Secretarias poderão sofrer modificações no governo Caiado

04 novembro 2018 às 01h00

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Informações de bastidores indicam que as pastas de Industria e Comércio e de Agricultura tendem a ser recriadas. Entorno do DF também deve ganhar destaque especial

Em dezembro de 2014, a gestão do ex-governador do Marconi Perillo (PSDB) promoveu uma reforma administrativa ao sancionar a Lei n° 18.687, que deu origem à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED). A nova estrutura consolidada pelo Poder Executivo surgiu na intenção de reorganizar a administração pública do Estado.
As secretarias funcionam como auxiliares do governo estadual, sendo um agente facilitador no cumprimento das demandas dirigidas por diferentes segmentos da sociedade. A SED, por sua vez, unificou o trabalho de quatro pastas até então em atividade: Secretaria da Indústria e Comércio; Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação; Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação; e a Agência Goiana de Desenvolvimento Regional.
Após a vitória de Ronaldo Caiado (DEM), uma série de mudanças passaram a discutidas nos bastidores. Políticos diretamente ligados ao governador eleito já consideram a possibilidade de criação de novas secretarias e especulam diferentes nomes para compor a equipe.
Com isso, as hipóteses sobre os próximos passos de Ronaldo Caiado tem ganhando cada mais musculatura, entre elas a recriação da Secretaria de Indústria e Comércio e Secretaria da Agricultura. O governador eleito, por sua vez, pede cautela aos aliados. Conforme mostrado pelo Jornal Opção, a preocupação imediata do democrata ainda é entender a real situação enfrentada pelo governo que receberá daqui a dois meses.
Secretarias de Indústria e Comércio e de Agricultura

O braço direito de Ronaldo Caiado e prefeito de Catalão, Adib Elias (MDB), reforçou a prudência de cada passo dado pelo democrata até que o governo seja, de fato, assumido. “Caiado está preocupado com a saúde do Estado. Ele não dará um tratamento sem antes ter acesso ao diagnóstico.”
Ao ser questionado sobre a possibilidade de recriação de secretarias, Adib negou. “Falo com ele pessoalmente e por telefone todos os dias e nunca ouvi ele tocar nesse assunto.”
Já o empresário e futuro presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Sandro Mabel, acredita que, caso a especulação venha a se concretizar, essa seria uma importante medida adotada pelo governo do Estado, tendo em vista a valorização e contribuição que seria dada à categoria. “A indústria e comércio, bem como a agricultura, representam os setores mais importantes da economia goiana. Creio na necessidade de haver mais pessoas se dedicando a zelar por essa fortaleza.”

O proprietário do Grupo Mabel espera que Caiado “feche as portas” para aquilo que, segundo ele, não tem relevância e, assim, passe a investir mais nas necessidades do Estado, como as secretarias em questão. “Quando se tem alguém pensando em dois setores importantes como esses, produzimos mais riquezas e geramos mais empregos para os goianos”, ressalta.

Segundo o titular da Superintendência de Comércio Exterior, pasta ligada à SED, William O’Dwyer, pouco se comenta sobre a nova disposição e desmembramento da atual secretaria. “Até agora circularam apenas comentários”, reforçou. Bill, como é conhecido, foi o último presidente da SIC antes da secretaria ser aglutinada à atual SED. Para ele, não há dúvidas de que a recriação das secretarias representaria “uma força significativa” para a economia goiana.
“Hoje, temos um Estado onde o agrobusiness [termo característico da produção em larga escala, predominantemente exportadora] tem se destacado meio a grandes exportações. Acredito que uma secretaria efetivamente dedicada poderia proporcionar um ganho muito grande para Goiás”, sublinha o superintendente.
De acordo com ele, secretarias “plenas” proporcionam uma nova realidade aos goianos. “Essas medidas refletem em fatores comerciais importantes para a nossa economia. Caso a ideia seja concretizada, sem dúvidas teríamos mais dispositivos e recursos para gerir nossa economia pujante.”

O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, ressalta que, apesar de possuir um agronegócio forte, o Estado precisa se industrializar ainda mais e fortalecer o seu comércio. “Acredito que essas secretarias desempenhariam papéis importantes para seus segmentos. Com isso, estaríamos fortalecendo os investimentos e fomentando o empreendedorismo goiano. Essa é a nossa única saída para sairmos da estagnação e voltarmos a crescer.”
Outro a se posicionar favoravelmente à possível medida foi o presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuários do Estado de Goiás (Facieg), Ubiratan da Silva Lopes. Ele lembra que a indústria representa 27% do Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. Quanto à agricultura, o percentual, segundo ele, supera os 30%. Em outras palavras, são pastas relevantes para a economia.
Ubiratan ressalta que a Facieg é composta por mais de 69 associações comerciais de todo o Estado e, em relação a este assunto, a opinião é unânime. “Todos anseiam pela recriação da Secretaria de Indústria e Comércio”, destaca. “A partir da reestabilização dessas duas pastas, as decisões serão tomadas mais rapidamente. Além disso, teremos a certeza de um atendimento mais eficaz.”

