Cientistas descobrem estágio inicial do Alzheimer que pode prevenir a doença

16 abril 2024 às 18h37

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Pesquisadores do Centro VIB-KU Leuven de Pesquisa sobre Cérebro e Doenças, na Bélgica, realizaram uma descoberta fundamental sobre os estágios iniciais do Alzheimer, antes mesmo da formação das placas de proteína no cérebro. Segundo eles, essa descoberta pode abrir caminhos para tratamentos mais eficazes contra a doença.
Atualmente, o Alzheimer afeta de 60% a 70% de todos os casos de demência, com uma projeção de atingir 139 milhões de pessoas até 2050, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, os tratamentos disponíveis atualmente são limitados e não conseguem deter ou reverter os sintomas, enquanto permanece escassa a compreensão sobre suas causas fundamentais.
Por décadas, a formação de placas de proteínas, especialmente a beta-amiloide, tem sido associada ao Alzheimer. Essas placas, quando não removidas adequadamente pelo organismo, acumulam-se no cérebro dos pacientes, o que causa danos aos neurônios.
Como resultado, grande parte dos esforços de desenvolvimento de medicamentos concentrou-se em anticorpos monoclonais para eliminar essas placas, na esperança de aliviar ou reverter os sintomas característicos da doença, como a perda de memória.
Primeira autora da pesquisa, a pesquisadora Marine Bretou ressaltou que os APP-CTFs interrompem o delicado equilíbrio de cálcio nos lisossomos. “Essa interrupção desencadeia uma cascata de eventos. O ER não consegue mais reabastecer os lisossomos com cálcio, o que leva a um acúmulo de colesterol e a um declínio na sua capacidade de decompor os resíduos celulares. Isso resulta no colapso de todo o sistema endolisossômico, uma via crucial para a manutenção de neurônios saudáveis”, cita o estudo.
Tratamento eficazes
Um dos tratamentos mais promissores até agora, aprovado no ano passado nos Estados Unidos, foi o lecanemabe, comercializado como Leqembi pelas farmacêuticas Biogen e Eisai. No entanto, embora tenha removido as placas amiloides do cérebro, teve um impacto clínico limitado, apenas retardando o declínio cognitivo em 27% ao longo de 18 meses para pacientes no início da doença.
Por isso, os cientistas têm buscado identificar outros mecanismos iniciais que possam ser alvos de estratégias terapêuticas mais eficazes, vislumbrando um futuro onde a doença possa até ser prevenida. Agora, os pesquisadores belgas publicaram uma descoberta na revista científica que pode representar um avanço significativo nesse sentido.
Dentre as descobertas, os pesquisadores identificaram uma molécula que interrompe a comunicação entre partes da célula cruciais para o armazenamento de cálcio e a eliminação de resíduos, um processo que precede a formação das placas de proteína e a morte das células neurais. Os cientistas acreditam que a prevenção do acúmulo dessa molécula, chamada APP-CTF, pode ser um alvo crucial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
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