DEM, de Ronaldo Caiado, deve ser o parceiro preferencial do PMDB
04 julho 2015 às 12h15
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Em Goiânia, a relação entre Iris Rezende e o prefeito petista Paulo Garcia tornou-se polar. Antes frequentes, reuniões entre eles são raras
Afonso Lopes
Oficialmente, o PMDB continua sendo o principal parceiro do governo petista de Paulo Garcia em Goiânia. Mas essa aliança estaria com os dias contados. Para as eleições do ano que vem, mesmo que Iris Rezende, principal avalista da aliança PMDB/PT, seja o candidato peemedebista, o DEM, do senador Ronaldo Caiado, substituirá o partido de Paulo Garcia na coligação e, provavelmente, também na composição da chapa majoritária.
O distanciamento entre Iris e Paulo, antes de irmãos siameses — ou “pai e filho” —, é evidente. Conforme um deputado estadual do PMDB, o clima entre eles é tão frio quanto o inverno nos polos. Recentemente, um dos ministros peemedebistas esteve em solenidade em Goiânia e depois quis agendar um encontro fora da agenda oficial como grande líder do PMDB goiano. Essa reunião ocorreu no apartamento de Iris, que teria vetado a presença de Paulo.
Em tese, esse distanciamento seria a preparação de eventual candidatura de Iris a prefeito no ano que vem. Graças ao desgaste da imagem do governo de Paulo, o PMDB estaria se afastando da administração para permitir que, na campanha, Iris não carregue o peso de uma candidatura oficial ligada à Prefeitura.
Foi mais ou menos isso o que aconteceu em 2010, quando Marconi Perillo retornou ao Estado e se candidatou ao governo como opositor do governador Alcides Rodrigues (então no PP), que quatro anos antes tinha sido eleito graças ao prestígio eleitoral do próprio Marconi. Mas a localização do rompimento entre os dois é bem diferente do que está ocorrendo entre Iris e Paulo. Alcides começou a se distanciar do antecessor logo após a posse, e jamais voltaram a se aproximar. Iris e Paulo, não. Até aqui, eles mantinham reuniões rotineiras e acertavam estratégias conjuntamente tanto no campo administrativo como nas questões políticas.
Os principais pensadores peemedebistas sabem que esse fato, mesmo com o fim da aliança, vai ser explorado na campanha como um trunfo contra Iris. É por isso que boa parte desses articuladores defendem o afastamento do PMDB o mais rapidamente possível. Se demorar muito tempo para romper de vez, Iris correria o risco de ser oportunista, e de ter abandonado o barco dividido com o PT somente na época da eleição.
O problema é que Paulo Garcia não tem, como é sua característica pessoal, causado qualquer tipo de constrangimentos a Iris Rezende. Ele sequer reclama do tipo de tratamento que tem recebido. Há também o fato de que ele, primeiro como vice-herdeiro e depois como titular eleito, sabe exatamente porque sua administração se viu atolada por sérias dificuldades financeiras desde a sua reeleição em 2012. E isso não aconteceu por interpretações equivocadas emanadas de seu governo. Um secretário das finanças chegou a dizer, em meados do ano passado, que os dois períodos de Iris na Prefeitura geraram um rombo de 400 milhões de reais em dívidas, fato que ele teria apontado como fonte principal do desarranjo financeiro que se viu depois.
De qualquer forma, a decisão sobre o rompimento com o PT parece que já foi tomada, faltando apenas a sua oficialização. Os petistas devem ser substituídos na aliança preferencial do PMDB pelo DEM, comandado pelo senador Ronaldo Caiado, um dos principais articuladores da oposição ao governo federal petista, em Brasília. A chapa majoritária teria Iris como candidato a prefeito, ladeado por um vice indicado por Caiado. Nesse caso, para o PT, não restaria outro caminho senão a separação, ou ter que engolir seco e apoiar um democrata como vice na sucessão de Paulo.
Se essa for a estratégia a ser adotada pelo PMDB para o rompimento formal da aliança com o PT em Goiânia, então somente no meio do ano que vem, quando as chapas são finalizadas nas convenções partidárias. Mas há quem defenda, entre os peemedebistas, que o fim da aliança PMDB/PT ocorra bem antes disso, no final deste ano. Isso daria tempo para se observar a reação do eleitor em relação à candidatura de Iris Rezende pós-rompimento e preparar o discurso que neutralize qualquer exploração política do fato pelos demais candidatos e partidos. Ou seja, a relação entre os dois parceiros vai acabar mesmo. O que falta definir é somente a oportunidade para que possa ser formalizada.