Remédios ficam 5,6% mais caros
31 março 2023 às 15h30
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A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos autorizou, nesta sexta-feira, 31, o reajuste de 5,6% nos medicamentos vendidos no país. Esta decisão leva em conta a inflação acumulada nos últimos 12 meses e passa a valer a partir de hoje. Segundo a indústria, alguns medicamentos que têm muita concorrência de genéricos podem subir menos que o índice definido.
O aposentado Pedro Carlos da Justa, 63 anos, gasta em torno R$ 600 reais por mês. Considerando o salário mínimo, tal valor corresponderia a aproximadamente 30% da renda mensal. “Recebo com muita tristeza e preocupação esse reajuste, especialmente para a gente que é aposentado e não tem reajuste há bastante tempo”, comenta. Além disso, ele explica que remédios são gastos indispensáveis. “É algo que não podemos abrir mão. Remédio não tem jeito. Temos de tomar sob pena de colocarmos nossa saúde em risco”, avaliou.
Um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) aponta que o teto dos preços dos remédios não impede reajustes abusivos nas compras realizadas pelos consumidores em farmácias. É o caso, por exemplo, do Clavulin, antibiótico, que pode chegar até 86% de diferença nos preços. Já nos medicamentos genéricos, a variação ficou entre 384% no omeprazol, remédio para gastrite, e 91,9% no atenalol, um anti-hipertensivo.
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) afirmou em nota que os últimos anos foram atípicos para o setor, especialmente devido à pandemia causada pelo coronavírus e à incidência de sintomas pós-Covid, que impulsionaram preços. Além disso, afirmam que a guerra na Ucrânia também aumentou os gastos com logística.
De acordo com a nota, várias indústrias farmacêuticas fecharam o balanço de 2022 com margens reduzidas, mesmo reajustando preços pelo índice autorizado ou sendo obrigadas a reduzir descontos em alguns produtos. O Sindusfarma ressaltou ainda que o consumidor deve pesquisar os preços dos medicamentos e estar atento aos valores, já que nenhuma empresa pode aumentar o preço máximo ao consumidor sem autorização do governo. Além disso, a entidade esclareceu que o reajuste não é automático nem imediato e que, dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer.