Psicanálise gratuita transforma praças em espaços de escuta e acolhimento para quem precisa
07 agosto 2025 às 16h23

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Em meio ao crescente debate sobre saúde mental no Brasil, um projeto inovador tem ganhado destaque em Goiânia. A iniciativa intitulada Psicanálise na Praça, criada pelo psicanalista Jorge Cordeiro, em 2012, oferece atendimentos gratuitos a pessoas em situação de vulnerabilidade emocional e social, com sessões realizadas quinzenalmente na Praça do Sol, no Setor Oeste, e também pela internet.
Cordeiro afirma que a vida urbana adoece, e a solidão nas cidades é um dos maiores sofrimentos contemporâneos. Para ele, levar a psicanálise aos espaços públicos é uma forma de romper barreiras e criar ambientes de escuta onde antes predominavam o isolamento e a pressa. Os atendimentos são realizados mediante agendamento, evitando filas e garantindo conforto aos participantes. Não há qualquer custo envolvido.
Mesmo atuando em consultório particular, o psicanalista reforça que o projeto não possui fins comerciais. “Na praça, todos são tratados com o mesmo cuidado que teriam em um consultório. Muitos, inclusive, são acompanhados há anos sem nenhuma obrigação financeira”, destaca.
Ansiedade, luto, autoestima, sexualidade e relacionamentos são alguns dos temas abordados nas sessões. O público é variado: há quem busque o atendimento regularmente e quem recorra ao projeto em momentos pontuais. “Algumas pessoas voltam a cada três meses, outras quinzenalmente. O importante é que saibam que podem contar com esse espaço sempre que precisarem”, explica o idealizador.
Crise silenciosa
A proposta também se conecta a um problema nacional urgente. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou, em 2024, quase meio milhão de afastamentos por transtornos mentais — o maior número em pelo menos uma década. Diante desse cenário, o projeto atua não apenas no cuidado direto, mas também na conscientização.
“Sentar numa praça para falar de si é um ato de coragem e autocuidado. Quando as pessoas veem isso, se sentem mais encorajadas a procurar auxílio também. Precisamos acabar com o estigma contra quem busca apoio emocional”, defende Cordeiro.
Novos voluntários
Com mais de uma década de atuação, Jorge Cordeiro agora sonha em ampliar o alcance da iniciativa. A ideia é reunir outros profissionais voluntários para atender ainda mais pessoas e fortalecer a rede de apoio emocional em Goiânia.
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