Um estudo recente realizado pela Faculdade União das Américas, no Paraná, reacende o debate sobre o uso de gorduras na culinária brasileira. A pesquisa comparou os efeitos da banha de porco e do óleo de soja sobre os níveis de colesterol em voluntários e trouxe resultados surpreendentes: a banha suína pode ser uma alternativa mais saudável. Ao Jornal Opção, a nutricionista Carla Morais afirma que consumo excessivo da banha também é perigoso: “O ponto principal é que o excesso de qualquer gordura é prejudicial”, declara.

A especialista explica que os estudos científicos apontam que a banha de porco tem se revelado uma opção mais estável para cozinhar em altas temperaturas do que o óleo de soja. Segundo ela, o óleo, sendo rico em gorduras poli-insaturadas, é mais propenso a oxidar e formar compostos prejudiciais quando aquecido. “Por outro lado, a banha de porco, apesar de conter colesterol e gorduras saturadas, possui um perfil lipídico que inclui uma alta porcentagem de gorduras monoinsaturadas (semelhante ao azeite de oliva), tornando-a mais resistente ao calor, além de outros nutrientes. Alguns estudos, inclusive, indicam que o consumo de banha pode ter um impacto menos negativo no colesterol HDL (o ‘colesterol bom’) do que o óleo de soja”, informa a nutricionista.

A profissional alerta que a falsa percepção de que o óleo de soja é uma escolha “livre” de preocupações, levando ao seu uso em excesso, é um engano comum. Ela informa que essa crença ignora os riscos da oxidação e a questão da maioria dos óleos de soja ser transgênica. “Enquanto a banha de porco contém colesterol e deve ser usada com moderação, o ponto principal é que o excesso de qualquer gordura é prejudicial. A chave para uma alimentação saudável está no equilíbrio e na escolha consciente. Ao cozinhar, a banha pode ser uma alternativa superior ao óleo de soja devido à sua maior estabilidade, mas sempre com foco na quantidade reduzida de gorduras e óleos e na variedade dos alimentos in natura e minimamente processados (a famosa comida de verdade que os nossos avós consumiam)”, pontua Carla Morais.

O estudo

Os pesquisadores observaram que o consumo de alimentos preparados com óleo de soja provocou uma redução de 20,5% no colesterol HDL, conhecido como o “bom colesterol”, além de elevação nos níveis de LDL (colesterol ruim) e triglicerídeos. Em contrapartida, os pratos feitos com banha de porco apresentaram menor impacto negativo nos indicadores de saúde dos participantes.

Além dos efeitos menos nocivos à saúde cardiovascular, a banha de porco oferece vantagens práticas e nutricionais: atinge rapidamente a temperatura ideal para frituras, economizando gás; é fonte de vitaminas do complexo B, fósforo e ferro; e possui baixo teor de sódio e açúcar, sendo considerada uma opção viável para diabéticos e hipertensos, desde que consumida com moderação.

Pesquisa

A pesquisa reforça a importância de avaliar não apenas o tipo de gordura, mas o contexto alimentar como um todo. A banha de porco, tradicional na culinária brasileira, pode ser uma aliada na cozinha, desde que usada com equilíbrio e dentro de uma dieta variada e saudável. A American Heart Association recomenda que a ingestão total de gorduras, incluindo a banha, fique entre 56 e 77 gramas por dia, em uma dieta de 2 mil calorias.

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