Secretaria do Entorno
Outra ideia que tem sido fomentada nos bastidores do governo eleito é de que Ronaldo Caiado quer criar uma repartição inédita — do ponto de vista autônomo — para a administração pública: a Secretaria do Entorno. Ela irá priorizar os diversos problemas enfrentados pela região, facilitando o atendimento das demandas dos municípios que compõem o entorno do Distrito Federal (DF). A medida também é cogitada pelo governador eleito no DF, Ibaneis (MDB).
Esses municípios enfrentam, há anos, problemas de infraestrutura e segurança. Em abril, representantes do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e outras entidades se reuniram para discutir as necessidades de uma atuação conjunta com o objetivo de otimizar os indicadores do grupo de municípios. Segundo o MPDFT, os ministérios realizam encontros periódicos para tratar de questões que afetam a região do entorno e comprometem a qualidade de vida da população das duas unidades da federação.
A região do entorno é composta por diversos municípios que poderiam ser beneficiados diretamente com a criação de uma secretaria voltada para atender às demandas específicas da região. Para se ter uma ideia da dimensão da área, somente a microrregião do entorno conta com um total de 20 municípios. São eles: Luziânia, Águas Lindas de Goiás, Valparaíso de Goiás, Formosa, Novo Gama, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Cidade Ocidental, Cristalina, Padre Bernardo, Alexânia, Pirenópolis, Cocalzinho de Goiás, Abadiânia, Corumbá de Goiás, Cabeceiras, Vila Propício, Água Fria, Vila Boa e Mimoso de Goiás.
Formosa se destaca como um dos mais populosos da região. Em 2017, O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou uma população da cidade em 115.789 habitantes. Apesar de estar à frente de município que certamente será beneficiado com a medida, o prefeito Ernesto Roller (MDB) assegurou que a ideia não passa de “mera especulação”.

“Não se tomará nenhuma decisão de natureza organizacional antes do final da transição do governo. Primeiro, Caiado precisa entender qual a real situação do Estado. Não posso me pronunciar a respeito desse assunto tendo em vista que iria alimentar uma hipótese que sequer chegou a ser cogitada entre nós”, declarou o emedebista.
O deputado estadual Diego Sorgatto (PSDB) enxerga a possibilidade de recriação da Secretaria do Entorno com bons olhos. Na sua avaliação, o fato de se fomentar essa ideia pode levar o próximo governo a ter uma atenção especial com a região. “Mas precisamos nos atentar em verificar de que forma isso seria feito”, alertou. Sorgatto lembra que o governo do Estado já teve uma secretaria de representação do entorno, Contudo, na prática, ela não funcionava e servia apenas como instrumento para articulações políticas, de acordo com o tucano.

O parlamentar é natural de Luziânia e conhece de perto a realidade da região. “A população dos municípios do Entorno cresceu rapidamente e, com isso, vieram muitas complicações sociais. De fato, precisamos de uma atenção especial por parte dos gestores. Porém, se for simplesmente mais uma pasta para contemplar companheiros, serei opositor.”
“Precisamos de uma secretaria com autonomia suficiente para celebrar ações importantes para aquela população. É muito cedo para dizer, mas sabemos que, caso o projeto seja consolidado pelo governador eleito, ele chegará à Assembleia. Assim que isso ocorrer, iremos esmiuçar para dar a pasta a devida autonomia”, pontuou Sorgatto.

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Outra representante da região na Casa de Leis é a deputada Lêda Borges (PSDB). Ao ser questionada sobre a recriação da secretaria, a tucana enfatizou: “Seria, de fato, muito importante desde que q Secretaria tenha orçamento. Agora, se voltar a ser um departamento de meras articulações, não conseguiremos quase nada”.
Em dezembro, possivelmente antes do dia 20, os nomes começarão a ser divulgados. Conforme mostrado na edição 2259 do Jornal Opção, cogita-se, até o momento, os nomes de Hugo Goldfeld e Bartolomeu Braz para a Agricultura. Para a Indústria e Comércio, o mais cotado é Benjamin Beze Jr, mas há outras opções.