Conheça a Mamacadela, planta do cerrado usada para tratar vitiligo
03 novembro 2024 às 00h00
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A mamacadela, cientificamente conhecida como Brosimum gaudichaudii, é uma planta nativa do cerrado brasileiro, reconhecida por suas propriedades medicinais. Pertencente à família Moraceae, essa planta apresenta características notáveis, como caule tortuoso e folhas pequenas. Sua raiz é considerada a parte mais valiosa, pois contém compostos bioativos que têm sido amplamente estudados devido aos potenciais benefícios à saúde humana, especialmente na área dermatológica.
Popularmente utilizada na medicina tradicional, a mamacadela é conhecida por suas propriedades terapêuticas contra doenças da pele, como o vitiligo. Os princípios ativos presentes nas raízes da mamacadela, como as furanocumarinas, são capazes de estimular a produção de melanina, ajudando na restauração da pigmentação da pele. Esse uso popular despertou o interesse da ciência, e atualmente a planta é estudada em universidades e institutos de pesquisa para comprovar seus efeitos e desenvolver tratamentos dermatológicos mais eficazes.
A mamacadela cresce principalmente em regiões de cerrado, sendo comumente encontrada nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Essas regiões oferecem as condições ideais para seu desenvolvimento, como solo ácido e clima quente e seco. Em áreas onde o cerrado está preservado, essa planta encontra um habitat natural propício e cresce de maneira abundante. No entanto, a expansão agrícola e a degradação ambiental têm reduzido as áreas de ocorrência natural da mamacadela, o que tem chamado a atenção para a necessidade de sua conservação.
Além do uso medicinal, a mamacadela tem importância cultural e econômica para as comunidades locais que a utilizam na medicina tradicional. Esses grupos valorizam o conhecimento passado de geração em geração sobre o uso da planta, garantindo seu acesso e preservação. Devido ao seu potencial fitoterápico, esforços de cultivo sustentável estão sendo incentivados, pois, assim, além de preservar essa planta nativa do cerrado, é possível assegurar seu uso responsável e evitar a extinção de uma espécie de grande valor para a saúde e a cultura brasileira.
Pesquisa com mamacadela avança no combate ao vitiligo, mas enfrenta entraves ambientais e econômicos
O professor Edemilson Cardoso, titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG), desenvolve um projeto científico que visa transformar a planta conhecida como mamacadela em um remédio eficaz para o tratamento do vitiligo. O professor explica que seu trabalho parte do conhecimento popular sobre a planta, o qual considera fundamental nesse contexto.
A partir desse princípio, o professor investigou por que a mamacadela (Brosimum gaudichaudii, nome científico), um fruto típico do Cerrado, poderia ser eficaz no tratamento do vitiligo. Após várias análises, ele descobriu que os princípios ativos que auxiliam no controle da doença estão concentrados na raiz da planta. Segundo ele, o uso da mamacadela por pessoas com vitiligo se justifica pela presença da furocumarina na raiz.
Dr. Edemilson ressalta que o avanço do projeto enfrenta barreiras ambientais. “Já poderíamos estar produzindo o medicamento, pois já temos a fórmula tanto em comprimidos quanto em pasta. Contudo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não autoriza a retirada da mamacadela devido à sua escassez no Cerrado”, afirma. Em parceria com a Faculdade de Agronomia, ele busca uma forma de cultivar a planta em laboratório, visando obter uma árvore que cresça mais rapidamente que a nativa, possibilitando a fabricação do medicamento em escala industrial.
O professor explica que o vitiligo resulta da deficiência de melanina e que o extrato da raiz da mamacadela estimula sua produção no organismo. “O extrato possui substâncias chamadas furocumarinas, que atuam nos melanócitos – células especializadas na produção de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele e dos pelos – estimulando-os a produzir esse pigmento”, esclarece.
Além das questões ambientais, Dr. Edemilson destaca desafios econômicos, uma vez que o vitiligo é classificado como uma doença negligenciada, ou seja, com baixo interesse das indústrias farmacêuticas por seu caráter estético, o que reduz seu potencial de lucro. Doenças negligenciadas recebem poucos investimentos em pesquisa, desenvolvimento de medicamentos e vacinas.
