A vacina Qdenga, já disponibilizada na rede privada de Saúde, está em fase de negociação também para o Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante foi criado pela farmacêutica japonesa Takeda. A diretora-executiva da empresa no Brasil, Vivian Kiran Lee, em entrevista coletiva nesta terça-feira, 14, disse confiar que “a partir de janeiro possa ter a aprovação do processo de incorporação na Conitec”.

Segundo a executiva, a discussão da incorporação da Qdenga no SUS está avançada na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). As conversas tiveram início em julho, quando a Takeda submeteu a proposta de compra. Em 5 de outubro, os conselheiros pediram informações adicionais.

Dentre as quais, o governo federal questionou a farmacêutica sobre o valor sugerido para cada dose da vacina. O preço ficou em R$ 170. No entanto, a pasta quer pagar menos, algo em torno de R$ 120 reais por dose. Cabe ressaltar, como destacou Lee, na coletiva, a qual o Jornal Opção participou, que são necessárias a aplicação de duas doses em um período de 3 a 4 meses.

A Conitec também colocou dúvidas acerca da capacidade da Takeda em oferecer a quantidade de vacinas necessárias ao público prioritário. Lee assegurou que a empresa possui capacidade para a demanda.

Ela ressaltou que a empresa pretende priorizar o acesso do imunizante no Brasil. “Temos confiança de que a aprovação chegará em janeiro, no mais tardar em abril. Não vamos medir esforços para prover e priorizar a vacina para a população brasileira e estamos à disposição do governo para negociar e discutir possibilidades”, acentuou Lee.

A executiva frisou que a Qdenga já foi aprovada em 34 países, inclusive no Brasil, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em março deste ano. E já estão disponíveis em clínicas particulares desde julho. Segundo a Takeda, o imunizante tem eficácia de 90% das hospitalizações entre os voluntários. Na rede privada, a vacina tem custos de cada dose que varia entre R$ 301,27 e R$ 500 reais.

Pesquisa sobre a percepção

Na entrevista coletiva, foi apresentado ainda uma pesquisa da Ipsos encomendada pela Takeda para medir a percepção da dengue pela população brasileira. Ao todo, de acordo com o instituto, foram entrevistadas 2 mil pessoas. 29% deles informaram que já foram infectados ao menos uma vez.

O estudo constatou o desconhecimento da população em relação a quantos vezes é possível ser infectado pela doença. Em relação a isso, apenas 2% souberam responder que se pode pegar quatro vezes dengue. Uma vez que há quatro sorotipos (tipo 1, 2, 3 e 4). 69% da população não sabe quantas vezes se pode pegar dengue.

Outra indicação da pesquisa é que apenas 27% da população sabe que existe imunizantes contra a doença.

Embora se tenha a vacina, os infectologistas altertam para os cuidados com o mosquito Aedes aegypti, pois ele é o mesmo vetor do vírus da zika e da chikungunya, que não possuem imunizantes ainda.

Leia também: Nova vacina contra dengue chega a clínicas particulares de Goiânia

Anvisa aprova nova vacina para dengue com eficácia de 80%