Serviço de atendimento domiciliar da Secretaria de Saúde de Goiânia é retomado
12 dezembro 2024 às 09h46
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O atendimento domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), o home care, foi retomado após pagamento parcial da dívida da Prefeitura com a empresa prestadora do serviço. A falta de pagamentos de valores destinados à empresa TransMédica por parte da gestão de Rogério Cruz (Solidariedade) e Wilson Pollara levou à paralisação do serviço humanizado de atendimento. Agora, após pagamento de duas das seis parcelas acordadas, o home care foi restabelecido na capital.
Em entrevista ao Jornal Opção, o diretor técnico da empresa responsável pelo serviço de saúde domiciliar, Rodrigo Cleto, conta que a dívida total chegou na casa dos R$4,5 milhões. A falta desse montante levou à paralisação de 100% do atendimento da equipe multidisciplinar (fonoaudiólogo, assistente social…) e de 50% da equipe de enfermeiros. Os casos mais críticos não ficaram desatendidos em pela enfermagem em momento algum, “porque semanalmente havia a promessa de que ia pagar” e “o compromisso nosso também com os pacientes fazia com que a gente não retirasse essa assistência”, explica Cleto.
Inicialmente, foi acordado em reunião na semana passada, com o atual secretário da pasta, Pedro Guilherme Gioia, que seriam pagas quatro das seis parcelas da dívida. “Isso não ocorreu”, conta o diretor da TransMédica. Nova reunião foi solicitada por Pedro Guilherme na última quarta-feira, 11, e nela foi proposto o pagamento de duas parcelas de forma imediata, e a tentativa de quitar outras duas até o fim deste mandato. “Na boa-fé, a gente aceitou essa proposta”, afirma Cleto.
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As duas parcelas acordadas foram pagas ainda ontem, 11, e o serviço retornou ao funcionamento integral. “A gente aguarda as outras duas serem pagas até o final de dezembro”, compartilhou. Cada uma das parcelas varia entre os R$650 mil e R$700 mil, enquanto o número médio de pacientes atendidos é de 28.
Posicionamento
Em nota, a SMS informa que o pagamento “de prestadores de serviços que atuam de forma contínua no sistema de saúde do município” foram iniciados na quarta-feira, 11. O secretário de Saúde há sete dias na posição resume: “Repassamos à Transmédica um total de R$ 1,37 milhão, pagamento referente às competências dos meses de setembro e outubro. Com isso, ontem à noite ainda, o atendimento aos 28 pacientes assistidos em casa, foi completamente normalizado”.
Apesar de ainda haver recursos bloqueados pelo Ministério Público (MP-GO), também foram feitos pagamento para garantir insumos nas unidades de saúde da capital. Segundo a pasta, milhares de doses de medicamentos injetáveis já foram entregues. Entre as medicações e insumos estão: luvas, abocath, soro, dexametasona, prometazina, heparina, hidrocortisona, sulfato de magnésio, clindamicina e escopolamina.
“Fizemos acordo com fornecedores para entrega imediata de medicamentos e insumos que estavam em falta, finalizamos o processo licitatório para compras de medicamentos e insumos para todas as unidades de saúde, e publicamos no portal digital a compra emergencial que deverá ser concluída até sexta-feira”, explica Pedro Guilherme.
Apesar da realização desses pagamentos, não existe cronograma definido para pagamento dos prestadores vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), como hospitais, clínicas e laboratórios.
Na contramão do mundo
Uma crítica feita pelo diretor técnico da empresa responsável pelo home care foi em relação à gestão dos leitos de UTI no país. Enquanto “o mundo inteiro investe em desospitalização, em home care”, o Brasil parece caminhar na contramão, afirma Cleto.
Ele coloca o atendimento domiciliar como mais barato e mais humanizado para muitos pacientes, o que se apresenta como uma alternativa mais eficiente para muitos pacientes. Um leito domiciliar chega a ser 50% mais barato do que uma vaga de UTI em um hospital. Cleto é categórico ao afirmar: “Isso é planejamento estratégico, isso é entendimento de política pública, que infelizmente os nossos gestores, poucos são comprometidos com isso”.