, alvéolos e pulmões. Por isso, merecem atenção e cuidado os seguintes sinais clínicos: febre alta, muita tosse, dificuldade para respirar, adejo nasal, cianose labial e nas extremidades, pieira, tiragem intercostal, falta de apetite e letargia.

Diagnóstico

O diagnóstico na maioria das vezes é clínico. Mas os casos de VSR acabam constando como “síndromes gripais” ou “viroses”. Marcelo Gomes, da Fiocruz, destaca a importância da testagem. “É fundamental, nesses quadros, especialmente quando a gente está observando internação, que se tenha o exame laboratorial para que a gente consiga saber do que se trata. Até porque casos de gripe — Influeza — tem antiviral específico. O Sincicial, não. Ele até tem uma vacina, mas é só para grupos de risco muito específicos”, diz.

“Então, é importante a gente ter essa categorização bem feita para saber qual o cenário e qual vai ser o manejo adequado. Até em termos de risco para agravamento.”