O professor também reconhece o trabalho pioneiro do Dr. Anuar Auad, que foi o primeiro a realizar pesquisas sobre o uso da mamacadela no tratamento do vitiligo em Goiás. “Dr. Auad realmente abriu caminho para a aplicação clínica desse tratamento em nosso estado”, comenta. Ele lembra que, inicialmente, o uso era empírico, ou seja, baseado em conhecimento adquirido ao longo da vida, sem comprovação científica. “O que estamos desenvolvendo agora segue metodologias científicas rigorosas e controle de qualidade, determinando a quantidade exata de cada substância na composição do medicamento.”
Dr. Edemilson explica que o resultado do tratamento com os compostos da mamacadela varia conforme a evolução do vitiligo. “Em alguns casos, especialmente entre jovens, as manchas desaparecem rapidamente. Acredito que a mamacadela é uma aliada única contra essa doença. Temos um verdadeiro tesouro em nossas terras, mas precisamos resolver os obstáculos que impedem a produção do medicamento para que ele chegue a quem precisa”, destaca.
O professor alerta que qualquer produto contendo mamacadela disponível no mercado está sendo comercializado de forma ilegal, pois não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Ele também chama atenção para o risco de reações adversas em decorrência do uso de produtos não regulamentados.
Outra etapa do projeto inclui a realização de testes conforme exigências da ANVISA, órgão do Ministério da Saúde responsável por regulamentar e fiscalizar as boas práticas na produção de medicamentos. “Após testes de dissolução, solubilidade, pH e ensaios in vitro com animais para avaliar a eficácia das fórmulas, foi observada uma eficácia de até 75% no tratamento.”
A pesquisa sugere que o tratamento combine a ingestão de comprimidos e a aplicação tópica de fórmulas (gel ou pomada) na pele. O paciente deve ingerir o comprimido, aplicar a loção, aguardar 30 minutos e, então, expor-se ao sol por 15 minutos, nos horários recomendados, entre 7h e 10h da manhã ou após as 16h. A exposição solar é essencial para ativar a furocumarina presente na mamacadela, que forma ligações com as bases nitrogenadas do DNA. Não é recomendado se expor ao sol entre 10h e 16h.
Estudo aponta potencial de reflorestamento com multiplicação in vitro
A escassez da mamacadela é um desafio para a continuidade das pesquisas e para a produção sustentável do medicamento. Maurízia de Fátima Carneiro, bióloga e doutora em produção de plantas pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), explica que a mamacadela é uma árvore de aproveitamento integral. “Ela é muito importante porque contém substâncias das classes das furanocumarinas, como psoralenos e bergaptenos, presentes em todas as partes da planta, mas concentradas especialmente no córtex, mais precisamente no final da raiz”, destaca.
Devido a essas características, a bióloga afirma que a mamacadela é amplamente utilizada na produção de vários tipos de medicamentos, o que tem causado uma drástica redução dessa árvore no cerrado goiano. Ela ressalta que a multiplicação da planta pode ser feita por sementes; no entanto, ainda existem poucos estudos sobre a propagação in vitro. Seu trabalho de pós-doutorado focou justamente na produção in vitro, obtendo resultados promissores.
“Os resultados foram muito interessantes, pois, ao realizar a multiplicação por métodos tradicionais, como a germinação em substratos, obtemos apenas uma muda por semente. Em contrapartida, na multiplicação in vitro, cada semente pode gerar cerca de 40 mudas bem formadas, viáveis e livres de doenças e pragas. Portanto, para fins de reflorestamento, o ideal seria a multiplicação in vitro”, conclui.
Dermatologistas e o uso da Mamacadela no Tratamento do Vitiligo
O dermatologista Antônio Macedo, um dos profissionais mais conceituados de Goiás, revela que prescreve o uso da mamacadela para seus pacientes. “Prescrevo a mamacadela em cápsula e em pomada, produzidas na farmácia da UFG e em farmácias de manipulação”, afirma. Antônio Macedo destaca que a receita por ser um tratamento de baixo custo, fácil acesso e, claro, eficaz.
