Pré-candidato da base é José Eliton
04 março 2017 às 11h40
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Vice-governador se cacifa mais na medida em que, além de se firmar como unanimidade no PSDB, busca o diálogo com os outros partidos aliados
Cezar Santos
Ninguém em sã consciência há de pensar que uma candidatura a cargo majoritária se defina com mais de um ano antes do prazo. Não é assim com o principal partido de oposição em Goiás, o PMDB, que se vê enredado entre duas correntes internas, os iristas e os maguitistas, com quatro possibilidades: Daniel Vilela, Iris Rezende, Maguito Viela e Ronaldo Caiado.
Já na base aliada governista, o cenário se mostra um tanto mais claro. Certamente, a grande diferença entre a oposição e a base aliada neste momento é que, nesta há um nome já definido, respaldado pessoalmente pelo governador, e que já conta com a força de um cargo que lhe dá visibilidade inequívoca, ao passo que naquela não há um nome despontando justamente pela divisão interna muito evidente.
José Eliton é o nome da base aliada governista, ponto. Ele é sim o pré-candidato da base aliada ao governo de Goiás em 2018. Nenhum dos outros partidos da base falou de alternativa clara para a disputa, embora um ou outro líder diga que suas siglas têm sim nomes para o embate de 2018.
Ora, em tese, qualquer político que esteja na ativa é uma possibilidade como candidato a cargo majoritário. A questão é se esse hipotético nome reúne condição para, em primeiro lugar, aglutinar os outros partidos; e, em segundo lugar, se tem potencial de competitividade para o embate que será duríssimo. Lembrando que não basta querer disputar, embora a força de vontade seja um predicado imprescindível.
Neste momento José Eliton reúne essas duas variantes políticas. Ele tem condições de aglutinar sua base, ou dizendo melhor, continuar mantendo essa base coesa. O vice-governador tem também o potencial de competitividade, visto que está sendo preparado e vem se preparando para isso já há alguns anos.
Nem é preciso aqui ressaltar o trabalho que Eliton vem realizando junto aos municípios, o que lhe dá conhecimento prático e real das demandas das prefeituras. Nesse trabalho, ele já está ajudando a resolver essas demandas, num valiosíssimo estreitamente de relações.
E é preciso lembrar que José Eliton deve se tornar governador no início de 2018, se o titular Marconi Perillo se desincompatibilizar para disputar o Senado ou outro cargo. É muito difícil que isso não ocorra, afinal, Marconi não dá nenhum sinal de que vá “dar um tempo” na sua carreira, cumprindo o atual mandato até 31 de dezembro do ano que vem e deixando de disputar eleição.
A história mostra que, em condições políticas normais, um governador — e presidente e prefeito — sempre é candidato à reeleição. Principalmente quando a gestão estiver bem avaliada pelos cidadãos. E por tudo que o governo estadual vem realizando, ou seja, criando condições para realizar obras — já viabilizou recursos de monta para isso —, e fazendo o ajuste fiscal que está possibilitando a racionalização da administração, é grande a possibilidade de que em 2018 a gestão tucana esteja muito bem avaliada.
São trabalhos nos quais o vice-governador está diretamente envolvido, cumprindo missões diretamente estabelecidas pelo chefe. E o grande beneficiário dessa situação, não há dúvida, será o candidato do governo.
PSD e PSB
Mas, o leitor pode perguntar: o PSD do secretário Vilmar Rocha e o PSB da senadora Lúcia Vânia não estão meio em estado de pré-rebelião?
A pergunta é pertinente, se lembrarmos que realmente, o PSD chegou a falar em conversas com Maguito Vilela. Vilma já disse que o PSD tem nomes para uma disputa estadual, citando os deputados Thiago Peixoto e Francisco Júnior. E deixando escapar a possibilidade de o PSD ocupar a vice do PMDB na eleição em 2018, nesse caso bandeando para confrontar Marconi e seus aliados. O problema é que nem Vilmar, nem Thiago, nem Francisco conseguem falar dessa possibilidade sem esconder um risinho de (auto)gozação.
Lúcia Vânia, também — como de outras tantas vezes —, ensaia uma rebeldia. E passa “um pito” no governo quando à hipotética criação de uma secretaria para abrigar um correligionário seu no governo. Na semana passada, ela expressou sua contrariedade em entrevista à Rádio 730, dizendo textualmente: “Não aceito que joguem no colo do PSB a imagem de um partido fisiológico, que cobra criação de secretaria para ser contemplado. Isso vai contra toda a minha trajetória”.
Há algumas semanas, se não sob comando velado de Lúcia Vânia, mas pelo menos sob beneplácito dela, que é presidente do partido, a bancada do PSB na Assembleia declarou uma certa independência do governo. Independência “pra inglês ver”, como se diz, porque é um exercício de imensa dificuldade ser independente mantendo cargos e outras benesses no governo.
No plano imediato, esse movimento do PSB é também uma forma de pressionar para assegurar melhores espaços no rearranjo que o governador está fazendo na sua equipe. Mas no plano de médio prazo, o que mais está em foco é a eleição de 2018.
A verdade é que tanto Vilmar Rocha quanto Lúcia Vânia estão marcando posição e valorizando o próprio passe em relação à formação da chapa majoritária no ano que vem. Ambos querem ser candidatos ao Senado pela base aliada. O problema é que há só duas vagas. E uma delas, se nenhum abalo sísmico ocorrer, é de Marconi Perillo. Sobra uma.
E pra piorar esse quadro, tem mais gente soprando no ar — pra ver se “pega” — que quer vaga na briga pela cadeira de senador. Esse jogo de faz de conta é cabível, porque está distante a definição das alianças, dos acordos, dos conchavos partidários, ou como se queira chamar esses arranjos políticos-eleitorais. Aqui e ali se ouve falar de Jovair Arantes, do PTB. Também Magda Moffato, do PR, e o já senador Wilder Morais, que da mesma forma que Lúcia Vânia, quer disputar a reeleição. Magda e Wilder têm vastos recursos financeiros e se mostram dispostos a gastar, o que Lúcia nunca gostou.
Neste cenário, estão certos tanto Vilmar Rocha quanto Lúcia Vânia, em se fazerem notar pelo ruído dissonante dentro da base aliada. É uma forma de marcar posição e mostrar que além do fato de serem bons aliados, podem ser também aliados impertinentes.
É uma briga boa. Mas não tem nada a ver com o nome que o PSDB já definiu como seu pré-candidato e que está se mostrando o mais consistente para aglutinar a base aliada.