Segurança pública, educação, saúde e energia elétrica são as prioridades de todos os candidatos

Vanderlan Cardoso (PSB), Antônio Gomide (PT), Iris Rezende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB), os quatro principais candidatos ao governo, apresentaram suas propostas de governo na sede da OAB Goiás
Yago Rodrigues Alvim
A seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) realizou, nos dias 10 e 11 a última série de sabatinas, nomeada “Fala, candidato”, entre os quatro principais candidatos ao governo do Estado. Na quarta-feira, 10, Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT) foram sabatinados pelo colegiado da seccional. Na quinta-feira, 11, encerrando as rodadas, o bate-papo foi com Iris Rezende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB). O objetivo das rodadas foi permitir que os advogados e eleitores goianos conhecessem melhor os candidatos e suas propostas. O presidente da Ordem, Henrique Tibúrcio, conduziu as sabatinas.
Primeiro dia
O pessebista Vanderlan Cardoso abriu a série falando sobre suas experiências como gestor empresarial e como prefeito de Senador Canedo, de 2005 a 2009. Ele disse que a vivência lhe deu conhecimento para administrar o setor público e que não seria candidato se concordasse com a gestão atual: “Eu sinto na pele muitos dos descasos que acontecem em Goiás. Atualmente, o Estado é um desafio”.
Vanderlan explicou que o trabalho ainda na pré-candidatura resultou em um plano de metas e destacou: “Quando estipulamos metas, nos obrigamos a persegui-las”. Entre elas, estão: melhorias para segurança pública, o que envolve educação, saúde e energia elétrica. Quanto à segurança, o governadoriável relatou que, nos últimos anos, houve falta de atenção com o tema em vários aspectos. Assim, suas propostas visam: motivar os profissionais da área; investir em inteligência para impedir o crime e propiciar soluções mais rápidas; e integrar as polícias Militar, Civil e do Ministério Público e Tribunal de Justiça. Além disso, Vanderlan comentou sobre o “Aluno em Tempo Integral”, projeto que propõe ao aluno realizar uma atividade extra-curricular, seja esportiva ou cultural, o que beneficiaria a segurança.
Já para o quadro da saúde, se posicionou como crítico das Organizações Sociais (OSs). “Esse modelo aumentou o gasto na saúde e o resultado não está sendo o esperado. Isso se justifica porque não existe fiscalização. Eu proponho a manutenção da administração pelas OSs, mas que isso seja feito com transparência em todos os processos”.
A Celg não ficou de fora do discurso de Vanderlan. O candidato propõe investimentos nas linhas de transmissão e subestações. “Não adianta falar em polo industrial, saúde e educação se não há energia elétrica. Quando se coloca um gerador na capitação e outro no tratamento, o problema é resolvido numa cidade inteira”, defendeu.
O segundo sabatinado foi o petista Antônio Gomide. O candidato ressaltou a oportunidade de diálogo que o evento propõe e já começou dizendo a falta de um planejamento inadequado atrapalhou o crescimento de Goiás: “Se queremos um Estado com mais igualdade é preciso ter nos próximos quatro anos planos diretores regionais de desenvolvimento”.
Gomide destacou a segurança, saúde e educação como os três principais pontos que mais precisam receber investimentos para que a população goiana tenha uma melhor qualidade de vida. A experiência também foi valorizada: “Quero ter a oportunidade de fazer aquilo que falo, assim como fiz na cidade de Anápolis”. Segundo ele, o diálogo e a presença nos municípios foram essenciais. A valorização da Universidade Estadual de Goiás (UEG), a infraestrutura para o setor produtivo, e a revitalização da Saneago foram temas abordados pelo candidato.
O aumento do efetivo de policiais militares e a escola em tempo integral, também associada à cultura e ao esporte, foram propostas do candidato: “Precisamos que o policial civil tenha possibilidades de fazer seu trabalho e precisamos, também, fazer com que a educação seja a vacina contra as drogas”. Sobre as OSs, Gomide disse que não é a regra, e sim a exceção daquilo que cumpriu o que a saúde pública não soube cumprir. “Precisamos ter qualidade e gratuidade nos serviços da saúde”.
Sobre a Celg, o petista comentou sobre a falta de zelo com a Companhia, que prejudica, por exemplo, a indústria. “Percebo que o que precisamos fazer neste momento é dar transparência e fazer um plano de trabalho, pois não adianta só ter recurso. Eu quero resgatar as centrais elétricas de Goiás. É importante recuperar e resgatar a valorização dessa empresa pública que gera renda, emprego e dá qualidade de vida ao povo goiano”, afirmou.
