“OpenAI, o principal laboratório de pesquisa de Inteligência Artificial (IA) do mundo, lançou recentemente um modelo de linguagem altamente avançado chamado ChatGPT. O ChatGPT é uma IA de conversação de última geração projetada para fornecer respostas semelhantes às humanas sob demandas baseadas em texto.

“Esse modelo de IA é treinado em uma grande quantidade de diversos dados de texto, permitindo gerar respostas não apenas precisas, mas também naturais e envolventes. O ChatGPT foi projetado para lidar com uma ampla gama de tarefas, desde responder a perguntas de conhecimento geral até gerar escrita criativa e até linguagem de programação para softwares.

“O que diferencia o ChatGPT de outros modelos de IA é sua capacidade de entender o contexto e o significado de uma conversa. Ele usa sua vasta base de conhecimento para fornecer respostas relevantes e perspicazes, tornando-se uma ferramenta ideal para empresas que buscam melhorar o atendimento ao cliente ou para indivíduos que procuram informações rápidas e precisas.

“O impacto do ChatGPT já está sendo sentido em vários setores, desde atendimento ao cliente até educação e pesquisa. Sua capacidade única de entender e gerar texto semelhante ao humano tornou-o um divisor de águas no mundo da IA.

“Em conclusão, o ChatGPT da OpenAI representa um marco importante no campo da inteligência artificial e do processamento de linguagem natural. Seus recursos avançados e interface amigável o tornam uma ferramenta valiosa para uma ampla gama de aplicações. Com seu potencial de melhoria e expansão contínuas, o futuro é brilhante para o ChatGPT e seus usuários.”

O texto acima foi gerado pelo próprio ChatGPT quando solicitado: “escreva uma reportagem de jornal sobre si mesmo”. Apesar de alguns problemas de composição e de estrutura no gênero da “reportagem”, as informações estão corretas e, mais importante, foram arranjadas de forma criativa. Isto é, o texto é inédito. A capacidade de inovação e originalidade tem surpreendido o mundo e fizeram o ChatGPT ser o serviço de internet com o crescimento mais rápido da história – são quase 200 milhões de usuários ativos em menos de 4 meses de operação. 

“Inteligência Artificial pintada no estilo de Siron Franco” | Foto: Reprodução/Dall-e 2

Para compreender o fenômeno, o Jornal Opção ouviu Celso Gonçalves Camilo Júnior, doutor em Inteligência Artificial, professor e pesquisador na área de Inteligência Computacional na Universidade Federal de Goiás (UFG). O cientista afirma que o espanto se deve à quebra da ideia tradicional de que os robôs só conseguem cumprir tarefas mecânicas. A capacidade de originalidade é uma tarefa para a qual os softwares têm sido treinados há mais de dez anos.  

“O nome desse tipo de tecnologia é modelo geracional, ou seja, que é capaz de gerar”, diz Celso Camilo. Um exemplo célebre é o da tecnologia Deep Fake, capaz de inserir rostos em qualquer vídeo, sincronizando movimentos labiais e gerando expressões. A própria empresa OpenAI, responsável pelo ChatGPT, oferece serviços como o Dall-e 2 (utilizado para ilustrar esta matéria), que cria imagens conforme solicitação do usuário. A UFG desenvolveu uma inteligência artificial capaz de sintetizar a voz de qualquer personalidade, de forma que é possível “fazer uma pessoa falar” qualquer frase sob comando.

Estas são apenas algumas possibilidades abertas pelas inteligências artificiais. Apesar de muito diferentes, as técnicas seguem o mesmo conceito. A partir de um grande banco de dados, os softwares rotulam informações e as recombinam para gerar um produto original. A ideia é antiga, mas a capacidade de processamento só foi atingida recentemente, de forma que vemos agora o início da revolução.

“Por trás da ilusão de uma máquina onisciente, existem milhares de pessoas rotulando dados, classificando informações, treinando as inteligências artificiais”, diz Celso Camilo | Foto: Reprodução/Acervo Pessoal

Num futuro próximo

Em breve, veremos uma mudança no nicho dos serviços de busca na web, diz Celso Camilo. Hoje, os buscadores funcionam mostrando links e fontes que se assemelham ao que lhes foi solicitado. O que o ChatGPT e softwares vindouros como o Bing, da Microsoft, prometem fazer é transformar a relação com o usuário. O usuário passará a fazer perguntas, e o buscador vai compor respostas originais com base em milhares fontes. 

Essa mudança promete ser revolucionária por algumas razões. A mais importante delas é que o novo modelo se assemelha à interação social humana. Além de ser mais fluido e natural (qualidades que se convertem em maior retenção da atenção dos usuários), o modelo da “conversa com software” também abre brechas para o uso de propriedade intelectual de terceiros. Ao compor um texto original com base em milhares de informações disponíveis na internet, o ChatGPT fica isento da responsabilidade por informações equivocadas ou desatualizada, de pirataria e plágio. 

Quando solicitado que apontasse as fontes das informações exibidas, o ChatGPT escreveu: “Como um modelo de linguagem AI desenvolvido pela OpenAI, não tenho uma fonte específica de informação. Em vez disso, fui treinado em diversos textos da internet e de outras fontes, o que me permite gerar respostas a perguntas e responder a solicitações. No entanto, as informações que forneço nem sempre são verificáveis e nem sempre precisas, por isso é sempre uma boa ideia verificar novamente qualquer informação que você obtiver de mim ou de qualquer outra fonte.”

Celso Camilo oferece outro ponto de vista: “Temos de considerar que o ser humano também faz isso. Para compor sua criação original, as pessoas também reúnem diversas referências. Jornalistas leem outros informações publicadas por outros jornalistas antes de escrever suas próprias reportagens. É diferente de cópia. Podemos usar uma inteligência artificial para criar um quadro novo no estilo de Van Gogh. Isso é plágio? Outros pintores também estudam Van Gogh e podem pintar como ele pintava – por que isso só é um problema quando se trata de um robô? É um momento da história em que as crenças sobre as capacidades únicas do ser humano estão sendo profundamente modificadas.”

“Goiânia pintada no estilo de Vincent Van Gogh” | Foto: Reprodução/Dall-e 2

Otimismo

Celso Camilo diz que o potencial da ferramenta de composição de textos é vasto. Com a possibilidade de utilizar a IA para automatizar tarefas criativas mas repetitivas, a produtividade deve aumentar, e se espera que a ferramenta tenha impacto econômico no setor de serviços. “Conseguiremos transformar pessoas com pouca experiência em pessoas mais produtivas, acelerando sua produção. Em diversas cadeias produtivas, trabalhadores precisam redigir textos padronizados. O ChatGPT permite que o humano trabalhe mais rápido, como um revisor do que é produzido pela IA.”

Celso Camilo afirma ainda que a indústria de softwares será fortemente impactada pela ferramenta. “Os maiores custos dessa indústria são com mão de obra. Automatizar correção de defeitos (bugs) e funções burocráticas são algumas das vantagens. Apesar de ser em parte uma atividade criativa, o trabalho do programador inclui tarefas muito repetitivas que tendem a ser automatizadas completamente.” 

Do ponto de vista da OpenIA, há vasta margem para faturar com o produto. Desde a possibilidade de promover anúncios dentro dos textos, até a cobrança direta por serviços “completos”. A empresa já anunciou um plano “Plus”, por 20 dólares ao mês, que promete respostas mais rápidas e acesso antecipado a novas implementações no serviço.