Responsável pela pastoral do Centro-Oeste da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Antioquina, padre Rafael Magul disse ao Jornal Opção não reconhecer vínculos do candidato a presidente Kelmon Luis da Silva Souza, que se apresenta como padre da Igreja Ortodoxa, com as principais igrejas consideradas canônicas pelas tradições gregas e russas. O religioso, que é argentino e estudou para o sacerdócio no Líbano, já está há 14 anos à frente da instituição religiosa em Goiânia.

Embora declare ter as mesmas opiniões de Kelmon, como ser contra o aborto e a ideologia de gênero, Magul lamenta que o candidato utilize da religião para fazer política. “É preciso perguntar para ele, a qual arcebispo ele está ligado. Um padre sem arcebispo, não é padre”, esclareceu.

A igreja de padre Rafael, a paróquia São Nicolau, é ligada à Arquidiocese Ortodoxa Antioquina, sediada em São Paulo. Além de Goiás, a instituição está presente no Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Segundo o sacerdote, a igreja não se posiciona sobre política e os padres não podem ser candidatos. “Aqui tem quem vai votar no Bolsonaro, no Lula e na Simone Tebet”, nomeia.

A Igreja Apostólica Ortodoxa e a Igreja Apostólica Católica Romana até o século XI eram uma única instituição, quando houve o rompimento entre as duas denominações. A primeira ficou mais concentrada no Oriente, seguindo as tradições religiosas gregas e se espalhando pela Rússia. A segunda passou atuar na Europa e se expandiu para a América. Diferente do catolicismo, a Ortodoxia se divide em inúmeras igrejas chamadas de canônicas. As principais delas são: Antioquina e Seriana.  

Entrevista

Padre Rafael Magul, em 2018, concedeu uma entrevista ao Jornal Opção. Na ocasião, ele disse que a paróquia é composta por fiéis de origem ortodoxa antioquina, síria, libanesa e palestina, gregos, ucranianos, russos e alguns da Sérvia e outros países. O religioso esclareceu que a Igreja Ortodoxa é bastante presente nos países eslavos.

Originalmente, a Igreja Ortodoxa chegou ao Brasil para atender pessoas que vieram de países cuja religião ortodoxa é tradicional. No entanto, segundo Magul, há diversos brasileiros que se converteram à denominação.