Idosos precisam redescobrir o beijo como manifestação da sexualidade, diz especialista
26 abril 2023 às 18h51
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“O relaxamento provocado pelo beijo é uma sensação que pode até ficar adormecida por algum tempo, tal qual a autoestima e o empoderamento sexual, porém, ao se permitir desejar e ser desejado, beijar e ser beijado, a emoção é a mesma dos tempos juvenis”. Essa conclusão é da geriatra Isabela Cruz. A médica lamenta que o beijo na terceira idade tenha se transformado em um tabu.
Para ela, erroneamente, foi se construindo, ao longo dos tempos, a cultura de que a sexualidade pertence apenas aos jovens. “O beijo não tem idade; tem sensações e manifestações significativas o suficiente para garantir uma vida sexual ativa independentemente da idade e do ato sexual em si”, completa a geriatra do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica.
“A sociedade precisa entender que a idade não é um fator limitante e que todo idoso beija, transa, abraça, festeja.
Isabela Cruz, geriatra
Para Isabela, a demonstração de amor, a manifestação do desejo e os gestos de carinho como olhares, toques, perpassam a expressão de sexualidade. “Toda relação afetiva traz naturalmente uma melhora significativa física, emocional e afetiva ao ser humano, especialmente para os idosos que, em sua maioria, encontram no beijo a maior e melhor forma de expressar-se sexualmente”, enfatiza.
Amar e ser amado
Isabela Cruz salienta que o beijo entre os casais tem o poder de ativar todos os sentidos. O que pode despertar sentimentos até então adormecidos no casal, que estão relacionados diretamente à liberdade. A sensação de se sentir desejado, amado e capaz de despertar interesse para outra pessoa está relacionado também ao aumento da autoestima, garante a especialista.
Além disso, a intimidade da relação entre idosos proporciona maior qualidade de vida, disposição e melhoria do estado físico e psicológico. “Com todos esses sentidos atribuídos ao beijo, é natural e perceptiva uma significativa diminuição do estresse e ansiedade por meio da demonstração de afeto”, pontua.
Nesse contexto, a especialista comenta que pessoas com mais de 60 anos que têm uma vida sexual ativa são mais felizes. “A sociedade precisa entender que a idade não é um fator limitante e que todo idoso beija, transa, abraça, festeja. Enfim, faz tudo que uma pessoa jovem faz, com menos frequência, mas faz”, destaca a médica, reforçando que a química do beijo é muito saudável para o corpo, saúde física e mental; e para a alma.