Rede de franquias: uma solução econômica para o mercado goiano
14 novembro 2015 às 12h37
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Panelinha Express e Tio Bákinas são empresas que procuraram o serviço a fim de atender um maior número de clientes
Yago Rodrigues Alvim
Há dez anos, a chefe Eliete Aquino e sua mãe Rosalia Silva deram início à Panelinha Grill. Tudo começou com a ideia de colocar a panela, onde foi preparada a comida, à mesa –– o que deu nome a empresa. Com isso, elas agradaram o público goiano e expandiram suas ideias. A novidade, como brinca Eliete, “já nem tão novidade assim”, pois muitos a copiaram, ganhou desdobramentos e tem se feito, mais uma vez, única.
Primeiro, o sistema de entrega, o Panelinha Express. “A procura era muito grande e, quando lançamos o delivery, optamos por continuar com nossa especificidade, que é vender o produto na panela. Nós a comercializamos; a panela vai para o cliente e isso impulsionou o crescimento do delivery. Foi assim que surgiu a ideia das franquias”, conta.
Hoje, ao lado apenas de sua filha, Poliana Aquino –– a mãe falecera há algum tempo –– Eliete dá mais um passo com a empresa. Localizada no bairro Negrão de Lima, próximo ao Aeroporto de Goiânia, a primeira franquia da Panelinha foi aberta há três meses e já demonstra bons resultados: “A ideia foi aceita na região, que era um lugar em que não atendíamos. Muitos clientes, de outras regiões, até vão lá para conhecer”.
Segundo a empresária, a loja-modelo da franquia ficou “a cara” da empresa. Ela constitui um formato para as demais. É que, junto a seccional goiana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO), Eliete tem como objetivo expandir ainda mais sua empresa, com mais franquias. “O Sebrae está trabalhando na formatação das lojas.”
A relação com o Serviço vem desde o início. “O Sebrae é um grande parceiro nosso; sempre estivemos juntos com eles e, por isso, optamos pelas soluções que disponibilizam para nos ajudar no crescimento e formatação de franquias”, explicou. Mais recentemente, outro trabalho tem se concretizado. Nas palavras de Eliete, contente com o resultado, “tem dado certo”, tanto que uma nova franquia será aberta no dia 30 de novembro; é mais uma Panelinha Express entre os setores Pedro Ludovico e Bela Vista, na Alameda Couto Magalhães.
Tio Bákinas
Desde pequeno, José Wilson tinha o sonho de ter um fast-food. Com seus 10 anos, brincava de fazer hamburgues, testava novos sabores, até que a realidade da vida grande bateu à porta e ele teve que trabalhar. Graduou-se em outra área, diferente do ramo gastronômico, pelo qual se afeiçoava. Dali, trabalhou com jardinagem, eventos e telefonia, quando faliu. Por ainda querer ser empresário, ter sua própria hamburgueria, decidiu entre realizar seu sonho ou desistir de vez.
Do apelido carinhoso dado por seu sobrinho, que tinha apenas dois anos na época, “Tio Bákinas”, José juntou à pequena quantia que tinha no bolso, equipamentos que possibilitaram abrir sua primeira loja. “Ganhei uma geladeira, já antiga, dos meus pais, um telefone e um micro-ondas de um ex-funcionário, que me devia uma quantia de dinheiro; com a quantia, comprei uma mesa e uma chapa e encomendei alguns ímãs de geladeira”, isso em 2009. Pelo setor Parque Amazônia, distribui seus ímãs, espalhando sua ideia, sua nova hamburgueria.
O boom veio depois da terceira loja, quando se instalou em frente ao colégio WR, no setor Bueno, e foi muito assediado para abrir outras lojas, o que fez, ainda sem muita experiência. Foi por volta dessa época que sua relação com o Sebrae começou. “Sempre que eu tinha uma dúvida, eu recorria ao Sebrae eles iam me orientando. Com todas as dúvidas técnicas que eu tinha, eles me ajudavam e até mesmo uma ajuda financeira, de subsídio.” Hoje, de norte a sul, leste a oeste, é possível encontrar um Tio Bákinas, afinal, são 23 lojas espalhadas pela capital goiana, o que no próximo ano deve dobrar o número de franquias.
Feliz, José conta que a empresa nasceu com o intuito de crescer. Por mais que fosse simples, que a empresa tenha nascido pobre, com poucos recursos, ela era rica em ideias, como conta José. “Foi uma coisa do nada, muito marcante. É genial uma rede de franquias, pois as pessoas têm um retorno financeiro e pulveriza, de modo mais ágil, sua empresa.” Franqueador, atualmente, José diz que existem cerca de cem pessoas na fila, procurando abrir uma nova franquia. Além disso, reforça seu sonho, sua originalidade em fabricar o próprio hambúrguer, sem conservantes. “Somos conscientes, procuramos preservar a saúde das pessoas; é uma preocupação que sempre tive. Além disso, reciclamos o óleo que utilizamos e estamos encaminhando a reciclagem das latas – nosso papel social”, conclui.