Ele explica que os efeitos colaterais são mínimos quando o uso é supervisionado por um especialista. “Há mais de 30 anos que prescrevo a mamacadela para o controle de todas as formas de vitiligo”, conta. No entanto, o médico ressalta que o tratamento é de longo prazo e que, embora não se possa garantir a cura, as manchas tendem a desaparecer com o uso.
Macedo lembra que nem mesmo os tratamentos à base de melagenina — substância extraída da placenta humana e promovida por médicos cubanos a partir dos anos 70 como cura para o vitiligo — mostraram a mesma eficácia que a mamacadela. “Importei esse produto de Cuba por volta dos anos 2000 e usei em alguns pacientes, mas sem resultados. Muitos pediam pelo tratamento por conta da publicidade da época, mas foi uma ilusão”, comenta.
Ele também destaca a importância do Dr. Anuar Auad, seu professor e pioneiro no uso da mamacadela para tratar o vitiligo. “Foi o maior estudioso da mamacadela. Se hoje temos esse remédio, é graças ao cientista Anuar Auad”, frisa.
Por outro lado, o dermatologista Adriano Auad, filho de Anuar Auad, discorda de Antônio Macedo quanto à prescrição de produtos à base de mamacadela para o vitiligo. Segundo Adriano, todos os produtos disponíveis no mercado não possuem registro na Anvisa, sendo comercializados irregularmente. Ele alerta sobre a procedência das plantas utilizadas na manipulação desses produtos. “Não indico em hipótese alguma esses medicamentos. Primeiro, porque não sabemos se realmente são feitos a partir da mamacadela; segundo, pela falta de controle sobre a origem das plantas”, afirma.
Dr. Adriano lembra do Viticromin, desenvolvido por seu pai e eficaz no tratamento do vitiligo. “Esse remédio foi revolucionário, discutido em congressos e utilizado por diversos professores. Até então, o vitiligo não tinha cura, mas a partir desse ponto, começaram a surgir resultados”, relata.
Ele acredita que, se o projeto tivesse continuado, a cura já teria sido alcançada. “Como dermatologista, prescrevi muito o Viticromin e posso comprovar sua eficácia, com muitos casos de cura”, acrescenta.
Dr. Adriano também está empenhado em resgatar a patente para sintetizar o princípio ativo da mamacadela e criar um medicamento sintético, que não dependa da planta nativa. “Estou com esse projeto em mente, pois não existe um medicamento que cure o vitiligo, e o único que mostrou eficácia é a mamacadela”, garante.
O dermatologista Adriano Auad observa que os estudos realizados atualmente pelo professor Edemilson, titular da Faculdade de Farmácia da UFG, não são novidade. “Não há nada de novo, como estão alegando, visto que meu pai já comprovou a eficácia dessa planta, inclusive produzindo o remédio em larga escala”, afirma. Dr. Adriano enfatiza que a maior dificuldade para esse projeto é a obtenção da matéria-prima.
Ele reitera, no entanto, que o que está sendo feito na UFG é uma continuidade das descobertas feitas por seu pai há mais de 50 anos. Vale ressaltar que o trabalho do professor Edemilson está sendo realizado em parceria com a Faculdade de Agronomia, com o objetivo de desenvolver uma planta que chegue ao ponto de extração em um tempo menor do que a espécie nativa.
Dr. Adriano avalia que, para resolver o problema da possível extinção da mamacadela, é necessária a criação de fazendas dessa espécie, uma vez que elas precisam de, no mínimo, cinco anos até o ponto de extração das cascas de sua raiz. “É preciso o envolvimento das indústrias farmacêuticas e do governo”, acredita.
O médico dermatologista Roberto Doglia Azambuja, residente em Brasília, foi contemporâneo e amigo do professor Anuar Auad. Ele relata que conheceu o professor em 1966, enquanto ainda era residente em dermatologia no Rio de Janeiro.
Em 1975, Roberto começou a trabalhar no atual Hospital de Base de Brasília e notou a quantidade de pacientes com vitiligo atendidos no ambulatório. Em 1978, decidiu pesquisar e estudar essa dermatose para tentar ajudar os pacientes, pois, na época, não havia uma orientação segura sobre o tratamento.
