Voltou a ter disputa

COMPARTILHAR
A senadora Lúcia Vânia parece ter despertado diante do avanço do nome de Demóstenes Torres pela segunda vaga de candidatura ao Senado pela base aliada estadual

Lúcia Vânia ou Demóstenes Torres? Essa é a maior dúvida atualmente dentro da base aliada estadual para a definição dos titulares da chapa majoritária, que tem o governador José Eliton como candidato à reeleição e o ex-governador e principal estrela eleitoral e política do grupamento para uma das vagas para a disputa de senador.
Há emoções de sobra para ambos os lados. Lúcia Vânia, por exemplo, chegou a ver seu ex-colega de base senador Wilder Morais ganhar posições rapidamente até se tornar o preferido de largas correntes internas. Ela reagiu muito bem e conseguiu se aproveitar inclusive de um erro crasso de Wilder, que foi achar que o jogo já estaria definido a seu favor aos 5 minutos do primeiro tempo.
Pagou altíssimo preço pela inexperiência política. Ele se afastou do núcleo e foi cuidar somente do próprio quintal florido que mantinha sob seu domínio. Ao fazer isso, permitiu a criação de um vácuo perigosíssimo, muito bem aproveitado por Lúcia, uma profissional com anos e anos de estrada. Ao entender, finalmente, que tinha perdido o time de sua consolidação, Wilder primeiro tentou recuperar a posição. Depois, passou a distribuir ameaças e pancadas. Terminou indo chorar as pitangas perdidas na vizinhança, a chapa liderada pelo senador Ronaldo Caiado.
Quando tudo parecia definitivamente assentado, eis que ressurge das cinzas de sua cassação e suspensão dos direitos políticos o ex-senador Demóstenes Torres. E ele chegou com a mesma desenvoltura de sempre, e com disposição acumulada para lutar pela chance de disputar um triunfal retorno à condição de senador. Pela base aliada, sempre fez absoluta questão de deixar bastante claro. E sem ter outra preocupação a não ser a de ampliar os contatos e reagrupar segmentos aos quais fazia parte anteriormente, encontrou no PTB, de Jovair Arantes, a sigla perfeita e disponível para trabalhar a vontade. E tem atuado desde então com fôlego de sobra.
Além de não perder nenhum dos principais eventos promovidos dentro da base aliada, ainda encontra tempo e disposição para conversar com setores fora desse território. O resultado é que ele entrou na disputa pela vaga, e passou até a impressão de que chegou a estabelecer pequena vantagem no somatório geral em relação a Lúcia Vânia.
Jogo igual
Nesta altura, com as duas posições bem definidas, Lúcia Vânia parece ter retomado o gosto pela sensação da disputa política dentro da base. Não sem antes ter tentado um caminho meio enviezado, de flertar publicamente com chapas oposicionistas. Obviamente que ela, experiente, entendeu que o caminho correto não era fora, mas dentro da base. Bastou se mostrar em eventos e encontros para surgir uma reaproximação bastante forte. Com tanta força que a tal impressão de que Demóstenes estava ganhando a condição de candidato à segunda vaga ao Senado pela base aliada dissipou-se rapidamente. O jogo ficou igual, e deve ser decidido, a se manter o quadro atual, com alguma dificuldade.
Há informações de que o retorno de Lúcia Vânia causa um certo alívio imediato na caixa de pressão. É natural pela composição das posições partidárias. O PTB, por exemplo, foi o primeiro partido a declarar formalmente que está fechado com a base aliada, tendo como exigência a presença de um petebista na chapa majoritária.
Quanto a Lúcia Vânia, presidente regional do PSB e com total influência sobre o PPS regional, estrategicamente dirigido pelo deputado federal Marcos Abrão, seu sobrinho, o quadro é completamente diferente. Para ela, que é senadora já em seu segundo mandato, apenas um cargo lhe interessa: o que lhe garante o direito de tentar um terceiro período no Senado. Preferencialmente, pela base aliada estadual, de onde jamais saiu. Sua moeda de troca é poderosa. Além de seu próprio, e imenso, potencial eleitoral, há ainda dois partidos que pesam no conjunto.