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José Eliton e Lúcia Vânia, pela base aliada, podem enfrentar Ronaldo Caiado e Daniel Vilela pelas oposições em 2018

Afonso Lopes

A sucessão do governador Marconi Perillo em 2018 poderá ser uma das mais acirradas das últimas décadas, com nada menos que quatro fortíssimas candidaturas. O quadro partidário atual, que poderá passar por mudanças, obviamente, projeta naturalmente os nomes dos governistas José Eliton, vice-governador, que deverá disputar a eleição como governador, já que se espera a desincompatibilização de Marconi em abril de 2018, e da senadora Lúcia Vânia, que deixou o PSDB de maneira pacífica e se filiou ao PSB, aproximando ainda mais o partido com a base aliada estadual, contra os oposicionistas Daniel Vilela, deputado federal do PMDB, e Ronaldo Caiado, senador do DEM.

Sem poder se candidatar novamente ao governo do Estado, já que está exercendo o segundo mandato con­secutivo, e quarto no total, Mar­co­ni deve trabalhar politicamente em nível nacional, sempre à espreita de uma oportunidade no fechadíssimo clube político café-com-leite do PSDB, mas tendo desde já assegurada candidatura ao Senado. Se o projeto nacional emplacar, Marconi ampliará ainda mais a composição dentro da sua base porque abriria duas vagas para a senador, podendo chegar a quatro vagas caso Eliton e Lúcia confirmem suas candidaturas.

Do outro lado, entre os opositores, os dois nomes atualmente mais cotados para a disputa são os de Daniel Vilela, pelo PMDB, e Ronaldo Caiado, pelo DEM. Daniel tem como principal trunfo a forte presença do grupo maguitista na região Sudoeste do Estado, enquanto Caiado lidera boa parte da oposição em todo o Estado.

Embora inicialmente fortes e viáveis eleitoralmente, os quatro possíveis candidatos ao governo em 2018 terão que contornar problemas estruturais. O vice-governador José Eliton é o menos conhecido de todos, mas além de capitalizar a forte visibilidade como comandante de uma das chamadas super secretarias do governo estadual, a de Desenvol­vimento Econômico, que tem atuação direta sobre as políticas de incentivo ao comércio, indústria e agricultura, é bem provável que ele seja governador em pleno processo sucessório, o que lhe dará ainda maior projeção popular. Além disso, sua anunciada filiação ao PSDB deve pacificar o principal partido da base, garantindo assim sua natural condição de candidato à reeleição.

Já a senadora Lúcia Vânia, uma das lideranças políticas mais expressivas de Goiás, terá que conquistar alguns partidos dentro da própria base para conseguir uma chapa competitiva. O PSB, apesar do reforço que teve no Estado com a filiação dela, ainda não tem capilaridade suficiente para bancar uma candidatura ao governo estadual em vôo solo. Sem esse apoio extra, Lúcia enfrentaria problema bastante semelhante ao vivido por seu colega de partido, Vanderlan Cardoso, que disputou e perdeu duas vezes o governo estadual. De qualquer forma, a situação de Lúcia Vânia é confortável, já que ela só entraria na disputa pelo Palácio das Esmeraldas compondo com a estratégia a ser desenvolvida e comandada pelo próprio governador Marconi Perillo para a sua sucessão. Se, no caso, Marconi entender que a base aliada deve ter uma só candidatura, Lúcia terá vaga assegurada previamente para disputar a reeleição para o Senado mais uma vez. Lúcia também poderá contar com um trunfo importantíssimo. Sua filha, Ana Carla, é a atual secretária da Fazenda. Se o Estado conseguir driblar todas as dificuldades financeiras apesar da crise provocada pelo forte ajuste fiscal do governo federal, é natural que a mãe acabe capitalizando também.

Estrutura partidária é problema ainda mais sério para o senador Ronaldo Caiado. O DEM em Goiás é cada vez menor em número de lideranças no Estado. Hoje, além de Caiado, o partido conta também com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Hélio de Souza, que já avisou que deixará o DEM assim que o Congresso Nacional aprovar nova “janela partidária”.

No ano passado, Caiado recebeu o apoio do PMDB para a disputa pelo Senado contra o então deputado federal Vilmar Rocha, do PSD, candidato da base aliada. O senador democrata começou a campanha com frente absolutamente avassaladora em relação ao seu principal concorrente, mas o resultado surpreendeu muita gente. A vantagem de Caiado, que em alguns momentos era superior a 50% em relação a Vilmar, diminuiu para apenas 10% dos votos válidos. Em tese, isso ocorreu por dois motivos. O primeiro deles foi a força de chegada das candidaturas da base aliada, que sempre crescem nas últimas semanas de campanha. O segundo problema foi a falta de militância do próprio DEM. Uma boa parcela dos peemedebistas históricos jamais aceitaram a aliança com Caiado, apesar do apoio oficial do PMDB.

Por último, o deputado federal Daniel Vilela terá que dobrar as muitas resistências que ele tem dentro do grupo majoritário do PMDB, os iristas, para se lançar candidato ao governo estadual pelo partido. Daniel é filho do prefeito Maguito Vilela, de Apare­cida de Goiânia, que provavelmente não estará ocupando nenhum cargo eletivo em 2018, já que foi reeleito e será sucedido no ano que vem. Iristas e maguitistas, apesar das aparências quase sempre cordiais, vivem às turras in­ternamente e praticamente não se suportam. Não é raro ouvir integrantes de ambos os grupos culpando os “a­dversários” pelas cinco derrotas consecutivas que enfrentaram contra a base aliada de Marconi Perillo, desde 1998.

Para o eleitor goiano, seria interessante ver uma disputa com tantos e tão representativos candidatos ao governo do Estado. Esse fato poderia inclusive ampliar a discussão dos temas mais pertinentes. De qualquer forma, o quadro sucessório estadual ainda está muito longe de ser ao menos alinhavado com alguma segurança previsível, mas os quatro principais nomes já estão discretamente trabalhando para isso, embora a palavra final, principalmente dentro da base aliada, seja mesmo de seu principal articulador, o governador Marconi Perillo.