Em reunião, Pollara diz que crise da saúde está ligada à “falta de credibilidade financeira da Prefeitura”
25 novembro 2024 às 17h39
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Uma reunião emergencial nesta segunda-feira, 25, reuniu representantes do Estado, do município, da equipe de transição da Prefeitura de Goiânia e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO) para discutir a grave crise na saúde pública da capital, Wilson Pollara, secretário municipal de saúde, disse que a “Prefeitura está sem credibilidade financeira” como uma das justificativas para o colapso notado na questão das UTIs na cidade.
“Realmente acho que vocês conseguiram definir muito qual é a situação. Temos uma situação aqui que o problema é credibilidade. O que eu precisava? Eu precisava de um avalista, porque os planos, desde agosto estamos tentando. Foram feitos cálculos, as necessidades, mas não tínhamos credibilidade financeira para que nossos parceiros confiassem”, argumentou o secretário municipal, ao dizer que Goiânia não tem hospitais próprios e depende de contratos de leitos em hospitais privados.
Durante o encontro, Wilson Pollara ainda destacou como “honrosa” a postura do prefeito eleito, Sandro Mabel, que se comprometeu a buscar soluções antes mesmo de assumir o cargo oficialmente em 2025. “É uma atitude de muita honra e demonstra preocupação genuína com a população de Goiânia. Assumir essa responsabilidade 35 dias antes da posse é algo digno de reconhecimento”, afirmou Pollara.
Principais problemas da saúde em Goiânia
Pollara apontou dois fatores centrais para o colapso no sistema de saúde municipal: a falta de credibilidade financeira da Prefeitura e a ausência de um hospital municipal. Ele explicou que, sem um hospital próprio, a cidade depende exclusivamente de leitos de UTIs em hospitais privados, que atualmente não conseguem atender à demanda devido à inadimplência nos repasses financeiros.
“O hospital privado não consegue sustentar essa parceria sem receber os pagamentos devidos”, afirmou o secretário.
Além disso, Pollara ressaltou que muitos hospitais enfrentam dificuldades para operar com os valores defasados pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele destacou a necessidade de reforçar a parceria entre os entes municipal, estadual e federal, já que a gestão do SUS é tripartite.
A urgência de um hospital municipal
A criação de um hospital municipal foi levantada como solução crucial para melhorar a saúde pública de Goiânia. Reportagem recente do Jornal Opção trouxe especialistas que destacaram o exemplo positivo do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, que transformou o atendimento na cidade vizinha. A falta dessa infraestrutura em Goiânia compromete gravemente a assistência aos pacientes, especialmente os do SUS.
Um cenário de colapso e perdas humanas
A crise na saúde pública da capital já se reflete em casos dramáticos. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão inoperantes, anestesistas permanecem em greve devido a condições precárias de trabalho, e maternidades sofrem com atrasos nos repasses financeiros. A situação mais crítica, segundo Pollara, é a indisponibilidade de leitos de UTI para pacientes do SUS, agravada por inadimplências e a baixa remuneração oferecida pelo sistema.
O impacto humano é devastador: pelo menos quatro mortes já foram confirmadas devido à falta de vagas em UTIs.
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