Polo Antares deve colocar Goiás na rota da mobilidade aérea

18 outubro 2025 às 21h00

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Em Aparecida de Goiânia, um empreendimento de proporções inéditas começa a tomar forma e promete transformar o mapa da aviação executiva brasileira. Com previsão de início das operações em 2027, o Polo Aeronáutico Antares está sendo erguido em uma área estratégica às margens da BR-153 e já tem 80% do fechamento do perímetro e da terraplanagem estão concluídos. A obra é conduzida pela iniciativa privada, com o objetivo de criar um polo de aviação de negócios, manutenção aeronáutica e logística de alta performance, inédito no Centro-Oeste.
De acordo com o engenheiro responsável pelas obras, Breno Rojas, o Antares foi projetado para atender operações da aviação geral e executiva, voos regionais e transporte de cargas fracionadas. “A pista terá 2 mil metros de extensão, com capacidade para receber desde jatos leves até aeronaves de grande porte, como o Boeing 737-800”, explica. A infraestrutura contempla sistema completo de taxiways, balizamento noturno e 72 áreas, nesta primeira etapa, destinadas à construção de hangares, que poderão ser personalizados conforme a necessidade de cada operador.
O projeto visa tornar Aparecida de Goiânia referência em mobilidade aérea, eficiência operacional e tecnologia aeroportuária sustentável. O terminal VIP de passageiros, com 720 m², foi desenhado para refletir o alto padrão da aviação de negócios, aliando conforto e eficiência. “A arquitetura moderna e os ambientes funcionais vão oferecer uma experiência premium, com foco na praticidade e na qualidade do atendimento”, afirma Rojas.
A terraplenagem e a drenagem pluvial , uma das etapas mais sensíveis da obra, avançam em ritmo acelerado. O engenheiro afirma que o cronograma segue dentro do previsto, com a conclusão desta etapa das obras de infraestrutura até maio de 2026 e início das operações no primeiro semestre de 2027.

Desafios
Projetos aeroportuários costumam enfrentar desafios técnicos complexos, e o Antares não foi exceção. Rojas explica que o empreendimento passou por “anos de estudos, planejamento e adequações técnicas”, com análises e aprovações em múltiplas esferas. “Apesar das dificuldades inerentes a um projeto dessa magnitude, o resultado reflete a excelência de um trabalho técnico rigoroso e multidisciplinar”, relata.
Um dos diferenciais é o compromisso ambiental. O aeroporto estuda a instalação de sistemas fotovoltaicos para alimentar o balizamento noturno da pista, reduzindo o consumo de energia e os custos operacionais. Segundo o engenheiro, a equipe técnica aguarda a homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para implantar o sistema, que pode se tornar pioneiro entre aeroportos regionais do país.
O acesso viário é outro ponto estratégico do projeto. O aeroporto será conectado diretamente à Avenida Bela Vista e à BR-153, com vias internas pavimentadas, sinalização completa e rotas otimizadas para veículos de apoio e transporte de passageiros. “Nosso objetivo é integrar o aeroporto à malha urbana existente, garantindo fluidez e segurança no tráfego”, explica o engenheiro.

Além disso, está prevista a construção da alça da BR-153, que proporcionará uma ligação direta ao sítio aeroportuário, facilitando a chegada de executivos e operadores vindos de Goiânia e das cidades do entorno.
Regulação e início das operações
Com a estrutura física praticamente concluída, a próxima fase será a regulatória. O superintendente responsável pelas operações, João Marcos Coelho Soares, explica que a equipe se prepara para solicitar à Anac a licença de operação. “Hoje temos autorização para construção. A permissão para operação vem depois da conclusão das obras e da certificação de conformidade”, explica.
Segundo ele, o processo envolverá três etapas principais: o trâmite regulatório, a capacitação de profissionais, e uma fase de simulações e testes operacionais. “Estamos estruturando programas de treinamento para formar equipes qualificadas, com foco em segurança e eficiência. Serão realizados exercícios práticos antes da abertura oficial do aeroporto”, afirma.
O sistema de segurança contará com controle de acesso inteligente, monitoramento por câmeras e sensores, brigada de incêndio própria e planos de emergência médica e contra incêndios (PLEM e PCIN). “O objetivo é garantir eficiência e conformidade com os padrões internacionais de segurança aeroportuária”, explica o superintendente.
O Antares não pretende competir com o Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas atuar de forma complementar. Soares explica que a estrutura será dedicada exclusivamente à aviação executiva e geral, aliviando a demanda por pousos e decolagens no terminal comercial. “O Antares oferecerá agilidade, conforto e segurança, se consolidando como o principal aeroporto executivo do País”, afirma.
Ele lembra que o Brasil possui a segunda maior frota de aviação geral do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, resultado da combinação entre a dimensão continental do território, o empreendedorismo do agronegócio e o histórico pioneirismo nacional na aviação. “Esse projeto nasce para atender a essa vocação e para impulsionar o crescimento do setor”, diz.
O aeroporto também prevê áreas destinadas a serviços de manutenção, FBO (Fixed-Base Operator), táxis aéreos, UTI aérea, logística e até fábricas de aviões e peças. “O modelo é modular e escalável. O Antares foi concebido para crescer conforme a demanda do mercado”, completa.
Investimentos e posicionamento
Para a gerente de marketing do aeroporto, Grazielle Barros Nascimento, o Antares nasce com um posicionamento estratégico voltado à aviação de negócios, mas também com espaço para turismo corporativo e logística. “O empreendimento reúne tudo o que o setor busca: infraestrutura moderna, segurança jurídica e localização privilegiada”, afirma.
Segundo Grazielle, o projeto está sendo apresentado a investidores, empresas de manutenção, taxi aéreos, UTIs aéreas e demais do setor aéreo por meio de visitas técnicas, materiais institucionais e presença em feiras e eventos do setor. “O mercado reconhece o potencial do empreendimento. Há muito interesse de operadores que buscam diferenciação e retorno consistente”, explica.
Ela explica que a comunicação institucional do Antares se apoia em três pilares: tecnologia, exclusividade e sustentabilidade. “Nossa linguagem visual e nossas ações refletem sofisticação e inovação. Queremos transmitir a ideia de que o Antares é mais do que um aeroporto, é um ecossistema de negócios”, pontua.
Impacto econômico e geração de empregos
Mesmo antes de sua inauguração, o Antares já movimenta a economia de Aparecida de Goiânia. A fase de obras tem gerado empregos diretos e indiretos, além de impulsionar melhorias na infraestrutura local. Com o início das operações, a estimativa é de centenas de novos postos de trabalho e atração de investimentos em manutenção aeronáutica, turismo corporativo e serviços logísticos.
“O aeroporto deve consolidar Aparecida como um novo polo de desenvolvimento econômico e empresarial da Região Metropolitana de Goiânia”, projeta Grazielle. O plano diretor também prevê a criação de áreas externas para hotéis, locadoras, restaurantes e centros de convenções, transformando o entorno em um distrito de negócios de alto padrão.
O plano de expansão inclui ainda a realização de feiras e eventos aeronáuticos, que deverão reunir operadores, investidores e fabricantes. “Queremos que o Antares seja o ponto de encontro da aviação executiva no Centro-Oeste. Isso cria oportunidades de networking e reforça o papel do aeroporto como vitrine de inovação”, completa.

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