Internação acima de 2 dias aumenta risco de proliferação de superbactérias, diz estudo

Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) revela que a rápida identificação e isolamento de pacientes infectados por superbactérias, especificamente as enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (CRE), são cruciais para reduzir a transmissão em áreas de pronto-socorro. No entanto, o estudo destaca que manter esses pacientes na emergência por mais de dois dias pode comprometer os esforços de contenção, aumentando o risco de contaminação.

O estudo, conduzido por um grupo da Faculdade de Medicina da USP, concentrou-se em entender e buscar alternativas para evitar a propagação de infecções do pronto-socorro para outras áreas do hospital. A pesquisa teve impacto na redução de bactérias multirresistentes dentro do pronto-socorro e no hospital como um todo.

O trabalho foi realizado em duas fases, uma de linha de base e outra de intervenção, no pronto-socorro do Hospital das Clínicas, que frequentemente opera acima de sua capacidade total de 800 leitos. Durante a intervenção, a triagem para CRE nas primeiras 24 horas e o isolamento de pacientes positivos mostraram-se eficazes na redução das taxas de contaminação por superbactérias durante a permanência no pronto-socorro.

O estudo destaca que a colonização na admissão foi de 3,4%, com uma redução nas taxas de contaminação para 1% durante a intervenção. Além disso, identificou que o tempo de permanência superior a dois dias na emergência foi um fator de risco para aquisição de CRE.

O médico infectologista Matias Chiarastelli Salomão, autor do estudo, enfatiza que a intervenção realizada pode ser aplicada em outros locais, destacando a necessidade de estruturas adaptadas para lidar com pacientes de longo prazo na emergência.

Esses resultados são particularmente relevantes em um cenário onde infecções hospitalares representam uma ameaça significativa à saúde pública, e a resistência aos antibióticos carbapenêmicos adiciona complexidade ao tratamento dessas infecções. O estudo destaca a importância de estratégias pragmáticas e adaptáveis para conter a disseminação de superbactérias em ambientes hospitalares.

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