Dor nas costas: saiba o que funciona e o que não funciona no tratamento

31 janeiro 2024 às 09h05

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A dor nas costas, especialmente na região lombar, é um problema de saúde que afeta muitas pessoas e tem um impacto significativo no dia a dia. Em 2020, cerca de 1 em cada 13 pessoas experimentaram pelo menos um episódio desse problema, representando um aumento de 60% em relação a 1990.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) identifica a dor nas costas como a principal causa de incapacidade global. Isso significa que afeta a vida de muitas pessoas e limita sua capacidade de realizar atividades cotidianas de trabalho e lazer. Por esse motivo, a OMS lançou em dezembro de 2023 a primeira diretriz para orientar o tratamento da dor lombar crônica.
O documento foi elaborado por especialistas de várias partes do mundo, que revisaram as evidências científicas disponíveis para determinar quais abordagens são eficazes e quais devem ser evitadas no tratamento desse problema.
Entre as recomendações dos especialistas, destacam-se medidas gerais e contínuas de cuidado, como programas educacionais, sessões com psicólogos e exercícios físicos, além de terapias específicas para proporcionar alívio imediato, como o uso de anti-inflamatórios e massagens.
De acordo com a diretriz da OMS, os tratamentos para a dor lombar que demonstram evidências positivas, com benefícios que superam os riscos, incluem:
- Educação/aconselhamento estruturado e padronizado;
- Programa estruturado de exercícios físicos;
- Acupuntura e outros métodos de agulhamento terapêutico;
- Terapia manipulativa espinhal (um tipo de massagem);
- Massagem;
- Terapia comportamental operante (um tipo de psicoterapia);
- Terapia cognitivo comportamental (um tipo de psicoterapia);
- Anti-inflamatórios simples (como ibuprofeno e diclofenaco);
- Preparações tópicas (aplicadas na pele) à base de pimenta-caiena – Capsicum frutescens;
- Cuidados biopsicossociais amplos.
O que não funciona
Além disso, a diretriz da OMS também cita aqueles tratamentos que os pesquisadores consultados deram um parecer desfavorável, ou seja, não estão indicados para a dor lombar de uma maneira geral, pois os riscos superam os benefícios:
- Tração (equipamentos e técnicas que prometem aliviar a pressão e a dor na coluna);
- Ultrassom terapêutico;
- Estimulação elétrica transcutânea (Tens);
- Cintos e suportes lombares;
- Remédios da classe dos opioides;
- Antidepressivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina;
- Antidepressivos tricíclicos;
- Remédios da classe dos anticonvulsivantes;
- Remédios da classe dos relaxantes musculares esqueléticos;
- Remédios da classe dos corticoides;
- Anestésicos injetáveis;
- Garra-do-diabo – Harpagophytum procumbens (um fitoterápico);
- Salgueiro – Salix spp. (um fitoterápico);
- Perda de peso promovida especificamente por remédios contra a obesidade.
Tratamentos sem estudos conclusivos
Ademais, a lista da OMS destaca ainda, que aquelas terapias sobre as quais não há evidências científicas suficientes para ter certeza se funcionam ou não. Segundo os autores do documento, é necessário aguardar novas pesquisas para conhecer melhor essas opções antes de incluí-las (ou não) no rol de tratamentos. A lista das incertezas inclui:
- Terapia comportamental respondente (um tipo de psicoterapia);
- Terapia cognitiva (um tipo de psicoterapia);
- Mindfulness e práticas para redução do estresse;
- Paracetamol;
- Remédios da classe dos benzodiazepínicos;
- Preparações à base de Cannabis;
- Preparações tópicas à base de arnica – Solidago chilensis;
- Gengibre – Zingiber officinale (um fitoterápico);
- Preparações tópicas à base de lírio branco – Lilium candidum;
- Compressas tópicas com diferentes ervas e fitoterápicos;
- Manejo do peso corporal por meio de intervenções não farmacológicas.
Apesar, de servir como um guia e contribuir para a padronização dos tratamentos para a dor lombar crônica primária (aquela não causada por uma condição específica), a diretriz lançada pela OMS enfatiza a importância de abordagens individualizadas para cada paciente, levando em consideração suas particularidades.
Quando a dor nas costas de um paciente está associada a fatores emocionais, pode ser necessário realizar uma avaliação psiquiátrica e, eventualmente, considerar o uso de certos medicamentos antidepressivos. No entanto, é importante ressaltar que esses medicamentos não são indicados diretamente para o alívio da dor lombar, de acordo com a OMS.
É fundamental reconhecer que não há uma solução única para resolver todos os aspectos da dor nas costas. Embora os medicamentos possam proporcionar alívio temporário, são as mudanças no estilo de vida e no cuidado com a saúde que garantirão que a dor não retorne após um período de tempo.
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