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Mais de vinte anos após os atentados de 11 de setembro de 2001, os efeitos do colapso das Torres Gêmeas continuam sendo registrados na saúde de quem sobreviveu ou atuou nos resgates. De acordo com dados divulgados em junho de 2025 pelo World Trade Center Health Program, 48,5 mil pessoas já foram diagnosticadas com câncer relacionado à exposição à poeira e aos destroços do local.

Entre os casos confirmados, 24,6 mil são de bombeiros, policiais, trabalhadores da limpeza e voluntários que participaram das operações de resgate. Outros 23,9 mil correspondem a sobreviventes civis. Atualmente, 65% dos inscritos no programa apresentam ao menos uma condição de saúde ligada ao 11 de setembro.

A nuvem formada após a queda das torres continha cimento, asbestos, fumaça, combustíveis e diversas substâncias químicas. Segundo especialistas, essa combinação comprometeu os mecanismos de defesa do organismo, favorecendo mutações celulares que aumentam o risco de tumores.

Os cânceres mais comuns diagnosticados entre os atingidos são:

  • Câncer de pele não melanoma: 15,5 mil casos;
  • Próstata: 10,9 mil;
  • Mama feminina: 4 mil;
  • Melanoma: 3,2 mil;
  • Linfoma: 2,1 mil;
  • Tireoide: 2,1 mil;
  • Pulmão e brônquios: 1,6 mil.

Somente em 2024, o programa reconheceu 9,4 mil novos diagnósticos.

Pesquisas reforçam que os riscos são mais altos entre socorristas e voluntários. Estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute (JNCI) em 2022, com 69 mil participantes, mostrou aumento de 19% nos casos de câncer de próstata e de 81% em tireoide, além de elevação em melanoma e leucemias. Outro levantamento, de 2020, apontou que quem atuou no Ground Zero foi 41% mais propenso a desenvolver leucemia em comparação com moradores da região que não tiveram contato direto com a poeira.

Também foram identificados tumores considerados raros, como mesotelioma, relacionado ao asbestos, e cânceres de tecidos moles e do timo. Pesquisas em animais expostos ao pó do WTC apontaram maior inflamação e ativação de genes ligados à multiplicação celular descontrolada.

O James Zadroga 9/11 Health and Compensation Act, aprovado em 2011, garante que o programa de saúde funcione até 2090. Ele oferece atendimento, monitoramento e financiamento para pesquisas sobre os efeitos da exposição.

Além dos cânceres, o levantamento mais recente mostra outros diagnósticos recorrentes entre os inscritos: 41 mil casos de rinossinusite crônica, 38 mil de refluxo gastroesofágico, 22,5 mil de asma e 17 mil de transtorno de estresse pós-traumático.

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