Segundo dia
Iris Rezende (PMDB) foi o primeiro candidato a participar do último dia da sabatina. Inicialmente, destacou que, para ele, a política é a área mais complexa das relações humanas e avaliou como negativa a postura do brasileiro diante do assunto: “Minha grande frustração na política é ver que o povo não gosta de discutir sobre isso.” Iris concluiu a ideia afirmando que a partir do momento que a nação acompanhar o assunto, como faz com o futebol, o cenário nacional se modificará para melhor.
Além de pontos específicos sobre a advocacia, como as custas processuais de Goiás, precatórios, reajuste da Unidade de Honorários Dativos (UHD’s) e o piso salarial do advogado, que também foram temas abordado na sabatina dos outros candidatos, Iris comentou acerca da segurança pública e da saúde do Estado.
“Há 15 anos, Goiás era o décimo oitavo no índice de criminalidade do país, hoje é o quarto Estado mais violento do Brasil. Enquanto isso, São Paulo reduziu em mais de 60% o índice de criminalidade. Rio de Janeiro também alcançou uma redução de 47% e nós aumentamos. Essa é a questão mais urgente para o novo governo”, declarou. Segundo ele, o efetivo que está atuando não dá conta: “Para atuar contra o crime é preciso que se tenha autoridade. O governo não pode ficar na mão de ninguém, sobretudo de bandido”.
A respeito da saúde, o peemedebista disse que é necessário construir hospitais regionais, no mínimo 10 ou 12 unidades, e ressaltou que os médicos precisam ser bem remunerados. Por fim, informou que está sendo realizado um estudo da viabilidade de uma central de diagnósticos, que interligaria todos os municípios.
O tucano Marconi Perillo foi o último a ser entrevistado. Primeiramente, o candidato comentou o recente resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo Ministério da Educação, que demonstraria o quão importante é uma gestão planejada que visa resultados: “Goiás ficou em 1º lugar no Ensino Médio e nas duas fases do Fundamental estamos em 2º e em 3º lugar. Os dados demonstram quando temos uma gestão planejada e eficiente. Não estou contente apenas com isso, eu acho que temos que avançar muito mais porque educação é a base”.
Outro índice destacado por Marconi foi o ranking, publicado pela Folha de São Paulo, que mostra o crescimento de 43 posições da UEG. Além disso, comemorou: “Outra boa notícia foi que, enquanto no segundo trimestre deste ano o PIB brasileiro teve um recuo de 0,9%, Goiás, mais uma vez, conseguiu ter um superávit (2,1%)”.
A segurança pública e geração de energia elétrica também foram destaques em sua fala. “Recentemente, o Tribunal de Contas da União considerou Goiás o 2º Estado que mais investiu em segurança pública. O problema é que a Constituição estabelece que apenas os Estados são obrigados a investir ou a ter gastos com segurança pública e, como há este preceito constitucional, o governo federal se omite em relação a uma estratégia nacional para a segurança pública”, argumentou.
Marconi felicitou a proposta dos candidatos à Presidência da República em mudar a Constituição, criando um fundo nacional que veiculará receitas para a segurança dos Estados.
Além disso, ele defendeu a destinação correta do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), isto é, para construção de presídios e, ainda, destacou a proposta de mudança na legislação penal: “A polícia nunca prendeu tanta gente, mas a justiça é obrigada a soltar em virtude da legislação penal, que é frouxa”.
Quanto à energia, Marconi argumentou: “O então governador, na época, vendeu para Furnas Corumbá I, que gera 400 megawatts de energia e investiu um dinheiro enorme na 4ª etapa de Cachoeira Dourada, que não rende nada. Depois, o próprio PMDB vendeu Cachoeira Dourada. O fato é que perdemos 1050 megawatts de geração de energia. O problema que agravou a situação da Celg foi o dinheiro gasto em bobagem e nada foi colocado na Celg”.
Segundo ele, para que o valor de Cachoeira Dourada fosse mais alto, a Celg ficou obrigada a comprar só de Cachoeira Dourada uma energia com duas vezes o preço do mercado. “Eu rompi isso em 2004, na Justiça, porque nós éramos obrigados pelo contrato a comprar energia mais cara e ainda a pagar o transporte da energia nas linhas de transmissão. Hoje, todos se isentam da culpa e culpam a gente”.
Por fim, disse que, pelo contrário, estão resolvendo o problema da Celg e ressaltou que não entregaram de graça a gestão da Celg para a Eletrobrás, em 2012. “Isso é porque a concessão vence no início do ano que vem. Essa concessão foi por 30 anos e o ministro alertou que ou a Eletrobrás teria 51% das ações ou a concessão não seria prorrogada por mais 30 anos. Sem esta prorrogação a Celg não valeria nada”, concluiu.
Deixe um comentário