Ex-deputado Aldo Arantes justifica a proposta que a OAB e uma centena de entidades levaram ao Congresso Nacional para reformular o sistema político-eleitoral
06 dezembro 2014 às 12h23
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Helio de Sousa tem o apoio velado do chamado núcleo duro da futura bancada oposicionista. O objetivo é derrotar qualquer nome eleito este ano pela base marconista
Afonso Lopes
A disputa pela presidência da Assembleia Legislativa está pegando fogo e tem movimentado os bastidores como poucas vezes se viu. A eleição será somente em fevereiro, quando da posse da nova legislatura, mas as negociações estão em ponto de fervura total. De um lado está o deputado Helio de Sousa (DEM), atual presidente após a renúncia do ex-deputado Helder Valin (PSDB), que foi para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Do outro, deputados muito mais próximos da base governista, como José Vitti (PSDB), Lincoln Tejota (PSD) e Chiquinho de Oliveira (PHS). É nesse conflito que tem se inserido o chamado núcleo duro da futura bancada oposicionista na Assembleia, composto principalmente por Ernesto Roller, José Nelto e Adib Elias, todos do PMDB.
Em tese, os quatro nomes colocados para a disputa pertencem à base aliada governista. Mas o efeito político da eleição indica em outra direção. Filiado ao DEM, Helio de Sousa foi eleito com os votos conquistados pela coligação liderada pelo PMDB. Ao contrário dos seus adversários na disputa pela presidência da Assembleia. Dentre estes, o mais identificado com o Palácio das Esmeraldas é Chiquinho Oliveira, que foi auxiliar direto do governador Marconi Perillo durante todo o terceiro mandato, e tem longa história entre os marconistas, desde o governo de Nion Albernaz na Prefeitura de Goiânia.
Repercussão nacional
É de olho nessas questões essencialmente políticas que o núcleo duro da oposição tem trabalhado. Se conseguir derrotar Vitti, Lincoln e Chiquinho, fatalmente os opositores vão faturar em cima, como se fosse uma espécie de cartão de visitas para o quarto mandato de Marconi Perillo. A candidatura e eleição de Helio de Sousa também agradaria ao senador eleito Ronaldo Caiado, presidente regional do DEM e, hoje, principal mandato de atuação oposicionista em nível estadual.No campo federal, Caiado, embora não tenha se envolvido até agora nessa disputa, surgiria como vitorioso contra Marconi, até porque as sutilezas da atuação de Helio de Sousa como governista são nacionalmente menos conhecidas do que sua ficha de filiação.
É com esse viés que o caldeirão da disputa na Assembleia Legislativa tem se dado até aqui. Marconi se nega a entrar de corpo e alma a favor de algum candidato, mas liberou seus auxiliares para apoiarem quem quiserem. A maioria, até pela proximidade, tem revelado apoio a Chiquinho de Oliveira. Depois dele, surgem Vitti e Lincoln. Ainda assim, publicamente eles acompanham Marconi, sem fazer declarações de apoio. Mas basta tocar no assunto com a maioria dos integrantes do comando central do governo para a preferência pessoal fluir.
De qualquer forma, há unanimidade entre todos os auxiliares de que Marconi não deverá se pronunciar a respeito da eleição na Assembleia, nem contra nem a favor de qualquer candidato. Oficialmente, os quatro candidatos são governistas. Alem disso, como é um poder independente, o governador acha que o assunto, publicamente, é de alçada exclusiva dos próprios deputados.
O grande problema de Helio de Sousa é sua forma de atuação política. Nos últimos quatro anos, ele sempre foi prestigiado nas administrações de Jardel Sebba e Helder Valin, mas nunca se integrou realmente ao grupo da base, optando por seguir carreira solo, e votando favoravelmente nas questões de interesse do Palácio. Essa falta de grupo foi percebida pelo núcleo duro da oposição, que se aproximou da candidatura de Helio de Sousa e foi bem recebido, especialmente após a promessa de votação fechada de toda a bancada oposicionista, que será composta por 14 deputados/votos. Para a presidência são necessários no mínimo 21 votos.
Num balanço informal feito por um dos integrantes do grupo mais próximo de auxiliares do primeiro time de Marconi ao Jornal Opção, no final da tarde de sexta-feira, 5, o placar estaria empatado, com 14 votos para Chiquinho e os votos da oposição para Helio. Mas as contas podem não ser exatamente essas. Pelo menos dois deputados do PT, Humberto Aidar e Adriana Accorsi, ainda não teriam definido suas preferências.
Tudo isso indica que o restante deste mês natalino e janeiro, geralmente dedicado às férias, vai ser bem mais agitado do que nos anos anteriores. A eleição para a mesa diretora da Assembleia Legislativa está pegando fogo.