Campanhas tendem a se tornar mais agressivas
22 outubro 2016 às 11h26

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Raras vezes pode ser uma boa estratégia eleitoral “apanhar” e não responder. Mas ficar somente na defesa é ruim para qualquer campanha

Afonso Lopes
Há um mito eleitoral no Brasil que garante que candidatos à frente de campanhas que “ba-tem” nos adversários acabam perdendo eleitores. Não é bem assim que acontece.
Disputas políticas são exatamente isso, disputas — antagonismo, portanto. A questão é quando agredir politicamente e como fazer isso. Quem erra a dose perde feio. Quem se dispõe somente na defesa perde também.
No Brasil, a agressividade política nas campanhas, quando bem feita, não tira votos de quem a pratica, mas pode acertar a asa de candidatos em crescimento que recebem a dose negativa. Mas será essa uma característica eleitoral brasileira? Longe disso. Basta observar a campanha nos Estados Unidos para se ter uma boa ideia de até onde vai a pancadaria eleitoral por lá. Aliás, numa dosagem que para nós, brasileiros, talvez seja insuportável.
Há coisa de mês e pouco, Donald Trump estava com uma boa folga sobre sua adversária, Hillary Clinton. O quadro geral por lá se alterou completamente ao ponto de uma eventual vitória do republicano ser considerada bastante improvável. Trump simplesmente despencou, e ainda viu seus índices de rejeição dispararem. Méritos de Hillary? Não, mas da campanha dela, e também graças aos erros do destrambelhado Trump.
Os americanos estão acostumados com campanhas extremamente agressivas no campo pessoal. Trump foi muito mais agressivo politicamente do que Hillary, mas ela deu show na pancadaria em questões pessoais. Por aqui, provavelmente a candidata democrata estaria sob olhar severo do eleitorado.
A agressividade política, ao contrário das questões pessoais, pode e deve ser usada. É exatamente assim que se mostra ao eleitor as diferenças entre os candidatos.
Do ponto de vista das propostas/promessas, todos eles são ótimos e perfeitos candidatos. As diferenças só aparecem no campo político. Mas por que é importante, vital, ter uma certa dose de agressividade política na campanha? Ora, se as propostas/promessas são todas, independentemente dos candidatos, muito boas, e parecidas, cabe ao candidato mostrar as falhas de conteúdo político do adversário. Até porque nenhum candidato, a não ser um doido varrido, iria mostrar as suas deficiências políticas, que acabam por comprometer a possibilidade de cumprimento das promessas depois.
Ataque intenso
A campanha de Iris Rezende atacou politicamente com intensidade a posição de Vanderlan Cardoso, seja questionando a sua administração como prefeito de Senador Canedo, seja na sua aliança/coligação. Não houve agressões pessoais a Vanderlan. O que o marketing de Iris fez foi atacar exatamente os dois principais e mais fortes argumentos de campanha de Vanderlan, o bom governo que fez naquela cidade e sua capacidade de somar a maior quantidade de fortes aliados.
No final da semana, Vanderlan Cardoso disse que a partir de agora vai começar a criticar Iris Rezende. Se isso ocorrer no campo da disputa política, é evidente que poderá atingir o objetivo. Se resvalar para questões pessoais, a campanha de Vanderlan afunda, enquanto Iris vai se vitimizar diante do eleitorado. É exatamente essa a diferença de comportamento entre o eleitor brasileiro e seu colega americano.
Há um vasto campo para questionamentos tanto de Vanderlan contra Iris como de Iris contra Vanderlan. E é nesse conflito político que a eleição se da. As campanhas não são decididas racionalmente, mas emocionalmente. Ganham os candidatos que se espraiam pela emoção, contagiando assim a maioria do eleitorado.
E, agora, resta apenas uma semana para definir o destino político-administrativo de Goiânia pelos próximos anos. Quem vai se emocionar mais?