Grávidas estão “até sem analgésico” nas maternidades de Goiânia
18 setembro 2023 às 14h09
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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, a diretora da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc/UFG), Lucilene Maria de Sousa, disse que as pacientes grávidas das maternidades têm dado à luz sem o uso de analgésicos. Isso porque faltam recursos básicos nas unidades, como insumos, medicamentos e até mesmo ambulâncias para transporte dos pacientes. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia não responde aos questionamentos e não informa quando serão liberados os recursos financeiros.
“Estamos funcionando somente urgência e emergência e não sabemos por quantos dias. Muitos medicamentos já zeraram o estoque e alguns duram apenas mais dois ou três dias. O caso mais crítico tem sido a falta de analgésicos, que tem levado às pacientes ao parto sem anestesia. Além disso, a crise na saúde municipal não tem afetado somente as goianienses, mas também as pacientes que se deslocam de outras cidades para o atendimento na capital”, explicou Lucilene.
A Fundahc é responsável pela gestão das maternidades Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Nascer Cidadão (MNC) e o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC). Na manhã desta segunda–feira, 18, as maternidades anunciaram paralisação nos atendimentos por falta de pagamento da prefeitura de Goiânia.
Apesar dos serviços de urgência e emergência continuarem funcionando, não se sabe até quando. A diretora da Fundahc explicou que o último repasse da prefeitura, realizado na quarta-feira, 13, não foi suficiente nem para pagar o salário atrasado dos funcionários. “Os colaboradores estão trabalhando sem receber o vale alimentação até hoje. E pior, muitos fornecedores já anunciaram a suspensão dos contratos por falta de pagamento”, completou Lucilene.
É o caso da Maternidade Municipal Célia Câmara, que tem funcionado sem ambulância para transporte das pacientes. Os colaboradores que tiveram seus salários pagos foram aqueles com regime CLT, mas muitos médicos sob regime de contratação PJ (Pessoa Jurídica) estão sem receber há mais de quatro meses.
“Infelizmente tem muitas famílias vulneráveis e que precisam do salário garantido no final do mês para ter um sustento, mas em contrapartida tem aqueles profissionais que possuem mais de um vínculo e podem resistir”, denunciou uma funcionária de uma das maternidades. Além dos profissionais e dos pacientes, a crise na saúde municipal prejudica também a saúde em todo o Estado de Goiás.
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Procurada novamente pelo Jornal Opção, a SMS disse que “tem feito o possível para realizar os pagamentos para a Fundach” (confira a nota na íntegra ao final).
Troca de secretário em meio à crise
Em meio à crise da saúde municipal de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) anunciou reforma no secretariado na próxima terça-feira, 19. O atual Secretário Municipal de Saúde, Durval Ferreira Fonseca Pedroso, deve ficar no cargo até o dia 1 de outubro.
O nome anunciado para assumir a pasta é Wilson Pollara, que atuou como secretário de saúde na gestão de João Dória, em São Paulo, entre o início de 2017 e julho de 2018.
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Nota na íntegra da Secretaria Municipal de Saúde
A respeito dos questionamento feitos em relação aos pagamentos à Fundach, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que tem feito o possível para realizar os pagamentos para a Fundach.
O total em aberto é de R$ 43.347.902,315. O restante dos valores, alegados em atraso pela fundação, se refere ao passivo trabalhista, caixa para custeio de despesas como demissões e férias, não tem relação com a manutenção das maternidades.
Este ano, já foram repassados à fundação um total de R$ 138.062.205,00. Em 2022, foram R$ 147.131.735,00.
Desde o final da pandemia, os governos federal e estadual não enviam recursos para o custeio das maternidades, portanto, todas as três maternidades vêm sendo mantidas com dinheiro do Tesouro Municipal.
As três maternidades funcionam em sistema de porta aberta, não há necessidade de regulação, com isso, atendem pacientes de vários outros municípios goianos. No HMDI, por exemplo, 30% das pacientes são da grande Goiânia e todos os custos são bancados pela capital.
Por meio da comissão, formada para que se fosse feito um ajustamento se valores, os planos de trabalho das maternidades HMMCC e NC ( Fundach alegou que já há um plano vigente no HMDI) foram redesenhados para que os serviços e valores possam ser adequados conforme realidade pós pandemia.
A proposta foi enviada à Fundach que, após avaliação, já fez a devolutiva que passa por uma análise final da SMS. O diálogo com a Fundach não foi interrompido, inclusive na última terça-feira ocorreu uma reunião entre membros da Fundação e da gestão municipal.