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Marconi Perillo vem ganhando eleições desde 1990, o que mostra profunda afinidade com o eleitorado goiano por mais de duas décadas

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Cezar Santos

Neste domingo, 26 de outubro de 2014, o tucano Marconi Pe­rillo vai ampliar mais um recorde: o único político goiano eleito pelo voto direto para um quarto mandato como governador de Goiás — ele, que está no terceiro mandato e já é o único nessa condição. Lembrando que foi duas vezes governador o peemedebista Iris Rezende (1983-1986 e 1991-1994).

Marconi vem ganhando eleições desde 1990, quando se elegeu de­putado estadual; em 1994, deputado federal; em 1998, governador; em 2002, reeleito governador; em 2006, senador; em 2010, governador. E agora, em 2014, disputa a segunda reeleição, com as pesquisas indicando ampla margem de frente sobre o adversário Iris Rezende. Só uma total subversão da lógica política tiraria a vitória do governador.

E é bom registrar que as vitórias de Marconi Perillo não têm sido fáceis, pelo contrário. Na maioria das vezes ele conseguiu reverter situações muito complicadas. Em 1998, saiu de 3% das intenções de votos contra Iris Rezende, que tinha mais de 70%, numa vitória que é considerada um verdadeiro “case” da política brasileira. Em 2002, também saiu atrás de Maguito Vilela para virar e vencer no primeiro turno.

Em 2006, “carregou” Alcides Rodrigues contra Maguito e também foi o responsável pela virada no turno final na disputa pelo governo — “mamãozinho-com açúcar” naquele ano foi a eleição ao Senado, com mais de 75% dos votos. Em 2010, novamente contra Iris Rezende, a disputa foi muito dura, mas Marconi Perillo venceu o adversário peemedebista no segundo turno, tendo contra si a Pre­feitura de Goiânia, o governo estadual e o governo federal petista.

Outro exemplo de capacidade de superação do tucano se deu em 2012, quando foi instalada uma comissão parlamentar mista de inquérito (Câmara dos Deputados e Senado Federal) para investigar a atuação do empresário de jogos ilegais Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e suas ligações com agentes públicos e privados em vários Estados. Marconi esteve no foco da comissão e sofreu um bombardeio de acusações de petistas e peemedebistas tanto em Goiás quanto em Brasília.

Naquele momento, considerou-se que o governador de Goiás estava liquidado politicamente, a oposição festejou o que seria a derrocada do tucano, mas Marconi prestou depoimento no Con­gresso, deu as informações pedidas e ao final dos trabalhos o relatório foi arquivado. Marconi então pôde se dedicar à gestão do governo, realizou centenas de obras em todo o Estado, dinamizou os programas sociais e recuperou sua imagem, o que lhe possibilitou disputar a reeleição agora, com totais chances de vitória.

Mas, afinal, porque o tucano tem essa profunda sintonia fina com o eleitor goiano? O que explica esse rol de conquistas nas urnas, quando líderes reconhecidos em outros Estados amargam derrotas às vezes humilhantes? Qual é o segredo do sucesso de Marconi Perillo?
“Marconi é um político moderno, que se atualiza, é um bom e competente gestor. O resultado disso é que ele sempre é eleito, e provavelmente vai ser reeleito agora. Isso é fruto da confiança da população, do eleitorado, em seu nome”, responde o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-GO), Wilson Ferreira da Cunha.

Arguto observador da cena política goiana, Cunha lembra que o governador aprendeu a fazer política muito jovem, ainda no PMDB. De fato, o tucano presidiu o PMDB Jovem em duas gestões na década de 80, quando foi assessor pessoal do governador Henrique Santillo entre 1987 e 1991. E Marconi começou a fazer política na era pré-internet, no entanto, se adaptou à nova realidade virtual de forma tranquila, natural, sem forçar e sem estardalhaço, o que mostra seu espírito moderno.

“A juventude e a disposição invejável para o trabalho facilitam isso. Marconi apresenta propostas com ideias, com inovação, e o eleitorado goiano vem dando resposta a isso, como está dando agora. O governador está colhendo o que plantou ao longo desses anos de candidaturas”, afirma Cunha.

Especificamente como governador, Wilson Ferreira da Cunha diz que Marconi deu continuidade à modernidade de Goiás, começada por Iris Rezende, só que Iris ficou parado no tempo. Nesse particular, lembra, Marconi tem uma qualidade rara, que é saber montar equipe a partir de sua capacidade de agregação. Segundo ele, o governador consegue isso por ter carisma próprio, o que lhe possibilita agregar muita gente em torno de si.

“Ele tem um quadro de auxiliares competentes, não todos, logicamente, mas com muitos que se destacam por ter visão de organização, de crescimento e desenvolvimento. Isso é importante, porque o governador é o gestor principal, mas precisa ter uma equipe que planeja, que pensa, que introduz inovações e novas ideias. Isso é fazer uma gestão pública competente, eficiente e moderna.”

O professor da PUC afirma que o governador tem firmeza, baseia-se em números, discute fatos, e não se prende apenas em conquistar votos a todo o custo, com promessas inviáveis. Aliás, diz Wilson Cunha, ao se posicinar sempre de forma firma, segura, Marconi ganha pontos com o eleitor. Diz que foi essa postura de firmeza, por sinal, que ajudou o governador a se sair bem na CPMI do Cachoeira, em 2012.

Voos nacionais

Segundo Cunha, o tucano, em seu novo mandato, deve dar mais transparência na gestão, justamente agora em que a sociedade clama por mais transparência sobre os gastos públicos. “Com isso, Marconi vai ter mais credibilidade ainda, passando mais confiabilidade. Qualquer Estado, qualquer País, precisa de gestores que põem em primeiro lugar a clareza sobre como gastar bem o dinheiro da sociedade. Acredito que é isso que ele deverá fazer se pretende, e acredito que deve pretender, voos mais amplos em nível nacional.”

O acadêmico acredita que Marconi Perillo é um nome que pode se destacar a nível nacional, justamente por suas posições coerentes. “Desde o surgimento do mensalão, em 2005, ele já alertou o governo federal, pessoalmente ao então presidente Lul. Se tivessem dado continuidade a isso, Lula teria sido deposto. Num encontro nacional, Marconi disse que Lula era canalha, o que mostra a postura dele diante do que é errado.”

Segundo o professor, as posições firmes do governador goiano agradam o eleitor, que precisa de gestores que tenham coragem, disposição e competência para agir. “Marconi se carateriza como o novo político, diferente daquele tradicional que o país conhecia, principalmente nos Estados mais atrasados.”