Franchising
A primeira coisa que o Serviço proporciona ao empresário que busca se expandir por meio de franquias é o repasse de orientações gerais sobre o segmento. Segundo o analista do Sebrae-GO da área de franchising, Paulo Renato Fava Adorno, existe dois atendimentos: o presencial, gerado via telefone, em que o cliente tem uma hora para levar dúvidas ao Sebrae; e por meio do curso “Entendendo o Franchising”, realizado em parceria com o Serviço e Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O curso dá noções básicas sobre o desenvolvimento da franquia; desde o que é, conceitos de franchising, características do sistema, quais os papéis do franqueado e do franqueador, aspectos legais –– existe uma lei brasileira que rege o franchising ––, questão do processo de seleção de franqueado para ser inserido na rede (perfil), até a avaliação do sistema de franchising, se é ou não a melhor opção, e escolha do negócio/produto adequado para o mercado.
Quanto ao franqueador, existe um diagnóstico sobre a viabilidade do negócio, com base em um estudo. “Nós elaboramos manuais, definindo por áreas –– administrativo, marketing, operacional, circular de oferta e contrato –– e, na finalização, entregamos um pacote ao empresário, afirmando se a empresa está ou não pronta para ser repassada no mercado; o que é necessário.
Segundo o analista, existe diversos perfis de pessoas que procuram o Sebrae. Um deles é o do curioso, cujo interessado não sabe muito bem o que é franquia e, a partir do momento que tem o atendimento ou o curso de capacitação, ele tem uma melhor noção se quer levar a frente ou não. “Muitos desistem. ‘O valor é muito alto, não consigo seguir padrões e regra, quero fazer do meu jeito’, são algumas das respostas e por isso optam por um negócio próprio”, diz.
Paulo dá dicas a quem não tem experiência na gestão de negócios para que optem por franquias; segundo ele, é uma marca já consolidada no mercado, com clientes fidelizados e é mais fácil ser inserido em uma rede formatada –– e não engessada. Como exemplo, ele cita o Big Mac. Criado por um franqueador, o produto do McDonald’s, o segmento de alimentação mais procurado por franqueadores para ser inserido na rede, tem uma liberdade de troca de experiência. A lógica é que ambos ganhem, franqueador e franquiado, a fim de fortalecer a rede.
A ideia do Sebrae-GO é fazer com que a pessoa, ao optar por uma rede de franquias, esteja, ao menos, preparado para conversar com o franqueador, pois é uma decisão que carece de certos cuidados. Dependendo da projeção da empresa e região, a rentabilidade, retorno e lucro são demorados ou até inalcançáveis. “Damos ênfase a essas questões para que as pessoas tenha um mínimo de conhecimento para decidir entre um negócio próprio ou de franquia”, afirma. Por isso, fica a provocação: Vale uma horinha no Sebrae?
Encontro e capacitação
Nos dias 17 e 18 de novembro, o evento “Encontro com Franqueadores”, idealizado e realizado pelo Sebrae, leva ao público, de empresários ou não, diversas noções sobre franquias. Serão cinco painéis, cujas informações sobre franchising serão repassadas por empresários que vivem esta realidade de expansão ou formatação de seus negócios em franquias.
Os empresários que participaram do encontro, que tem um formato de “bate-papo”, são da franqueadora Max Sushi; Pezinho e Cia; Tomatzo; e, da área de startup, os empresários da Bistrôgonofe; Smart Job; e Alvo. Ainda tem o empresário da Juninho Auto Som; da Team Nogueira; o franqueador do Bobs; da República da Saúde, da Guava Engenharia; e, por fim, José, do Tio Bákinas.
Os 12 empresários, que participaram dos painéis, contarão suas histórias a fim de complementar as informações de um curso, também parte da programação do evento. Os painéis têm, cada um, os temas: “Papel do Franqueador”; “Qual a Hora de Expandir”; “Startup”; “Franquia como Oportunidade de Negócios”; e “Empreender um Negócio Próprio”.
Parte do encontro será realizada mais uma edição do curso “Entendendo Franchising”, que traz, na programação, o conceito de franchising, as características do sistema, o papel do franqueador e do franqueado, os aspectos legais, que contemplam a lei que respalda ambas as partes, o processo de seleção do franqueado e como avaliar o sistema de franchising e escolher o negócio mais adequado.
O instrutor será Alexandre Sita, da própria ABF, uma entidade sem fins lucrativos, criada há 27 anos a fim de divulgar, defender e promover o desenvolvimento técnico e institucional do modelo de negócio franchising. Alexandre, formado em Administração de Empresas, com MBA em Marketing pela University of Dallas, atua há mais 15 anos no mercado nacional e internacional no setor de aviação, telecomunicação, distribuição, consultoria e franchising. É também diretor de franquias da Elemidias e professor da Universidade de Franchising da ABF.
Aberto ao público em geral, o valor para participar dos dois dias de evento é de 50 reais. Na terça-feira, 17, a programação vai das 8 às 12h, das 14 às 18h e das 19 às 21h. No segundo dia, será das 9 às 12h e das 14 às 18h. O evento será no próprio Sebrae, que fica na T-3, no Setor Bueno. Em Anápolis, também será realizado o curso no dia 18, das 8 às 18h.