Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) geralmente não precisam de receita médica para serem obtidos e por isso são um dos favoritos para a automedicação. Entretanto, o consumo indiscriminado e sem controle do remédio pode aumentar os riscos de saúde para pessoas idosas e/ou com diabetes mellitus tipo 2. Ou até mesmo para quem possui algum tipo de problema renal.

De acordo com uma pesquisa científica desenvolvida no Hospital Universitário de Copenhague, na Dinamarca, e apresentada no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, no curto prazo, a medicação anti-inflamatória está associada a uma primeira hospitalização por insuficiência cardíaca em pacientes com diabetes tipo 2.

Entre os 331.189 pacientes com diabetes tipo 2, com média de 62 anos e de maioria homens, houveram 3.308 participantes que foram internados com insuficiência cardíaca ao longo de quase seis anos. Sendo que quase 20% relataram ter usado o medicamento durante o primeiro ano.

Em entrevista para o Jornal Opção, a médica geriatra e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Elisa Franco de Assis Costa, explicou os riscos que o uso errado da medicação pode causar em idosos.

“Aumentam o risco de insuficiência cardíaca porque alteram o sistema cardiovascular, além de aumentarem a pressão arterial. O idoso pode ter a doença cardíaca controlada, mas quando toma o anti-inflamatório, ele retém líquido e descompensa a situação. E ainda pode aumentar as chances de doenças cardiovasculares, como infarto e hipertensão”, contou a Professora de Geriatria, Cuidados Paliativos e Medicina Interna do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Segundo Elisa, os idosos são estatisticamente mais sujeitos aos efeitos adversos dos anti-inflamatórios, porém o risco não fica apenas no coração e pode causar problemas renais e digestivos. Dessa forma, a medicação é considerada inapropriada para a faixa etária e evita-se ao máximo o uso. “Não quer dizer proibido, mas pode ser substituído por uma alternativa mais segura. Se isso não for possível, é usado por um curto período de tempo da forma mais segura possível”, justificou a geriatra.

Na questão do diabetes, a médica argumenta que os anti-inflamatórios não esteroides não interferem no controle da doença, ao contrário dos que são esteroides e que aumentam a glicemia. “O diabético sempre tem risco de dano renal e se somado ao remédio, isso aumenta”, explica. A professora da UFG também ressaltou que o uso da medicação é extremamente contra indicado para quem possui problemas renais.