Um paciente que lutava contra o câncer há 13 anos teve uma reviravolta impressionante em seu quadro de saúde. Paulo Peregrino, um escritor e publicitário de 61 anos, foi diagnosticado com seu terceiro linfoma não-Hodgkin em 2018 e já havia tentado diversos tratamentos sem sucesso. No entanto, ele foi um dos 14 participantes de um estudo pioneiro realizado pelas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan, em colaboração com o Hemocentro de Ribeirão Preto.

A terapia utilizada no estudo é conhecida como CAR-T Cell e consiste em modificar as células de defesa do próprio paciente em laboratório para que possam combater os linfomas e a leucemia. No caso de Paulo, a evolução foi surpreendente. Em apenas um mês de tratamento, ele alcançou a remissão completa da doença, juntando-se a outros nove pacientes que também apresentaram esse resultado positivo.

“Sobrevivi, ou melhor, ressuscitei pela segunda vez em poucos dias. Superei essa frustração e ontem, exatos 30 dias após, recebi minha segunda alta da Hematologia/TMO, espero que agora seja definitiva”, comemorou Peregrino.

Os exames de imagem mostram claramente a diferença entre os estágios pré e pós-tratamento. Enquanto as imagens anteriores revelam a presença disseminada da doença, as imagens posteriores demonstram a ausência completa dos linfomas no corpo do paciente.

Doutor em Hematologia e Terapia Celular e professor titular da USP, Vanderson Rocha explica que “todos os pontos pretos nas imagens são a doença, espalhada e espalhando-se rapidamente impiedosamente pelo corpo do paciente. “Emocionei por dar essa notícia maravilhosa ao paciente, à sua família e toda a equipe de médicos, cientistas, enfermeiros, técnicos e tantos outros do Hospital de Clínicas de SP e do hemocentro de Ribeirão Preto”, disse o médico.

“Esses exames são de um homem de meia idade que conseguimos incluir no uso do Car-T Cell através do Serviço de Hematologia e Hemoterapia da USP”, apontou.

É importante ressaltar que os resultados do estudo e a evolução do quadro de Paulo ainda não foram publicados em revista científica nem revisados por pesquisadores independentes. No entanto, os responsáveis pela pesquisa têm a expectativa de compartilhar essas descobertas em breve.

Como funciona a terapia

A terapia CAR-T Cell representa uma esperança para pacientes que enfrentam cânceres hematológicos agressivos e refratários aos tratamentos convencionais. Os testes com esse novo modelo de tratamento continuam, e os pesquisadores estão otimistas quanto ao seu potencial para ajudar outros pacientes no futuro.