Deputado e presidente regional do partido, Jovair Arantes repete discurso de independência, e a sigla pode lançar candidato a prefeito

Afonso Lopes

O PTB, comandado pelo deputado federal Jovair Arantes, po­de lançar candidato e partir para a disputa pelo comando do Palácio do Cerrado Venerando de Freitas Borges em voo solo. Foi ele mesmo quem anunciou que o partido não vai se alinhar automaticamente dentro da base aliada estadual nas eleições do ano que vem. Como não tem tantos nomes à disposição com chances reais de vitória, a não ser o próprio Jovair, surgiu especulação em torno de retorno do ex-deputado federal Luiz Bittencourt, que vestiria a chuteira eleitoral que se encontra pendurada desde 2010.

Mas há realmente algo concreto nessa história? Atualmente, não. Bittencourt, que disputou a eleição de prefeito duas vezes — em 1992 e em 1996 — não se lançou candidato nem colocou seu nome à disposição do partido. A história surgiu através do próprio Jovair, que deu declarações ventilando o nome do ex-deputado. De qualquer forma, Bittencourt também não dispensou a possibilidade. Pessoas próximas a ele comentaram que o viram abordar o assunto de forma especulativa e vaga: “Quem sabe…”.

Em outras palavras, o ex-deputado não parece disposto a brigar pela condição de candidato a prefeito no ano que vem, mas se o “balão de ensaio” lançado pelo presidente Jovair Arantes render, talvez ele possa mudar de ideia. De qualquer forma, há um fato: essa possibilidade deu uma certa sacudida no interior da base aliada, que já tem uma porção de gente que se diz com muita disposição de enfrentar, provavelmente, Iris Rezende, no ano que vem. E se houve essa sacudida, é possível interpretar que a base aliada ainda não encontrou um candidato a prefeito que tenha realmente mexido e animado todos os setores da base.

Repetição

Mas há um segundo aspecto que deve ser colocado nessa mistura pré-eleitoral. Jovair Arantes sempre usa a mesma tática para inserir o seu PTB na mesa de negociações da base: o anúncio candidatura independente. É assim desde 2000. O problema é que quase sempre ele cumpriu a palavra, ou com candidato próprio ou ajudando na formatação de uma chapa alternativa.
Se mantiver esse histórico, portanto, o PTB pode iniciar uma corrente que defenda o lançamento de múltiplas can­didaturas do mesmo eixo ou grupamento político, no caso a base aliada es­tadual, nas eleições goianienses do a­no que vem. A última vez que esse gru­po lançou somente um nome foi em 1996, com a eleição de Nion Albernaz. E também naquela eleição foi registrada a última vitória da base. Depois dis­so, e dividido, os aliados estaduais nun­ca mais conseguiram vencer na capital.

PSD e PSB

Não é somente o PTB que sonha em bancar candidato a prefeito. PSD e PSB também correm nessa mesma direção. O caso mais emblemático é o do PSB, que já trabalha abertamente pela composição de base para alicerçar a candidatura do empresário e ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso. No PSD também existe certa movimentação e otimismo em torno do nome do deputado estadual Vir­mondes Cruvinel.

Nenhum desses partidos integrantes da base aliada estadual, porém, tem fôlego para enfrentar a eleição isoladamente. Nesse caso, seria necessário con­vencer e conquistar o apoio do PSDB, que tem a melhor estrutura dentre esses partidos. É encrenca na certa. O partido reune a maior densidade de pretensões por metro eleitoral para as eleições de 2016 em Goiânia. O mais popular entre eles é o deputado federal Waldir Soares, que tem deixado claro que vai para a disputa carregando a bandeira tucana ou uma outra. O partido, por enquanto, ainda não começou a discutir seriamente a eleição e menos ainda a estratégia ou os nomes com os quais prefere contar, mas sabe-se que o presidente da Agetop, Jayme Rincón, se mantém entre os cotados, ao lado do deputado federal Giuseppe Vecci, que chegou a dizer que prefere continuar em Brasília. Outro nome considerado forte pela boa estrutura pes­soal que mantém em Goiânia é o do igualmente deputado federal Fábio Souza.

Iris

Se a base aliada estadual não tem a menor ideia de como assediar e conquistar a Prefeitura de Goiânia, e nem com quem tentará isso, no PMDB, resvalando no ainda aliado PT e no neo-aliado DEM, não há o que discutir: ou o partido banca mais uma vez Iris Rezende para a prefeitura, ou dificilmente conseguirá papel de protagonista.

Iris, como sempre fez e faz, jamais diz publicamente o que realmente pretende. Existem algumas lideranças do partido que garantem que ele não apenas será candidato a prefeito como quer mesmo entrar na disputa. Mas também não falta gente que joga água fria nessa fervura ao afirmar que o velho líder vai apenas organizar o PMDB e se resguardar. Como as duas versões conflitantes partem de lideranças representativas e ligadas a Iris, não se sabe se ele diz uma coisa para um grupo e outra para os demais, ou se essa é mesmo a sua intenção, manter acesa a chama sem provocar um grande incêndio neste momento. De qualquer forma, quando perguntado diretamente por setores da im­pren­sa se será ou não candidato a prefeito no ano que vem, Iris consegue es­ca­par da resposta direta, mas sempre en­fia assunto correlato, como as articulações para a formação de uma boa e abrangente aliança. Isso mostra que ele pode ter planos já estabelecidos para 2016, e só vai revelar o que pretende mais à frente. Por enquanto, ele a­pe­nas assiste de camarote o corre-corre que se inicia dentro da base aliada estadual.