Em Goiânia, os nomes mais badalados sempre largam na frente

19 setembro 2015 às 13h20

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Levantamento feio pelo instituto Paraná Pesquisas sobre os nomes mais cotados
para as eleições de 2016 na prefeitura da capital de Goiás se destaca pelo recall

Afonso Lopes
Pesquisa encomendada pela Rede Record-Goiás sobre a sucessão do prefeito Paulo Garcia, no ano que vem, é bastante prematura, mas revela, sim, quais são os nomes mais conhecidos neste momento. Os primeiros colocados herdam um bom recall das eleições do ano passado, e se destacam dentre os novatos. É natural que seja assim, mas nem por isso os números devem ser descartados enquanto análise conjuntural sobre as perspectivas do que poderá estar à disposição dos eleitores dentro de um ano e um mês — outubro do ano que vem.
A liderança absoluta, conforme o instituto Paraná Pesquisas é de Iris Rezende, do PMDB.
Alguma novidade? Nenhuma. Iris, sempre se soube, tem na capital seu principal reduto eleitoral. Talvez o fator mais surpreendente seja seu desempenho, considerado apenas razoável no quadro principal, em que há uma hiper-inflação de nomes à disposição dos eleitores pesquisados. Mais ou menos como poderá acontecer em um 1º turno. Iris apareceu com 37,9%. Nas eleições do ano passado, contra Marconi Perillo, Vanderlan Cardoso, Antônio Gomide, Professor Weslei, Marta Jane e Alexandre Magalhães, o peemedebista ficou com 36,6%. Ou seja, em tese não houve qualquer migração de intenção de votos entre a eleição do ano passado e a situação atual.
Adversários
A pesquisa revelou que outros três candidatos estariam preferencialmente no páreo contra o líder peemedebista, caso a eleição do ano que vem fosse agora: Vanderlan Cardoso, em segundo lugar, delegado Waldir Soares, em terceiro, e a delegada Adriana Accorsi. Embora Iris se desgarre dos demais, esse quarteto estaria então na condição de principais protagonistas da corrida eleitoral.
O quadro não é definitivo, porém. E novamente encontra-se na eleição de 2014 indícios de que Vanderlan, Waldir e Adriana se mantiveram conhecidos. A petista, por exemplo, foi a segunda mais votada deputada estadual, atrás apenas de Mané de Oliveira, em Goiás. Como candidato a deputado federal, Waldir bateu recorde na capital, com mais de 26% dos votos válidos. Vanderlan, além de ter sido prefeito por dois mandatos na vizinha Senador Canedo, disputou o governo do Estado em 2010 e no ano passado.
Esses números devem causar calafrios em Iris Rezende, caso ele resolva mais uma vez disputar a Prefeitura de Goiânia? Claro que não. Ele aparece como favorito. O problema é que ele já não é tão favorito como em 2008, quando não apenas venceu a reeleição no 1º turno como beirou a unanimidade, com nada menos que 80% dos votos válidos. Então, em tese, ele deveria ter surgido com folga bem mais tranquila do que apareceu.
Por outro lado, Iris tem a nítida vantagem de contar com um recall permanente, e não apenas oriundo da eleição anterior, como ocorre principalmente com Waldir e Adriana. Vanderlan também conta com recall mais antigo, e portanto aparentemente estabilizado. Longe do clima de campanha, que se estende naturalmente pelo emocional das pessoas, os quatro levam nítida vantagem no momento, e isso pode ajudar muito mais nas disputas internas do que necessariamente em relação à eleição — que ainda é assunto praticamente desconhecido pelo grande público.
Dificuldades
Iris, Vanderlan, Waldir e Adriana, todos eles, vão enfrentar problemas se realmente se confirmarem como candidatos. O peemedebista, por exemplo, tem faixa de rejeição em torno de 30%, conforme a pesquisa do instituto paranaense. O problema não está nesse fato, até porque ele é o principal líder da oposição ao governador Marconi Perillo. Ou seja, os que gostam de Marconi tendem a rejeitar Iris Rezende de forma automática. O inverso, entre eles, também é verdadeiro. A questão maior para Iris será o de superar a rotina como candidato.
Ele disputou as eleições de 1998, 2002, 2004, 2008, 2010 e 2014. Ou seja, no ano que vem, caso entre mais uma vez na disputa, será a sétima eleição praticamente consecutiva. Além disso, ele foi o principal avalista da reeleição do prefeito Paulo Garcia, o que criou uma espécie de vínculo entre os dois. Se Paulo não estiver com popularidade em alta, certamente parte do que for negativo poderá respingar no próprio Iris durante a campanha.
O deputado federal Waldir Soares tem uma questão bem mais complicada para resolver. Aliás, duas. A primeira delas é dentro do seu próprio partido, o PSDB. Como nunca foi membro de nenhum dos grupos internos, ele terá que ganhar a confiança de todos para se credenciar como candidato. Não vai ser fácil, mas também não é impossível. Nesse caso, os números das pesquisas realizadas até agora, e não apenas esta, do instituto Paraná, revelam que ele é o nome mais popular entre os tucanos. Muito mais difícil será a migração de sua imagem. Na eleição em que bateu recordes de votação como deputado federal, no ano passado, o candidato eleito foi um delegado linha dura. Como candidato a prefeito essa imagem não cola. A porta de migração dessa imagem para Waldir parece estar evidente: um forte discurso contra a corrupção. Daí em diante ele terá que construir um discurso consistente em áreas como mobilidade urbana, educação e saúde pública.
Esse não é um problema para a também delegada e deputada estadual Adriana Accorsi. Militante do PT desde os tempos em que seu pai, o ex-prefeito Darci Accorsi (já falecido) era uma das referências do partido em Goiânia, Adriana integra o grupo hoje liderado pelo prefeito Paulo Garcia. Ou seja, ela foi eleita muito mais por sua atuação junto do partido do que como delegada de polícia, ao contrário de Waldir Soares. Mas se esse fato facilita sua convivência com discurso das questões do dia a dia da cidade como um todo, complica por representar exatamente o PT, partido que ainda sofre desgastes locais e, principalmente, em nível nacional.
Por fim, Vanderlan Cardoso, que é hoje o principal adversário de Iris, tem uma baita encrenca pela frente. O desembarque da senadora Lúcia Vânia, ex-PSDB, em seu partido, o PSB, lhe garante um fôlego extra importante. Goiânia sempre foi o principal reduto de Lúcia. Mas só ela não é o bastante para uma disputa que se anuncia previamente como difícil e equilibrada. Vanderlan precisa construir uma ótima chapa de candidatos proporcionais, fato que não conseguiu nas duas últimas eleições que disputou, em 2010 e em 2014, para o governo do Estado. Se não escapar de seu isolamento partidário, sua candidatura poderá mais uma vez morrer antes mesmo de avistar a praia. Para ele, o ideal mesmo seria receber a unção da poderosa base aliada estadual comandada pelo governador Marconi Perillo. Se isso acontecer, ele não apenas entrará para valer na disputa como, pela primeira vez desde que foi prefeito de Senador Canedo, poderá vencer.
É óbvio, no entanto, que tudo isso é uma análise baseada na leitura que se pode fazer dos números da pesquisa do Instituto Paraná. Daqui até a eleição, em outubro do ano que vem, falta um longo percurso. Vai ganhar quem conseguir mais fôlego. E, nesse caso, pode ser alguém que sequer apareça entre os cotados atualmente.