Foi então que ele entrou em contato com a Auad Química, que produzia o Viticromin, extraído da mamacadela. “Inicialmente, realizei um estudo observacional muito simples, sem grupo controle e, portanto, sem maior valor científico, com um pequeno grupo de pacientes utilizando o Viticromin oral e tópico. Verifiquei uma resposta positiva, pois alguns pacientes apresentaram repigmentação nas manchas, o que indicou uma ação estimuladora dos melanócitos nas áreas afetadas pelo vitiligo”, observou.
Dr. Roberto Azambuja relata que, posteriormente, como não havia outros medicamentos disponíveis, começou a tratar todos os pacientes com Viticromin e a verificar as diferenças nos resultados. Alguns pacientes mostraram respostas animadoras, enquanto outros tiveram respostas fracas e alguns não exibiram nenhum grau de repigmentação.
O dermatologista explica que buscou muita literatura sobre o assunto e, com base nela e na observação dos pacientes, foi formando o conceito de que o vitiligo é uma resposta individual e única para cada paciente, resultante de diversas situações externas ou internas, e que a resposta aos tratamentos depende das características de cada um.
“Assim, compreendi que o resultado obtido com o tratamento de um paciente não necessariamente será observado em outro, pois cada um é único. Concluí que o fato de um tratamento funcionar bem em um paciente é consequência da ação do medicamento somada à capacidade de resposta do organismo àquele tratamento.”
Dessa forma, o médico avalia que, até o momento, não existe um tratamento ou medicamento que possa ser indicado como a cura do vitiligo. Ele informa que a condição sofre grande influência do estado emocional. Todos os que se dedicam ao seu tratamento observam que eventos emocionais significativos, como perdas, acidentes ou violência, podem desencadear o vitiligo e que, quando a pessoa já tem a doença, qualquer estresse pode agravar a situação.
Contudo, devido à falta de um medicamento com eficácia comprovada, ele ainda utiliza a mamacadela. “Como recurso, continuo a usar o Brosimum gaudichaudii (mamacadela) manipulado.”
A Importância da Mamacadela nas Comunidades de Goiás
A mamacadela possui diversas aplicações medicinais e alimentares. Em Goiás, especialmente nas regiões rurais, ela é utilizada como fonte de renda, embora de forma ainda limitada e muitas vezes informal. As cidades mais conhecidas onde a mamacadela é coletada e vendida incluem:
- Cavalcante: Localizada na região da Chapada dos Veadeiros, muitas comunidades quilombolas e rurais utilizam plantas do Cerrado, como a mamacadela, tanto para uso próprio quanto para venda.
- Alto Paraíso de Goiás: Próxima à Chapada dos Veadeiros, essa cidade também tem uma tradição no uso de plantas do Cerrado. Moradores e pequenos produtores vendem produtos naturais, incluindo aqueles feitos a partir da mamacadela, para turistas e em feiras de produtos orgânicos.
- Monte Alegre de Goiás: Conhecida pela biodiversidade do Cerrado, essa cidade abriga comunidades que utilizam a mamacadela para a extração e venda de raízes, principalmente em mercados locais.
- Campos Belos: Nesta cidade, a mamacadela é utilizada na produção de fitoterápicos e é vendida em mercados locais.
- Cidade de Goiás: Conhecida por sua diversidade de plantas medicinais, a mamacadela é uma parte importante dessa vasta biodiversidade.
Essas práticas ainda enfrentam desafios de regulamentação e sustentabilidade, mas iniciativas de turismo rural e comércio de produtos do Cerrado têm incentivado a valorização e comercialização de espécies como a mamacadela em Goiás.
Guilherme Kalunga, morador do município de Cavalcante, relata que a mamacadela é utilizada pelas comunidades locais para inúmeras finalidades, inclusive medicinais. “Ela sempre foi usada como remédio pelos nossos antepassados e pelas novas gerações, pois os ensinamentos são transferidos de pai para filho. Nós usamos a raiz e a casca para fazer medicamentos”, conta.
