Smartwatches podem prever Parkinson 7 anos antes do diagnóstico, diz estudo
05 julho 2023 às 11h36
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Os smartwatches se tornaram extremamente populares e vêm ganhando cada vez mais recursos na área da saúde, como monitoramento cardíaco, detecção de quedas e até mesmo medição da glicemia. Agora, cientistas da Cardiff University, no Reino Unido, descobriram que esses dispositivos vestíveis têm a capacidade de prever casos da doença de Parkinson com até sete anos de antecedência, utilizando Inteligência Artificial (IA). É importante ressaltar que o uso desses dispositivos para essa finalidade deve ser feito sob acompanhamento médico e em ambientes de pesquisa.
O segredo por trás do diagnóstico de Parkinson através do smartwatch está no acelerômetro, um sensor de movimento que pode detectar o nível de aceleração do dispositivo e, consequentemente, do usuário que o utiliza no pulso. Esse sensor é fundamental para o rastreamento da doença, que está intimamente ligada à piora da coordenação motora.
“Sabemos que, à medida que a doença de Parkinson se desenvolve, há mudanças na velocidade do movimento. Por isso, investigamos se a acelerometria poderia funcionar como um marcador prodrômico [que antecede os primeiros sintomas] para a doença de Parkinson e, finalmente, permitir o diagnóstico precoce”, afirma Kathryn Peall, uma das autoras do estudo, em nota.
Publicado na revista científica Nature Medicine, o estudo britânico utilizou IA para analisar dados de mais de 100 mil voluntários que usaram smartwatches entre 2013 e 2016. Os participantes tinham entre 40 e 69 anos e utilizaram o dispositivo por pelo menos uma semana. Em seguida, um modelo de IA comparou esses dados com informações de indivíduos diagnosticados com Parkinson.
A ferramenta identificou, com sucesso, a maioria dos possíveis casos da doença. “Nossos resultados mostraram que uma redução pré-diagnóstico na taxa de aceleração foi exclusiva da doença de Parkinson e não foi observada em nenhum outro distúrbio que examinamos”, acrescenta Cynthia Sandor, outra pesquisadora do estudo, sobre a descoberta.
Apesar do sucesso no experimento, a estratégia ainda não está pronta para o uso em larga escala. Os autores afirmam, no artigo, que é necessário estabelecer melhor o grau de precisão, já que um diagnóstico positivo para a doença neurodegenerativa pode ter graves impactos na vida de um indivíduo. A estratégia também deve ser testada em outras populações, fora do Reino Unido.
Mesmo que, de modo preliminar, a possibilidade de um diagnóstico simplificado e feito com antecedência de anos para o Parkinson é bastante promissor. Outros pesquisadores testam a IA na detecção da doença através da respiração. Hoje, a maioria dos quadros são identificados quando a doença está em um estágio avançado, marcado por tremores, lentidão dos movimentos e mudanças no caminhar praticamente irreversíveis. Neste estágio, a ciência oferece poucas opções de tratamento.
Por outro lado, a descoberta associada ao uso de smartwatches já pode ser usada para facilitar o recrutamento de voluntários para novos estudos sobre o Parkinson. Afinal, os indivíduos que se enquadram nos critérios da IA são fortes candidatos a desenvolverem a doença, e podem contribuir ativamente em estudos que buscam novas opções de tratamento.