Guilherme menciona que a mamacadela é um “santo remédio” para a pele, inflamações, gastrite, rachaduras nos pés, problemas sanguíneos e muitas outras utilidades. Ele diz que a comunidade tem um livro que detalha todos os benefícios da mamacadela.
Além do uso medicinal, Guilherme ressalta que o fruto é comestível e que as pessoas fazem sorvete que é vendido na região. Ele relata que a comunidade trabalha com a preservação da espécie, pois tem consciência de que a mamacadela é importante também para a economia local.
Neuzi de Souza Jesus, de 66 anos, residente no município da Cidade de Goiás, próximo ao distrito de Buenolândia, menciona que existe um grupo de ao menos 13 mulheres que se dedica ao conhecimento popular sobre o potencial das plantas para produzir remédios para várias patologias.
Neuzí revela que, entre as plantas utilizadas pela comunidade, está a mamacadela. “Nós usamos a raiz da mamacadela para fazer depurativo do sangue na forma de garrafada, unguento para cicatrizar feridas da pele e como xarope”, diz. Ela garante que todo o manejo da árvore é feito de forma responsável para assegurar a continuidade da mamacadela, que considera importante para a população.
No entanto, Neuzí assegura que não comercializa os produtos, pois não possui o registro da Anvisa que permite a venda de medicamentos. Entretanto, ela pontua que a produção é usada pela própria comunidade. “Isto é algo que sempre foi feito, e os conhecimentos são passados de geração para geração. Nós não fazemos para obter uma renda financeira, mas acaba nos ajudando, pois deixamos de gastar com remédios da farmácia, gerando uma economia”, conclui.
Outras qualidades nutricionais
A mamacadela é conhecida por sua casca espessa e polpa adocicada, sendo amplamente utilizada em receitas de doces e sobremesas artesanais. Embora ainda seja pouco explorada em comparação com outros frutos, como o pequi e o baru, a mamacadela vem ganhando espaço na culinária regional, especialmente em estados como Goiás e Mato Grosso. Esse fruto possui propriedades nutricionais interessantes, com altos níveis de vitamina C, além de compostos antioxidantes que contribuem para uma alimentação saudável e reforçam a biodiversidade alimentar do cerrado.
Na produção de doces, a mamacadela é frequentemente cozida com açúcar até atingir o ponto de geleia, tornando-se um excelente recheio para bolos, tortas e bombons artesanais. Sua polpa também pode ser processada para fazer compotas, licores e sorvetes, resultando em um sabor único que equilibra o adocicado com um leve toque ácido. Em algumas regiões, o doce de mamacadela é uma tradição nas festas e celebrações locais, sendo valorizado como um produto de origem regional e sustentável, que preserva práticas culturais e estimula o uso de ingredientes nativos.
Além de sua contribuição na culinária, o uso da Mamacadela promove o desenvolvimento de pequenos produtores, que muitas vezes dependem da colheita do fruto para a geração de renda. A valorização desse alimento contribui para a conservação do cerrado, visto que a demanda incentiva a preservação das áreas naturais onde ele é encontrado. Dessa forma, o consumo da mamacadela, seja em forma de doces, geleias ou licores, não apenas enriquece a culinária brasileira, mas também fortalece as comunidades locais e contribui para o desenvolvimento sustentável.
Com um sabor marcante e adocicado, a fruta consumida in natura tem uma consistência semelhante à de um chiclete, permitindo que os apreciadores possam mascar a polpa. A colheita ocorre de setembro a dezembro.
A mamacadela é conhecida por vários nomes populares, entre os quais estão:
- Amoreira-do-mato
- Apê
- Apê-do-sertão
- Conduro
- Mamica-de-cachorra
- Maminha-de-cachorra
- Algodão-do-campo
- Mururerana
- Inharé (Tocantins e Ceará)
- Espinho de vintém
A mamacadela é um arbusto de pequeno porte, com ramos escuros e estriados, folhas rígidas e elípticas, além de frutos amarelo-alaranjados. Essa planta é típica do cerrado no centro-oeste brasileiro, mas também pode ser encontrada na Amazônia, na caatinga e na mata atlântica.
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